quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

A fuga interrompida

Conta a lenda que um perverso salteador, depois haver praticado as ações menos aconselháveis em período infeliz vivido aqui na Terra, viu-se segregado às calandras do Purgatório a fim de receber o soldo das coisas ruins que deixara para trás.

Os danos da estrada do vício lhe retornavam agressivos, por força das leis eternas, achando-o envolto nas sombras da desesperança, cheias de noites e dias tristes. Era o remorso, as mágoas, ausência de cores, emoção não resolvidas, nenhum trabalho ou realização de qualquer sorte.

Ao lado, cercava-se de fantasmas pegajosos, companhia de misérias morais em forma de gente. Quisera frutos melhores, porém plantara sementes adversas, em tudo, por tudo.

Sofria de causar dó, ritmo de relógios abandonados numa outra dimensão de pura monotonia. Nada adiantava esconder, pois essas possibilidades reclamariam rumos de procurar aonde se dirigir. Não havia, destarte, alternativas de outras chances, outros rumos quais fossem.

Bom, creio deixar clara a estagnação daquele espírito no universo, jogado às larvas do desamor que produzira na sua vida pregressa.

Nesse quadro, certo dia, lembrou-se de uma criança a quem mitigara a fome, nas margens de caminho deserto, quando quase indiferente lhe atirara resto seco de alimento. E na hora concentrou-se em sua imagem e pediu, com todas as ganas que ainda lhe restavam, um socorro dos céus de misericórdia. E foi valido.

Demorou pouco daí, viu descer, no meio da fumaça escaldante, corda grossa a balançar em sua frente, na qual se pendurou ansioso e começou a subir no rumo dos altos desconhecidos.

Qual vindo de sonho distante, o cabo a que se agarrava nutria intenções de liberdade e veio, aos poucos, alçando-se noutros espaços de brisas suáveis e claridade penetrante.

Chegava a perceber paisagens venturosas, estendidas no horizonte que suavizaram as covas fundas dos seus olhos.

Avançara metros, quilômetros, talvez, quando resolveu olhar para baixo e calcular a distância percorrida. Abaixo dele, aflitos, excitados com a chance de felicidade, novos postulantes também subiam. Vários, vários dos habitantes das sombras acreditavam, como ele, na saída próxima.

Ao ver-se acompanhado, o antigo marginal retornou aos sentimentos anteriores de egoísmo e exclusividade. Pensou muito mais em si. Calculou o peso daquela gente toda na corda retesada.

- Fora! Fora! Intrusos, me deixam sozinho - gritava empurrando com os pés quem se aproximasse. - A salvação compete a mim que descobri essa possibilidade. Fui eu que consegui de Deus o auxílio - esbravejava revoltado.

Indiferentes aos protestos, apegavam-se à corda os degredados em fuga. O salteador, aos pulos, empregava todo esforço para se livrar dos seguidores, quando descomunal estalo rompeu de vez a grossa corda, mergulhando a multidão no fosso da profunda escuridão.

Após o rápido instante de frustração, bruma friorenta envolveu no silêncio o resto de enigma, mistérios íntimos  daquelas almas à espera de luz.

Assim é que tem que ser


Uma flor cai, embora nós a amemos; e uma erva daninha cresce, embora não a amemos... 
Desta forma nossa vida deve ser entendida. Então não há problemas. Suzuki Rosh

Desde sempre que se busca demonstrar que há outro universo que não este universo visível. Por mais seja dito, persiste a dúvida quanto à vida após a morte, que quem foi nunca voltou para dizer, no entanto sobejam os médiuns que dão as notícias do além, escrevem livros, cartas, manifestam suas falas, seus segredos, etc.

Existem fenômenos que ocorrem sempre, inclusive impulsionam a civilização, porém não são tão visíveis, a energia elétrica, por exemplo. Que há um mundo paralelo a este insistem os cientistas a demonstrar. Seguem as dúvidas, no entanto.

O mundo onde vivemos, a máquina psíquica que somos, funciona sem parar e moramos dentro dela, em constante movimento de energia e formas. A música que toca nossos ouvidos, também invisível, domina o éter e quedamo-nos extasiados. O sabor, invisível. O olfato, invisível. O tato, invisível. De visível mesmo só a visão, entre os cinco sentidos. E de todo, impossível duvidar das abstrações dos acontecimentos em volta.

Que existe um poder depois de tudo, que equilibra o Cosmos, a quem resta duvidar?! À audácia dos que mantém a certeza da dúvida em todos os quadrantes, permissão do pensamento e das palavras. Espécie de dúvida sistemática, qual dizem, por adoção tocar adiante o barco dessa vida humana que envolve questionar de ofício. Um direito, quiçá um dever.

Contudo, que poder temos, pois? De duvidar é insuficiente a contrariar o argumento maior da continuidade do mistério em ação, todo tempo. Habitamos a máquina mais perfeita que existe e dela desconhecemos as mínimas equações.  Ainda que seja deste modo, nada resta senão baixar a cabeça e concordar que, na verdade, muito pouco sabemos da real inteireza das existências de que somos parte e função.  

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

As fronteiras da Razão


Entre esta uma vez e todas as outras, nesse tabuleiro estreito da terra de ninguém, lá onde impera só o êxodo das civilizações de papel, ali moram os bruxos. Eles, seres estranhos, irreais, que carregam sacos de quinquilharias, sobras de refeições dos pássaros noturnos, asas de morcegos, cascas de árvores carcomidas, extintas, chás das ervas fantasmagônicas, perfumes exóticos, garras de animais retorcidas em noites de lua nova; tudo, por fim, que diga respeito aos mistérios das sombras adormecidas. Arrastam consigo crenças disso, num absoluto que de há muito deixou de existir nos seus mesmos corações empedernidos pela sorte agoureira, vã. Assim eles tangem seu rebanho das ilusões de viver na força dos poderes inexistentes, porém que vivem numa intensidade inimaginável dentro das cavernas escuras, e aferretam o corpo sadio das verdades deixadas cá neste mundo pelos místicos que sofreram a síndrome da perfeição e sobrevivem pelos céus.

Vemos isso a cada segundo que se extingue nas dobras dos fins das tardes bonitas do Sertão. Esses encapuzados seres que transitam ao som dos derradeiros cantos das aves do Paraíso e soltam lamentos de quem sumirá pela escuridão feitos rebotalhos de exércitos derrotados nas guerras de perpetuação das espécies abstratas. Vê quem quer e alimenta esse desejo transcendente de resistir às maldições dos que desaparecem tão logo a luz refaça na claridade das manhãs.

Vivem cheios disso, das flores do esquecimento, das relíquias dos santos que contiveram a ação devastadora do tempo. São eles os dias em sua fome voraz de triturar os anseios, que contam as lendas maravilhosas de todo instante; guardam de tudo um pouco, na trilha das almas em movimento, sem, igualmente, querer presenciar o que as memórias insistem dizer pelas estradas dos sóis.

As melhores lembranças viram, pois, trastes empoeirados nas prateleiras das casas abandonadas, tomadas por entes vazios, deixados apagados nas lareiras do transitório, que de lá nunca voltaram. Recordações, saudades, apegos que foram embora e perderam aqui suas tais quimeras de contos esquecidos em reinos bem distantes e eternos.   

