domingo, 21 de julho de 2024

A força de continuar


Hoje, passadas que foram tantas fisionomias, vemo-nos a braços com outro tempo histórico, agora regido pelos meios eletrônicos imediatos de comunicação. Atrás de tudo quanto vem a público existem os interesses em jogo, desde valores íntimos, ligados à autoafirmação de seus autores, a pretensões de poder. São leilões a olhos vistos. Ânsias de sobrevivência. Transformações pessoais de curto prazo. Disposições frias de domínio dos grupos sociais. Etc.

Quase espetáculo dos desaparecimentos sucessivos, a multidão entontecida apenas aguarda os finais de noite a fim de sumir de si própria, num efeito de manada qual jamais.

Fossemos considerar a velocidade dos ventos e dar-nos-íamos à margem do passado inexistente a muitos. Houve tempos outros, quando espécie de movimento regia mudanças favoráveis na História. Gerações do pós-Grande Guerra imaginavam atravessar os limites das fragilidades, que os humanos, enfim, criariam juízo, abandonando o desvario. Os exércitos regressavam trôpegos, porém cientes de haver ultrapassado os extremos da fragilidade, chegando a bom lugar.

Agora, no entanto, resta a grande transformação do ser consigo mesmo. Face aos desencantos materiais, vivemos o momento da consciência, hora de nascer da novo de dentro de si, que o que viria lá de fora não existe mais. Sementes doutra revelação bem maturada nas hostes dos desencantos, sustenta-se o prumo de considerar o mistério da alma e abraçar outros destinos. Isto perante a experiência do que ficou e ora guardamos a lição.

De nada importa o senso exclusivo das vaidades. Significamos a raiz da transformação do que trazemos conosco, um a um, no coração. Resumo definitivo dos desenganos, cuidamos da evolução de olhos claros, ao sabor das contingências acumuladas. Por fim, vem à tona a realidade e o sentido pleno da Civilização. As ficções pessoais porão um término ao mero desespero, senhores que somos da verdade de que somos portadores. Tempo de síntese e revelação este dagora.

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