Vive-se período fora do comum em termos de criminalidade, violência, isso em todo o mundo, com ênfase nos países menos adiantados, dentre eles o Brasil e toda a América Latina. Antes, o motivo alegado se voltava para as chamadas revoluções libertárias, nas épocas da Guerra Fria.
Hoje, no entanto, qualquer motivo
preenche as justificativas das convulsões sociais. Desde a delinquência juvenil
até o tráfico de drogas, passando pelos chamados bolsões de pobreza e guerras
tribais, lutas raciais, lugares onde o padrão da cultura humana apresenta
quadros descompassados de perversidade e miséria.
Houve tempo quando seria mais
fácil de encontrar as razões de tanta insegurança. O atraso das mentalidades,
as conquistas coloniais, disputas imperialistas, domínio feudal das terras,
fanatismo religioso. Tudo servia de pretexto, no decantado anseio de o homem
ser lobo do próprio homem. Ou de se querer a paz e se preparar para a guerra,
dos romanos.
Agora, quer-se explicar e as
palavras não preenchem quase nada do enorme vazio das justificativas que
aparentam.
Acham as autoridades que o
problema se revolveria mediante a ampliação dos órgãos de segurança, aquisição
de armamentos melhor qualificados, modernização e ampliação das penitenciárias,
maior remuneração dos efetivos policiais, etc., etc.
No entanto, a questão possui
raízes mais profundas. Suas causas reais merecem outros detalhamentos,
porquanto procedem doutras origens as quais acumulam estudos e pouquíssimo, ou
nenhum, tratamento.
Conceitos do tipo de que falta
educação ao nosso povo, que a tradição nacional advém dos degredados, escravos
e índios, povos sem amadurecimento suficiente a formar um país, por si só não
explicam nem justificam a famigerada violência das ruas, clima tenso em que se
transformou o decantado sonho brasileiro.
De suas causas mais evidentes
cabe citar o desemprego que cresce, sem esperança de colocação para a juventude
que, todo dia, chega ao mercado de trabalho; a excessiva concentração da
riqueza nas mãos dos mesmos poucos de há muitos séculos donos dos bens; e a
pobreza infinita da nossa educação.
Enquanto sofrer a nacionalidade
esse atraso crônico de ética, moralidade e competência, responsáveis pela
administração de nossas instituições públicas, em todos os segmentos, jamais se
verá mudanças substanciais no âmbito das causas da violência.
Como se não bastassem ditas
origens, persiste, na macro-estrutura mundial, um conceito voltado aos
interesses das nações ricas que investem pesado na preservação do poder, através
dos sistemas mundiais de exploração financeira. Gastam-se fortunas em armas,
exércitos, pesquisas. Elaboram-se técnicas refinadas de manutenção da ordem
injusta milenar. Financiam-se sucessivos governos serviçais, nos países
atrasados.
Portanto, para neutralizar o tal
clima superlativo desse drama, outras atitudes cabem aos que precisam urgente
se livrar das nuvens escuras dessa história, quais sejam: criatividade
individual; maior comprometimento da participação coletiva nos grupos sociais
prejudicados; união das classes exploradas; e conscientização política.
(Ilustração: Auto-retrato, de Ieronymus Bosch).
Nenhum comentário:
Postar um comentário