Registros históricos


Hoje à tarde, em conversa com Gabriel, meu neto, vim a conhecer esta história da Segunda Grande Guerra, página dolorosa da Humanidade, episódio que fui pesquisar e aprofundar, que trata do seguinte acontecimento:

Sabe-se na história que o efetivo brasileiro entrou na luta junto das tropas aliadas no dia 02 de julho de 1944, incorporadas ao 5º. Exército dos Estados Unidos, data em que embarcaram 25 mil dos nossos soltados com destino à frente da Itália. No fragor da batalha, a FEB – Força Expedicionária Brasileira, cumpriria das mais cruentas missões, dentre essas a tomada de Montese, Fornovo e Monte Castelo.

Diante da tomada de Montese foi que ocorreu a história que quero aqui contar, isto quando três soldados brasileiros, em patrulha no campo daquela região, deram de cara com nada menos uma companhia inteira do Exército alemão, algo em torno de 100 homens, e não aceitaram a rendição, partindo para o confronto direto, sem outra alternativa que fosse existir, encararam com denodo a contingencia. Era o dia 14 de abril de 1945. Assim, eles resolveram defrontar o inimigo, pelejando até o derradeiro cartucho de munição, sendo em consequência eliminados pelos soltados alemães.

A coragem dos brasileiros, no entanto, impressionou sobremaneira até o comandante germânico, que ao enterrá-los apôs sobre a cova uma placa com os dizeres Drei Brasilianische Helden, Três Heróis Brasileiros.

Eram seus nomes: Geraldo Baêta da Cruz, de 28 anos, vindo de Entre Rios de Minas, Geraldo Rodrigues de Souza, 26 anos, natural de Rio Preto na Zona da Mata, e Arlindo Lúcio da Silva, de 25 anos, proveniente de São João del Rey.

Eis uma das tantas páginas que honram a nossa Pátria e demonstram o brio de nossa gente altiva e trabalhadora, de que jamais devemos nos esquecer.

domingo, 26 de dezembro de 2021

A lenda do quarto Rei Mago


Essa história circula na humanidade desde os primeiros tempos do Cristianismo e mais recentemente veio trazida à literatura pelo escritor holandês Henry van Dyke. Aborda a existência de um rei oriental que também soube que Jesus nasceria em Belém e seguira a Estrela no rumo da Judeia. Levava consigo rico tesouro em pedras preciosas.

Ao decorrer da caminhada, porém, dado encontrar pessoas carentes pelos caminhos, cuidou de atendê-las com fraternidade (E este Rei Mago os assistiu com alegria e diligência, deixando a cada uma delas uma peça de valor), gastou com isso parte do rico tesouro e os dias necessários a que chegasse no momento certo de encontrar o Filho do Homem e os outros reis junto da Manjedoura. Jesus e seus pais já haviam fugido para o Egito face à perseguição do Rei Herodes.

O sábio, no entanto, seguiu a procurá-lo. Sempre tinha notícias da presença do Divino Mestre onde quer que passasse.

Nisso transcorreram algumas décadas. Lá um dia, em Jerusalém, presenciou Jesus sendo julgado e condenado, e avistou ser Ele pregado na cruz aos apupos da multidão enfurecida. Macerado pelas dores que presenciava, então se rendeu ao desânimo e se reconheceu à inutilidade de sua longa jornada.

Ainda permaneceria em Jerusalém, exausto e alquebrado, já sentindo próximo o seu final. Lá certa noite, no alojamento em que dormia, notou intensa uma claridade semelhante à luz de mil sóis, quando viu chegar a figura magnânima do Cristo. Ajoelhado aos seus pés, ainda tinha guardado consigo uma das joias que tão carinhosamente trazia, a oferecer ao Mestre.

Em pranto de dor, carinhosamente pediu perdão de não haver vindo a tempo de avistar o Menino Deus nas flores perfumadas da manjedoura.

Foi então que Jesus lhe dissera:

- Você não falhou, meu filho. Pelo contrário, me encontrou por toda sua vida. Quando eu estava nu, você me vestiu. Eu estava com fome e me deu o alimento. Eu estava com sede e me deu com que mitigar a sede. Fui preso e me visitou. Bem, eu estava em todas as pessoas pobres que você assistiu no seu caminho. E muito agradecido por tantos presentes de Amor que meu oferecia naquelas ocasiões! Agora, você estará comigo para todo o sempre, porque dos Céus vem o meu reconhecimento e sua recompensa.

sábado, 25 de dezembro de 2021

Quantas perguntas e o mundo


Se a ciência quer ser verdadeira, / Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência? 
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Tempos de rigidez ao sol do meio dia, eis o tanto que nos caberia tocar adiante e viver cada vez mais com gana a intensidade dos valores eternos, ao sabor das profecias e dos deuses. Época esquisita quais esquisitas foram todas as épocas e todas as vezes em que a história das imprevisões foi narrada em volta das fogueiras, nas horas das mil desatenções dos homens e das máquinas, e de todas suas tradições arrevesadas.

Na verdade, a existência de tudo nada representaria além da formação das nuvens pelos céus da consciência humana em um mero jogo de claro escuro entre partes alucinadas, em noites de ambição. Bandos de hienas soltas nas matas do desespero de que nada há de conhecer além do fim que lhes aguarda nessa comédia bufa e seus desejos e ambições.

...

Sempre que as palavras querem, assim, tomar e despejar o fel dos instintos e desesperos, acalmo, pois, os pensamentos e peço que compreendam a fome de viver de todos, também dos insetos, das lesmas e dos gigantes. A vontade que o sentimento impõe, nesse querer insano da falta de amor, de sonhos bons, trazer a intenção de saber o quanto é necessário acreditar na melhor sorte dos dias que vêm ao sabor das manhãs ensolaradas, donde nascem os mistérios de sorrir e ouvir do silêncio as confidências de que tudo anda no melhor dos mundos, e somos seus passageiros em movimento pelas fantasias que criam pássaros e flores sempre.

Das certezas que persistem, face ao que até hoje aconteceu em todos os lugares e nas florestas do passado, nada representa em vista da verdade real, a não ser que sustentemos a condição de parceiros dessa agonia em invenção que chamam vida. Ampliar o senso nos nossos passos e abraçar de vez o Infinito. Veja então o que resta fazer, e durma em paz no seio doce da divina Criação.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Há um mistério no dizer


Nessa vontade que a gente alimenta de querer dominar o impossível, vez em quando resta suportar os rigores das limitações do pequeno e do grande que já o somos. Daí vem aquilo de a gente pensar que diz o que esteja dizendo e que o outro pensa ouvir o que esteja ouvindo, na distância quilométrica das duas paredes que se interpõem na comunicação dos seres humanos. Lao-Tsé afirma que o verdadeiro Tao é indizível. E que o que é dito não é o verdadeiro Tao (Tao, a razão e fonte encontrada em tudo o que tem existência no mundo. www.dicio.com.br).

Bem estas as circunstâncias do processo da Comunicação que nos vemos a ele submetidos todo momento, inclusive, da gente com a gente mesma. Quais dois eus, em constante busca de compreensão, sofrem-se nisto conflitos monumentais. O resumo da história da raça vale tais confrontos de consequências dolorosas tantas vezes. Causa principal dos resultados diários da existência, esse improviso domina todas as instituições e ocasionam marasmos e pelejas. Quando, no entanto, haverá outros resultados que mereçam frutos melhores eis o império da razão.  

