quarta-feira, 10 de julho de 2024

Causas da violência


Vive-se período fora do comum em termos de criminalidade, violência, isso em todo o mundo, com ênfase nos países menos adiantados, dentre eles o Brasil e toda a América Latina. Antes, o motivo alegado se voltava para as chamadas revoluções libertárias, nas épocas da Guerra Fria.

Hoje, no entanto, qualquer motivo preenche as justificativas das convulsões sociais. Desde a delinquência juvenil até o tráfico de drogas, passando pelos chamados bolsões de pobreza e guerras tribais, lutas raciais, lugares onde o padrão da cultura humana apresenta quadros descompassados de perversidade e miséria.

Houve tempo quando seria mais fácil de encontrar as razões de tanta insegurança. O atraso das mentalidades, as conquistas coloniais, disputas imperialistas, domínio feudal das terras, fanatismo religioso. Tudo servia de pretexto, no decantado anseio de o homem ser lobo do próprio homem. Ou de se querer a paz e se preparar para a guerra, dos romanos.

Agora, quer-se explicar e as palavras não preenchem quase nada do enorme vazio das justificativas que aparentam.

Acham as autoridades que o problema se revolveria mediante a ampliação dos órgãos de segurança, aquisição de armamentos melhor qualificados, modernização e ampliação das penitenciárias, maior remuneração dos efetivos policiais, etc., etc.

No entanto, a questão possui raízes mais profundas. Suas causas reais merecem outros detalhamentos, porquanto procedem doutras origens as quais acumulam estudos e pouquíssimo, ou nenhum, tratamento.

Conceitos do tipo de que falta educação ao nosso povo, que a tradição nacional advém dos degredados, escravos e índios, povos sem amadurecimento suficiente a formar um país, por si só não explicam nem justificam a famigerada violência das ruas, clima tenso em que se transformou o decantado sonho brasileiro.

De suas causas mais evidentes cabe citar o desemprego que cresce, sem esperança de colocação para a juventude que, todo dia, chega ao mercado de trabalho; a excessiva concentração da riqueza nas mãos dos mesmos poucos de há muitos séculos donos dos bens; e a pobreza infinita da nossa educação.

Enquanto sofrer a nacionalidade esse atraso crônico de ética, moralidade e competência, responsáveis pela administração de nossas instituições públicas, em todos os segmentos, jamais se verá mudanças substanciais no âmbito das causas da violência.

Como se não bastassem ditas origens, persiste, na macro-estrutura mundial, um conceito voltado aos interesses das nações ricas que investem pesado na preservação do poder, através dos sistemas mundiais de exploração financeira. Gastam-se fortunas em armas, exércitos, pesquisas. Elaboram-se técnicas refinadas de manutenção da ordem injusta milenar. Financiam-se sucessivos governos serviçais, nos países atrasados.

Portanto, para neutralizar o tal clima superlativo desse drama, outras atitudes cabem aos que precisam urgente se livrar das nuvens escuras dessa história, quais sejam: criatividade individual; maior comprometimento da participação coletiva nos grupos sociais prejudicados; união das classes exploradas; e conscientização política.

(Ilustração: Auto-retrato, de Ieronymus Bosch).

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