Desde sempre vem sendo deste modo, tais pratos de uma balança cósmica em constante oscilação, as teses filosóficas provam sobejamente o conflito das gerações consigo próprias. Hegel traz a dialética de Tese/Antítese, que geram a Síntese, uma nova tese, que enfrentará nova antítese, de que sucederá nova síntese. O Mal e o Bem, das religiões maniqueístas. O Inferno e o Céu, dos místicos. A Sombra e a Luz. A Lua e o Sol. O ego e o Eu superior. Anticristo e Cristo.

Porém nisso habita a fonte do equilíbrio universal de que somos fontes,  instrumentos e coautores, dentro da ciência da perfeição absoluta, tão logo identifiquemos o Eu verdadeiro, o fiel desta balança fantástica, nossa origem definitiva. A isto nos vemos e porfiamos à busca da harmonia dos contrários pelo sentimento puro e fiel do Amor, única fonte do Silêncio e da Paz. Isso tudo no simples dizer...

(Ilustração: Um baobá de mil anos).

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Os doces percentuais da sorte


 A isso que também chamamos de livramentos, em que tantos falam e que nos ocorrem à medida que defrontamos situações extremas e delas saímos ilesos quais miraculadas criaturas aos cuidados de forças ainda desconhecidas. Todos têm inúmeros momentos de que lembrar, quando o tempo fechara e, de uma hora a outra, surgem meios de permanecer livres dos dessabores do tempo. Ocasiões várias são desse jeito.

Ao furor permanente da Justiça suprema, existem as ocorrências do movimento que tudo rege. Sem sombras de dúvidas, a quem queira ver e sentir existe uma perfeita concatenação de fatores que gera o Infinito. Numa ordem mais que matemática, cresce o vento e balança o mar, e novas chances vêm aos céus de quem merece.

Bem isso de merecer, qual diz a população, fazes por ti que os Céus te ajudarão. Daí o senso de justiça que domina os acontecimentos mundiais e individuais.

Pois o Poder maior a tudo pode. Nisso vem de perguntar: - O que deduzem das leis do Universo aqueles que teimam e as confrontam na maior sem cerimônia? O que se passa no íntimo secreto daqueles que agem ao bel prazer das satisfações pessoais, tais fossem autores particulares da ordem que movimenta o Cosmos? Bom, paro e fico examinando a mim mesmo, que tantas vezes foco apenas em mim os interesses e esqueço os momentos e o senso. Então, segundo as Escrituras Sagradas, disponho nas mãos essas sementes de frutos bons e as escondo. A semeadura é livre. A colheita, obrigatória. Ouvimos quantas vezes e ignoramos essa Verdade.

Diante desse território do tempo nas vidas, o Eu é o presente, porquanto o passado passou e o futuro ainda não existe. Aqui, neste exato instante imperam todas as possibilidades dos acertos, enquanto muitos dormem sob o manto escuro da desatenção e da ausência de Luz.

É isto, ficam essas poucas palavras aos poucos que param nos textos e buscam sentido nestas parcelas do Tempo que nos são determinadas a que alimentemos Esperança e Fé, e colhamos Alegria e Paz na consciência.

(Ilustraçao: A persistência da memória, de Salvador Dali).

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

As funções deste Universo


As funções deste chão em que a gente vive, onde movimentamos de tudo, ao sabor das nossas ansiedades. Quase comum se imaginar que sabe tudo, e agimos feitos autores. Trabalhamos o tempo à medida que chegam as ideias. Fazemos, fazemos, daí o quadro atual dos acontecimentos. Quais quem acredita conhecer os mistérios da Natureza, essa estrutura maravilhosa, as lições passam longe de uma geração a outra.

Nisso e disso, dessa constante improvisação acentuada, deixamos de lado os aprendizados e encetamos sempre novas tentativas e erros ou acertos, mas sem gravar na consciência o velho sonho da Liberdade com responsabilidade. Daí, vêm os sofrimentos.

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Em face do Universo, eis o que somos. Tudo, diante do eterno das existências. Valiosos seres em ação nos trilhos do Infinito. Enquanto agir permite construção dos passos seguintes, tocamos as folhas em branco do Destino quais instrumentos da perfeição em movimento sob nossas mãos. Viver, pontear os céus em forma das nuvens que transitam pelo teto azul do firmamento, e sentimos em nós mesmos tamanha possibilidade.

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Os místicos falam que a realidade é mais adiante. Isto que vivemos equivale a mero sonho de que precisamos despertar. Espécies de seres improvisados neste tudo enquanto, só lá adiante distinguiremos o que seja a Verdade. Tais luzes em formação; um dia iluminaremos nosso interior e despertaremos da longa jornada rumo a nós mesmos. No campo das individualidades vive o plano da Criação universal, do qual significamos protagonistas. O espaço, o nosso palco. O tempo, o roteiro. Há conceitos importantes a fim de compreender o seja isto. Dentre eles a Reencarnação.

Muitos reclamam dessa possibilidade, no entanto bem representa o que há de perfeito entre as tantas noções. De uma vida a outra, os espíritos crescem da própria experiência e somam valores. Com isso, aprimoram a pertinência de trabalhar com os segredos deste Universo e distinguem o errado e o certo, até às raias da Felicidade plena.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Aceitar o silêncio


Essa a necessidade imensa que parece trazer à tona o que silenciosamente acontece lá dentro de si, e bem reflete a chama viva dos pensamentos e sentimentos. São eras e eras de esforço em transformar o silêncio do Tempo na matéria prima de estudos pessoais. Buscamos aflitas formas de responder ao desafio dessa continuidade, no entanto presos quase só aos conceitos repetitivos de outros e de outros tempos. Tais instrumentos de neutralizar o desespero dessa vertigem do desaparecimento constante, que morde sem descanso a alma das criaturas, insistimos vencer o silêncio da história que passa e ficamos atônitos de largar no passado ruínas e monumentos do que somos e antes fomos. Ah, quantas luas mais hão de vir até que despertemos da ânsia de encontrar o sentido de tudo isto que aqui ora experimentamos.

Enquanto que, ininterruptos, desfilam ao nosso lado os passos harmoniosos do quanto testemunhamos sem desvendar o tal mistério e estar e desfrutar de todos os meios da revelação que nos espera de olhos abertos na claridade do Sol de todo dia. E saber que a resposta mora no íntimo de todos sem nenhuma exceção, seres determinados ao Eterno que já o somos e ainda carecemos desvendar.

Horas, vidas, nuvens e pensamentos, e sentimentos, ruídos mil a inundar as clareiras do Silêncio, durante sua presença nas consciências em movimento. Quais câmaras de eco desse infinito ainda adormecido, tateamos o escuro das multidões às vistas de achar felicidade no varejo das horas mortas.

Ouvir, contudo, que a voz de todas as certezas grita forte no nosso coração, a pedir realização de um Eu maior que aguarda de braços abertos o final do corredor dessa longa aventura errante. Calar um tanto a pressa de desejar o domínio e viver intensamente com Amor no coração, quantos aguardam esse momento definitivo das respostas que habitam perenes na paz do Silêncio presente a todo instante no penhor das gerações.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

O sol da Consciência


Sejam elas quais sejam, luzes ou substâncias, o que lhes dá claridade é a força viva da humana consciência. Sem qualquer distinção, tais expostas à luz do Sol, nós as iluminamos ao contemplá-las. Pouso das naves dessa percepção, sobrevoamos tudo em volta e divisamos a presença da nossa própria história naquilo em que fixamos a visão. Este sol, pois, somos nós mesmos, o que dá qualidade às coisas, pessoas e lugares, numa velocidade equivalente à velocidade da luz. Assim que notamos o mundo, dele fazemos objeto da nossa compreensão em movimento. Mágicos e videntes, tangemos as bordas dessas existências ao instante atual e alternamos a oportunidade que lhes oferecemos de preencher o espaço da nossa identificação, recriando mundos e universos instantaneamente, no fluir das intenções.

Criadores do espaço, no decorrer do tempo escrevemos a história à medida que nela projetamos esse poder infinito de identificar e produzir as cenas da realidade que nasce de dentro das pessoas e ganha essência na proporção em que essa consciência se faz ação efetiva, a lhes oferecer existências, no correr dos gestos de quem age e denomina. Em tese, sem que existíssemos jamais haveria existências.

Esse dom de produzir universos durante as horas equivale ao que denominamos poder, razão maior de ultrapassar as limitações físicas e desvendar o mistério das individualidades. Interpretar o significado e a motivação de vir aqui e tocar adiante o princípio da vida, causa primeira de tudo quanto há. Espécie de labirinto em formação, percorremos todas as estações da natureza através de nossa consciência criadora.

Contudo essa tal compreensão necessita da mesma condição de a gente denominar também esta significação no interior, dentro de que fazemos parte, a preencher de percepção o que vemos e sentimos na alma, existências vivas nesse espaço interior que somos nós desde sempre, até que iluminemos a nós próprios, motivo de todas as existências em nós.

sábado, 11 de dezembro de 2021

Tática de avestruz


Quem não sabe é como quem não vê.
Sabedoria popular

Tanto tempo a passar pelos mesmos corredores e as gerações deixam claro que praticamente exercitam muito pouco daquilo que aprenderam na longa estrada de tantos séculos e milênios de peia. Qual quisessem enganar a si, multidões repetem fórmulas vencidas e padecem das mesmas deficiências. Esquisito se não fosse o tanto de dolorosa verdade que isto encerra. Pouco ou quase nada desvendaram das leis que regem este Universo. Numa espécie de Lei da Gravidade espiritual, vemo-nos a ela submetidos, isto sem ter que pedir explicação. Essa a luz da consciência, o que por demais carecemos durante toda Eternidade.

No entanto há limites intransponíveis que sustentam as bases das existências, independente de soberba dos humanos, e estabelecem as fronteiras e os destinos. Quiséssemos justificar as leis da História e ver-nos-íamos diante desses limites indevassáveis além de toda vontade individual.

Existem, portanto, evidências definitivas as quais pressupõem valores até então vulgarmente desconhecidos. Quedamo-nos tais cegos de nascença no reconhecimento desse Poder, aprendizes da sorte em condições primárias. As filosofias, os mestres, santos e místicos buscam aprofundar a compreensão geral, porém submersos às restrições generalizadas da grande massa. Daí, ainda que vítimas das próprias alucinações, a horda segue, passos largos, na direção dos abismos que criam constantemente, esquecidos das dores do passado.  

...

Assim, embriagados no desconhecimento, ignoramos todas as evidências dos segredos e mistérios da Natureza, querendo reinventar aquilo de que somos meros aprendizes, num improviso de causar espanto; deixamos, pois, o corpanzil da raça humana à mercê das consequências dos seus atos e escondemos aquilo que seriam as normas da inteligência debaixo das sombras, na incerteza. Vítimas, pois, desses equívocos, tocamos a vida ao encontro de uma razão maior que nos espera sem qualquer dúvida.

O resumo da história conta disso, das carências de lucidez nas atitudes, quando são urgentes outras práticas sob os princípios da paz, revestidas nos hábitos de aceitação dos valores que façam notar a importância dessa transformação. Saber, sabemos. Que dia resolver, isto reclama dos sonhos a coerente providência neste mundo antiquário.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Aflição populacional


Desde que os grupos de poder observaram que o excesso de gente na Terra ocasionaria mais e mais demanda por alimento e pela divisão dos recursos naturais, pondo a risco os lucros do capital em detrimento do trabalho, passaram a maquinar urgências de conter o crescimento desordenado da população. Vieram, com isso, as teorias políticas materialistas, sobretudo após a Revolução Francesa, quando, então, foram sendo questionados os valores arcaicos do domínio dos impérios, e que custaram logo adiante duas guerras mundiais de horripilante memória. Evidenciou-se que a explosão populacional traria desconforto aos donos das bases econômicas, e as elites se insurgiriam e manipulariam sobremodo os bolsões de pobreza, por meio das táticas políticas e legislativas na grande maioria das nações menos desenvolvidas, como ficou evidente na história.

Nisso, dentre alternativas visíveis, haveria a divisão das fontes de produção pela coletivização, no entanto as ditas revoluções socialistas, nessa perspectiva, resultaram infrutíferas e geraram novas elites de poder, o que hoje basicamente caracteriza o quadro mundial da geopolítica, fruto de tentativas frustradas nessa redivisão da riqueza através das lutas de classe.

O panorama atual persiste, pois, sem maiores modificações, com as nações ricas a gerir o poder econômico agora sob o símbolo das avançadas tecnologias da informação e do monopólio severo dos bens de produção e dos mercados, sempre nas mãos dos abastados poderosos. Ao mesmo tempo, as populações pobres seguem ao largo sem um lugar ao sol, num crescimento de progressão geométrica desordenada, face a face com o crescimento econômico apenas em nível aritmético.

A esse tempo, os métodos de dominação e redução humana continuam pensados e praticados através das divisões étnicas em conflito, nas guerras de extermínio, da fome avassaladora e do domínio das lideranças perversas e dos profissionais da ganância política.

Até esta data, todavia, nenhum recurso racional de equilíbrio populacional coerente se fez valer além de teses universitárias isoladas, por vezes distantes da realidade e de uma justiça esclarecida, deixando à margem os dotes clássicos da inteligência e dos espíritos evoluídos.

Vivemos, a bem dizer, o marco zero da igualdade tão necessária ao exercício desses conceitos sociais honestos, onde o sonho de todos da tão desejada paz da Humanidade venha a ser posto em prática. De certeza, isso não virá através da redução populacional bárbara a troco das atitudes insanas ou discriminação de qualquer natureza. Há de haver bom senso e princípios solidários que a todos atendam sem qualquer distinção, através das virtudes significativas do amor e da fraternidade, razões essenciais de tudo que existe e existirá perante a verdadeira natureza espiritual dos seres humanos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Este ser que somos nós


Uma réstia na vastidão dos infinitos; o transporte das individualidades que desmancham no firmamento das horas feito relâmpagos nas noites escuras da solidão. Pessoas, indivíduos, criaturas... Rastros de perfeição inimaginável, sequenciamos viver sob esse teto de pensamentos e sentimentos, ondas inteligentes formadas pelas praias do talvez.

Mergulhar esses nós que somos equivale existir dentro das paredes em movimento onde habitamos, escafandros de matéria, quando ora administramos conduzir a consciência em elaboração e classificar objetos e lugares, ideias e pessoas, numa efusão aparente de liberdade, no entanto cercados de limites invisíveis, inexpugnáveis. Quais autores de nós mesmos, apenas exercitamos a ginástica das horas, mágicos na essência de que nem conhecemos a origem e os motivos de estar neste chão.

Nisso, vem fome de conhecer que impera no desejo de eternizar os momentos que nos fogem apressados no tempo, contudo meras alimárias de rebanhos invisíveis, debaixo de leis que quase desconhecemos e, de modo bárbaro, fazemos delas largos esforços de cumprir o leu da sorte, no roteiro das ausências. Claudicamos assim submersos a normas que contrariamos, e temos de responder nas vidas que se repetem, escravos e senhores desta humana condição.

...

Nessa vontade forte por demais de a tudo superar, chegam ânsias de interpretar o destino abandonado em nossas próprias mãos de aprendizes da felicidade, entretanto ainda só pacientes da dúvida. São muitos os dias de expectativa que batem insistentes nas paredes foscas da gente, tateando na escuridão dos mistérios e parceiras da loteria das ilusões; quase nunca detentores de marcas inatingíveis, outrossim lutadores nos ringues de um prazer insaciável da carne.

A pretensão, portanto, de lá certa vez desvendar de todo esse enigma de que nascemos e junto de quem adormecemos e acordamos, vamos estudando as lições, selecionando o clima das atitudes, porém já cientes de haver apenas isso de persistir na busca do sentido absoluto da certeza que nos traz até aqui e, pacientemente, espera que despertemos do sono cataléptico das almas aflitas, e participemos dos frutos da vitória a mais esplendorosa.  

domingo, 5 de dezembro de 2021

Neste universo da gente


Há um rio a correr dentro da gente, formado de tudo quanto se viveu, amou, padeceu, acreditou, e que nunca interrompe seu curso indefinidamente. Cenas marcantes de relacionamentos com a realidade, com as emoções, enfieira dos dias, que a memória grava nas paredes da alma. São sinais desses mistérios ocasionais de tudo que se experimentam sem interrupção, num movimento interminável, pelo vasto oceano das vivências sucessivas. Marcas e pessoas, entranhadas nos sentimentos e lugares das circunstâncias vividas, demostram as lições de que sempre assim existimos depois de conhecê-las, numa espécie de cenário das histórias e dos momentos, territórios onde representamos as peças de nossa humana condição. Força descomunal constrange esse itinerário, assegurando todo tempo que existimos, portadora do saldo das experiências de que haveremos de nos libertar tão logo encontremos o foco essencial de uma consciência clara lá adiante.

Nisto, sim, num objetivo certo, a razão do tanto de existir eis o sentido natural desse encontro consigo que resta basicamente desvendar; do ser pessoal que adquiriremos durante a presença neste mundo. Nada existe de mero acaso. As proporções originais do labirinto em que movemos nossa consciência significam este curso original das existências, peças-chave de onde nascemos a construir um novo e definitivo Ser. Somos quais navegantes de nós mesmos, autores do que resta descobrir nestas águas sacrossantas de onde advêm os instrumentos de nossa libertação.

A isso, na busca do encontro a que os místicos e conhecedores das profundezas do Eu interior trazem luzes, nessa revelação em movimento, a Civilização afirma seus conceitos culturais. Cabe, pois, elucidar os refolhos da alma e achar de vez a forma de solucionar os dramas atuais da personalidade em crescimento.

(Ilustração: A queda dos anjos rebeldes, de Rubens).

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

A intuição


Dessas variantes que chegam em ocasião necessária e trazem consigo milhares de pequenas partículas de longas jornadas mentais, invadindo o deserto da gente e esfacelando de vez a sequidão do silêncio. Chegam, e determinam. Impõem, até podemos dizer, qual sonho que se houvesse real sonhariam longe das mais vagas previsões. Trazem de junto, no entanto, respostas a quantas perguntas que viviam vagando os céus da consciência, talvez fora de propósitos, mas que pediam resultados, a fim de escolher um caminho a seguir. Então, abrem alternativas de modo que restam disso tão somente andar pelo espaço da imaginação na busca de conhecer aonde ir nessas paisagens da existência.

São assim as intuições tais inspiração de momento a momento, resgando clareiras nessas florestas dos dias, talhos imensos no teto do universo em movimento de dentro das pessoas. E daí, surgem questões de querer saber também o que nadaria no íntimo das outras criaturas, que diriam a si que presenciassem da própria história. Mesmo que sejam só figuras de preencher o território que ocupem, no entanto se não iguais pelo menos que sejam tão parecidas com a nossa identidade.  Gente, afinal.

Nisso, nos observando, queremos conhecer que, se somos iguais às outras criaturas caminhando ao nosso lado, ao menos saber quem o são, e nós iguais dessa forma seremos. Essa procura insana de revelar o ser de dentro, se nem saber o que eles, os outros, sejam, de maneira semelhante vagam todos no tempo feitos fervilhantes pensamentos em ação inevitável.

Intuir, pois, eis o formato de transcrever no sentimento aquilo que as horas quiseram falar e deixamos de interpretar, esse esforço sobre-humano de salvar a pele e trazer à tona conteúdo às nossas almas vazias. Sustentar o enredo das histórias individuais, porém só meras peças soltas de descomunais quebra-cabeças, numa constante agitação. Fagulhas de fornalha acesa sob camadas sucessivas de terra em que antes fomos o abismo desse nada que bem ali permanecemos até desaparecer.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Dias melhores já vêm


Nesses mecanismos das horas durante os quais ocorrem os fenômenos da natureza, dentro deles existem reservas inesgotáveis de possibilidades abertas todo tempo aos seres humanos. Inclusive vindas do âmago desses mesmas criaturas tão ricas de modificações aos quadros existentes, haja vista o quanto de evolução da técnica desde sempre vem acontecendo, abrindo espaços às maravilhas dessa natureza humana, sua comunicação, seus transportes, sua ciência revolucionária. Que mais esperar dessa evolução sem limites, a não ser perfeição dos métodos e a prática dos novos conhecimentos na área da psicologia voltada ao progresso das coletividades, à divisão da riqueza, herança comum a todos, e a uma paz e amizade fraternas como jamais imaginado diante dos acontecimentos antigos. São chegados, pois, esses momentos de solidariedade que tantos aguardamos no transcorrer das gerações, quando seremos, então, irmãos de verdade, e ampliar nossos conhecimentos de viver em grupo, voltados ao bem de todos, sem exceção ou divisão.

A isso nunca será demais mergulhar nos nossos sentimentos e desvendar segredos da consciência que imperam no nosso íntimo, razão de estar aqui, motivo da persistência desta vida no seio da história mãe. Trabalhar meios de somar esforços pelo sentido da confiança e dos valores positivos. Vêm de longe tais esperanças, isto por meio da cultura, das artes e do senso de aprimoramento das instituições.

Sem sombra de dúvidas, agora isto repousa nas atitudes dos indivíduos, quando aceitem renovar os métodos de trabalho e de compreensão de que os bens da natureza da Terra pertencem a todos, nisto suficientes à causa principal de aceitar as contradições e trabalhar a igualdade de condições pelos favores do tempo. Foram muitos séculos de expectativa até desvendar a urgência de voltar nossos esforços pessoais ao interesse da sociedade como um todo. Por isso, perante a inevitável percepção de que somos um ente único e indivisível, chegam dias de pura transformação das mentalidades em universo pleno desta visão igualitária e fértil dos dias de hoje.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

O senhor da inexistência


A quem perguntar, quando não existiriam respostas? Modificar o inexistente através dos sonhos nos sonhos, eis o dever dos senhores dessa inexistência. Quando tudo se desfaz no tempo, hordas de guerreiros que invadiram o campo de batalha das horas que fogem conciliam a paz no coração de todas as pessoas. Nuvens, assim, de luz haverão de tomar conta da paisagem do Infinito e, às primeiras levas de santos presentes no agora, adentrarão o Céu feito quem nunca de lá saíra. Pobres mortais que compuseram a sinfonia do passado, apenas restos de imaginação, dominavam o panorama a todo custo de dizer. Visto desse modo, bem outro reviverá o quando aqui vieram ver. Mera imaginação de um Senhor maior, que rege os acontecimentos sem a necessidade que jamais pudesse usar de transformar aquilo que fora pouco atrás. Deus tal qual taumaturgo de seu próprio arbítrio, longe da importância de transformar o que quer que fosse dos acontecidos.

Daí, rever o futuro, conquanto em formação, significa, pois, a revisão das marcas deixadas lá no trilho do tempo. Reviver o que nem sempre por certo pudesse ter ocorrido fora dos padrões dessa infinitude, certeza plena, com isso, na plenitude daquEle que rege o Universo.

Contassem a história de forma inversa, já encontrariam a perfeição que predomina em forma de condição absoluta das maravilhas do quanto existe ou existirá aonde quer que venha a ser, porquanto o Poder tudo pode, longe das outras interrogações. Luzes que clareiam a si de forma constante, olhos que veem os próprios olhos, visão de eterna visão, sinais da inevitabilidade perene de toda matemática dos seres eternos.

O passado, que sustenta a pureza original durante as eras; firmeza do Amor na forma de grandeza; revelação da Consciência nas consciências em nascimento; a soberania deste Ser que prevalece e sustém mistérios, fenômenos e as luas acesas no alto do firmamento.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Nem tanto esotérico assim


Aonde se virar e escutar isso falar de crise, enxergar em que resultou  espalhar que as notícias ruins serviriam de parâmetro da existência de hoje. Olhar o tempo e sofrer da síndrome de que a natureza parou e o homem venceu, na corrida destrutiva da poluição com requintes de burrice. Andar nas ruas desconfiando de todos, olhos presos nos alarmes e telefones sem sinal. Isso de perda de tempo em tudo por tudo, qual funcionário atrasado nos compromissos para com a empresa. Um quadro a ser retocado pouco a pouco à luz da consciência. Aguardar grudado as últimas notícias à espera do final dos tempos e contar os pontos que apresentar nos tribunais da Eternidade. Dados dantescos nas horas dessas de agora, no entanto de encher qualquer saco de quem quer paciência de viver, esperanças de criar uma família unida, formar filhos com visão de sucesso, trabalhar e ser feliz. Ninguém, ninguém, de senso sadio aguentará só pensar assim, andar de pés doidos por causa da pouca imaginação, pessimismo crônico dos que divulgam material recolhido nas bocas sujas e jogam no coxo das tradições contemporâneas.

Houve desleixo das nações e seus pobres comandos, decerto houve; e consequências virão no rastro das horas; é a justiça natural dos elementos, produto de resultados nos sistemas existentes. Porém fazer disso profissão merece avaliação imediata, pois o trilho permanece à frente da composição, direito de continuar e tange o rebanho nas manhãs seguintes.

Ainda que pesem as corrupções e os políticos nefastos que chegaram no poder graças ao voto dos inconscientes, que a indústria das armas fabrique para destruir vidas e seja a que mais movimenta capitais, que a violência serva de profissão a tantos alienados de cidades grandes e sujas, explosões de incompetência da humanidade em crescimento, ainda que assim se apresentem os noticiosos da mídia sensacionalista, ainda assim existem os dados positivos, as conquistas da civilização, os instrumentos musicais, os artistas geniais, as mães afetuosas e zelosas dos filhos, o sorriso enorme das crianças alegres, o prazer impagável da brisa gostosa nos dias quentes, as viagens inesquecíveis, os livros saborosos, eternos, os filmes inteligentes, o carinho dos que gostam da gente e nunca se esquecem dos verdadeiros amigos, os infinitos sonhos bons de preservar o lado bom da vida, de viver com arte um exercício valioso de fé e confiança; que bom que seja diferente, para melhor, e existir dentro da realidade maior e verdadeira.

domingo, 28 de novembro de 2021

Prometeu acorrentado ao tempo


Bem isso, nessa metáfora vinda de tão longe, no legendário das eras; ele ainda a sofrer o desgaste da ave que lhe corrói as entranhas, marca da matéria em decomposição no fugir das gerações. E o Tempo, que transcorre infalível, eis o condutor dos rebanhos, corrente que sustenta prisioneiro o herói. Constrangido pela força dessa inevitabilidade, Prometeu apenas ler os próprios pensamentos, visões frias do Paraíso da inexistência que perdera certa vez.

Enquanto aqui, somos nós detentos das vidas sucessivas que se repetirão até quando delas não mais houver necessidade, diante das limitações da carne. Superar tal condição, vimos a esse caldeirão das experiências acorrentados aos liames das vaidades humanas, meros seres em formação, crescimento e evolução até o definitivo.

Por tantas vezes de se pretender criador de si, transfere à luta de viver a limitação do indivisível que resta na alma coletiva a que pertence, sem, no entanto, ainda compreender o mistério de ser um só com o Universo. Insiste, porém, no verso da sombra que carrega, e padece a angústia de sua própria contradição, dada a impossibilidade original de romper o casulo donde veio. Ninguém, pois, é dono de seus passos, neste mundo desconhecido.

Regimentos de guerreiros que seguem o drama milenar, instrumentos da claridade que traz o fogo, fantasmas da consciência em elaboração, vão, assim, tocando a preservação da espécie dos que acenderam a manhã da esperança de serem os senhores dos destinos. Pagam o preço elevado da desobediência de querer conhecer deles mesmos o nascimento de que se fizeram. Nisso, descobrem, pouco a pouco, a urgência de regressar ao seu interior e desvendar o mistério dessa liberdade que, aparentemente, traziam consigo desde antes de buscar o Sol das almas no movimento dos astros.

sábado, 27 de novembro de 2021

O véu do egoísmo


Nessas condições atuais onde a gente vive, neste mundo de tantas contradições, transitamos à busca incessante, única, de revelar o Si mesmo de nós diante do véu das ilusões, um esforço constante de rasgar as barreiras da escravidão material e desvendar novo o território imenso depois dos desertos dessa aridez; logo ali depois das intempéries. Retidos na caminhada pela força de uma natureza ainda inferior, sob os grilhões dos valores só relativos desse chão, aplicamos ao poder do conhecimento, entretanto na relatividade dos passos incertos de quem, pouco a pouco, aprende a caminhar.

As chances passam numa velocidade estúpida; destarte as criaturas perdem paraísos pelas próprias mãos, nas intenções mesmo que meio firmes, porém ainda longe de dominar inteira a fera dos instintos, na intenção de achar poder e superar o mal pelas raízes, assistidos agora pelo bem das certezas lá de dentro vencer essa distante batalha evolutiva que nos acompanha.

Vítimas, pois, do lado fraco que as prenda aos rochedos da limitação do querer apenas querer fraco, sem a disposição de viver com intensidade o sonho da realização.

Transitam de vistas ressequidas, e só de longe imaginam os frutos da luz que lhes aguarda em festa. Já sabem, no entanto, de ser possível atravessar o limite do Eterno e chegar ao bom termo da longa estrada dessa história. Bom sinal, pois. Algumas notícias aqui chegam aos nossos ouvidos, ao tom das harmonias da mãe Natureza, ecos de equilíbrio no canto dos pássaros, na brisa dos mares, no cicio dos sóis do firmamento.

Isso de ilusão, domínio que lhe é próprio, há que ter um basta nas mesmas razões de existir face à perfeição do Absoluto, que assim determina. Tal escola de evolução, tratemos as experiências quais frutos benfazejos necessários a todo o aprendizado, conquanto doam. Amar os inimigos, na linguagem de Jesus, significa domar a fera que trazemos na nossa natureza. Usufruir dos desafios e disso agradecer; quando possamos refletir e escolher o melhor, satisfazer a vontade pura e simples de crescer e desfrutar do Bem ao dispor na chama viva da humana criação.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O amor começa em si próprio


Essas considerações que vêm às lembranças tocam de perto nosso senso de ser feliz, de encontrar as respostas que vivem soltas no ar, sinais da realização em que tantos buscam a própria paz. Elas dizem da força que temos conosco, o dever de ser alegre, usufruir os dias quais instrumentos na busca da concretização do ser que somos. Bom, e antes de tudo ter reconhecimento pelas bênçãos dos desafios que se vive. Saber que detalhes compõem o todo. Ninguém tem aonde fugir, pois todos caminhos só levam à gente mesma, sem outro sentido que não a própria existência, a individualidade, o âmago de nós,  o mais rico mistério da essência do Ser, durante todo tempo.

Tais aspectos de viver conduzem a isso, de reconhecer os dons da profecia que carregamos conosco, marcas indeléveis da consciência que instruem os passos das criaturas. Quanta magia habita num único ser, as malhas da perfeição que transportamos de estação a estação, feitos senhores de rebanhos infinitos desses pequenos seres, pastores de emoções e pensamentos, impulsos e contradições, amores e saudades, porém numa certeza absoluta de que operamos a máquina da percepção, coautores da Criação, parceiros da beleza e dos sonhos.

Talvez em face disso, tangemos o barco de nossa individualidade à procura das migalhas da felicidade que vem do céu, às vezes sem reconhecer a importância de acalmar os sentimentos e pernoitar junto às florestas do amor quais passageiros da agonia. Juntar as mínimas partes desse todo infinito que o somos, e alimentar a casa dos dias no mais íntimo coração, tendo a disposição de plantar o que é bom ainda que nem se tenha de todo a força do que tanto carecemos nesta jornada de luz.

Persistir na missão de conquistar o domínio do que sustentamos diante da imprevisão do eterno, no entanto cientes de haver consigo a parcela gloriosa de tudo que de bom existe no Universo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

As portas do coração da gente


Bem isso de modificar a paisagem dos dias, quando chegam lá de longe as doces lembranças da felicidade que anda aqui de junto da gente. A marcha que segue sempre nos adiante, contando dentro de nós as possibilidades dos momentos bons que existem incontestavelmente, das mãos divinas que derramam só pura alegria no rolar das estações. Formas fortes de dominar o instinto de sobrevivência, vêm de perto as horas do desejo firme de querer o melhor e trabalhar este sentido. Tingir o tempo de criatividade e sonhos, transformar o que seria impossível no reino de todas as realizações. Viver sob o clima de tranquilidade que o coração permite que assim seja. São tantos, pois, os meios de reverter a insistência de pensar o que nada acrescenta, de contornar os obstáculos e produzir elementos mais que necessários a que sejamos criaturas diferenciadas no meio onde vivem.

Querer, portanto, o exercício da plenitude, independente de outros quadros. Escolher motivos inevitáveis de ser otimista, ainda que nem constantemente tenhamos razões suficientes, porém que vamos buscar, nas planícies poderosas do íntimo, as peças de montar o quebra-cabeça de nossa história de um jeito diferenciado, positivo por excelência. Ver o mundo pelos óculos de cores poderosas, determinantes do nosso humor e nossas certezas.

Abrir as portas do sentimento aos bons pensamentos. Fazer do momento o dispositivo da esperança. Crer nas dimensões da perfeição que dispõe a natureza de que nós somos e praticar o senso do poder de que fazemos parte nos ideais da Criação. Espécie de religião original, vamos tocando em frente o barco da consciência, na convicção plena de ser instrumento de melhores dias. Senhores absolutos dessa liberdade com que chegamos, e elaborar o universo de nossa memória em favor do amor e da paz. O coração possui, portanto, esse condão absoluto de que somos dotados, nos segredos de dentro da Alma.

sábado, 20 de novembro de 2021

As cigarras de novembro


Sentar o juízo e ficar só aqui escutando o ciciado das cigarras no escuro da floresta. Deixar de lado irreais preocupações desses tempos e permitir que a natureza converse consigo, decisão mais acertada, sem outra que seja senão deixar que as normas dos céus envolvam o chão neste momento. Ouvir o silêncio das horas lá de dentro dos sentidos atrás dos pensamentos, qual jeito de mergulhar nos sobressaltos e garrotear as ilusões. A gente com a gente mesma, pedaços iguais do mistério das horas em movimento. Nós, enfim, esses escravos senhores dos sóis, o que vem sendo assim desde sempre, quando ninguém seria capaz de aventurar a sorte na roleta dos destinos. 

Enquanto isto, as portas do espaço se abrem às falas que nascem dos ares em festa, dos bichos, das matas, do calor do meio dia, das dores e das movimentações dos humanos cá de fora. Todos tendo uma razão parcial de continuar, e continuar, senhores da indecisão. 

Águas incontidas nas criaturas que percorrem o teto da vontade, instintos de viver solidão por vezes preenchida de longas histórias esquecidas. Gotas suaves, pois, de tantas alegrias atiradas às fogueiras do sonho, porém certas de um quase nada de saber porquê. 

Elas, as cigarras, são tais avisos da hora aos mistérios deste sacrifício de tantos autores, sonoras parceiras do amor no coração, toques intermitentes do ritmo e das cores, nisso tudo. Uns padecem horrores diante dos passos que dão a caminho de depois; outros apenas dormem felizes ao prazer do anonimato do que virá sem dúvida. Senhores dos no entanto, sacodem assim os braços face aos desejos por mais alimento e sofrem as dores do parto da indecisão, inocentes da certeza e dos amores, puros e aparentemente libertos, vítimas das próprias vilezas. 

De entremeio, sabiás ponteiam a sinfonia do início de tarde e trinam quais cigarras, numa composição inesquecível de viver a vontade imensa de achar paz que em tudo existirá, afinal.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

As distâncias e o Infinito


Nos tais questionamentos humanos do quanto ainda resta a percorrer até desvendarmos o segredo de tudo quanto há, até o dia de revelar por inteiro os caminhos da perfeição em todos os sentidos, quando, só então, chegar-se-á ao ponto zero da evolução. As aspirações de vencer, lá certa vez, o dístico da falibilidade e cruzar as barreiras do Infinito. Atravessar o limite do impossível e consignar de todo aquilo que aqui viemos buscar. Obter o passaporte ao Eterno e morar no seio pleno da Felicidade verdadeira, desejo de tantos e mistério de muitos. Isso da cientificação, de que falam os místicos; da libertação dos apegos materiais e da união com nós mesmos e com todos, enquanto consciência.

Bom, no que me vem aos pensamentos, o simples aspecto de a gente desde agora poder imaginar isso, de viajar às distâncias e admitir essa probabilidade, já deixa margem suficiente de termos evoluído um tanto e haver dado os primeiros passos ao mundo das maravilhas. Porquanto, nem de longe os objetos, as máquinas, os insetos, têm a mesma oportunidade. Dentro de cada um persiste, pois, esse anseio extremo da imortalidade, da paz e das virtudes superiores dominarem o mundo, ainda que adormecidas no exercício diário das existências atuais; isso fala bem alto do quanto andamos nessa estrada. Qual disseram os platônicos, a perfeição só existe no mundo das ideias, o que ouvi certa feita de Janaína, uma de minhas filhas. Porém existe, consiste no frigir de tudo isso num único bloco uno e indissolúvel.

Assim, no aspecto mais prudente das aventuras deste chão, transitamos nesse mundo ideal e dele alimentamos, vidas e vidas, o transcorrer das gerações. Externamos nossas aspirações de igual modo, a nutrir de esperança as faces escuras do momento, feitos animais aflitos a contemplar a Lua, em noite de séculos inadiáveis. Pisamos às vezes leves, doutras descaradamente, agressivamente, as folhas da escuridão e norteamos de sentido apenas vago as ações parciais, de modo desesperado.

Dos gestos e das experiências, guardamos marcas deixadas em nós pelos laços de forças contraditórias, sem, entretanto, na essência, perder o sonho nos dias de realização e valores positivos. Conquanto palhas ao vento do desconhecido, sustentamos de ideal a certeza nos raios de luz aonde vamos, no íntimo do Ser que nos sustém.

sábado, 13 de novembro de 2021

Aos buscadores da Verdade


Mas o que busca a Verdade terá de combater até o último suspiro.
 Kabir

Na ânsia de ser assim, em descobrir a Verdade, navegantes arrostaram mares e suas quimeras, jogaram por terra tudo quanto houvessem reunido vidas afora e desapareceram pelas brumas silenciosas da solidão. Seguiram rumo ao desconhecido e de lá jamais regressariam. Doaram suas almas ao Infinito e sumiram na imensidade do Cosmos ilimitado. Luzes que se apagaram às fimbrias das manhãs ensolaradas. E foram aos céus para sempre, e de nunca aqui voltarem a rever as glórias de antigamente. Mergulharam o abismo de si mesmos feitos feras perdidas na imensidão, selvagens das luas novas e dos escombros das inglórias batalhas. Guerreiros que foram das ilusões desfeitas diante do mistério, largos tempos das horas inexistentes lhes invadiram a Eternidade e nela perderam o caminho. Criaturas de vontade férrea, pois, desejaram encontrar as muralhas do Destino e puseram-nas abaixo, quando tudo parecia de tudo sem fazer o menor sentido.

Buscar a Verdade, eis a razão fundamental de toda existência, desde o furor das primeiras tempestades de fogo. Desvendar o segredo daqui de agora e sobreviver à intensidade das paixões incontroláveis. Sustentar a fúria de todas as visões em único objetivo, de desvendar os valores entregues às responsabilidades humanas, que o sejam.

Responder a isso, ao desespero de estar neste lugar e desconhecer a razão de tudo isto; perguntar a quem e saber que todas as respostas habitavam no mais íntimo de todos nós. Viver quais sinônimos de esperar o momento ideal de receber a prenda na caixa do coração. Trabalhar deste modo existências, no entanto pequenos e insuficientes seres que haverão de utilizar a vida tal motivo de achar a solução do enigma humano, sem outra alternativa  senão sustentar nos ombros as marcas do Poder que a tudo determina e sustém, na certeza da Verdade absoluta, qual dádiva inevitável da Sorte.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Nuvens que passam nos céus da realidade


Assim são os acontecimentos, objetos e pessoas, fenômenos que ocorrem na face do cenário de um tempo em andamento. Fagulhas de fogueiras cósmicas, sacudimos fuligem no decorrer dos instantes que se sucedem numa velocidade imperceptível aos nossos prazeres mundanos. Elementos de reações maravilhosas vindas do Infinito, sacudimos asas rumo ao desconhecido, lá de onde há de haver, no entanto, a lógica indiscutível de tudo isto que ora presenciamos, perfeição além até do que imaginamos que seja. Entregues, por isso, aos humores das existências de quem tangemos os barcos, cruzamos as ruas quais não fôssemos apenas cobres dos mesmos tachos, a verter as lágrimas do mistério de nós mesmos, iguais que significamos diante do Eterno.

Tais sejam, pois, valiosas estas nuvens a preencher de luz o Cosmos sempre de novas consequências todo momento, a gerar seus próprios sucessores no ritmo desse mistério que bem representamos neste palco, seres inteligentes da Criação. Sem diminuir qualquer fragmento da importância do que habita o pulsar da geração, dotamos de vazio o céu imenso do firmamento, alimentando de sonhos as noites e os séculos. Dotados da mais valiosa criatividade, exercemos papel indispensável na transformação dessa matéria prima em constante desaparecimento, porquanto transportamos na nossa consciência o que daqui haverá de vir depois de um passado insaciável que largamos lá atrás.

Nós, essas nuvens transitórias que nutrirão de sentido as vidas de que somos instrumentos, partes do todo universal, sendo o Todo também, por força dos destinos eternos. Valiosas criaturas, os humanos. Parcelas insubstituíveis da engrenagem miraculosa em movimento no seio de todos nós, sem exceção. Resta, portanto, desvendar dentro da gente o tal segredo, e por em prática o exercício dessa divina exatidão que pulsa em nosso ser, fator e ânimo de tudo quanto dali seremos um dia, na soma exata do Ser e das criaturas deste tudo tão real e imperecível dos astros.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

A contabilidade desta vida


Tem gente que nem de longe deseja saber disso, de prestar contas deste mundo tão gostoso. Assim, recebe de um tudo, surfa nas planilhas da existência, usufrui do bom e do melhor da Natureza, respira ar puro, bebe água limpa, etc., etc., e acha que fica por isso mesmo, os bônus do acaso. Claro que não é bem desse jeito, pôs ainda tem que trabalhar, caminhar, tomar banho, viajar, estudar, etc., se não arrastaria de graça todos os prazeres daqui do Chão. No entanto, depois de tanto esforço de ser feliz, esquece as normas do procedimento de viver. Que teremos de respeitar os semelhantes, obedecer aos códigos, pagar boletos, morar, comer, vestir, educar a família, envelhecer, por vezes adoecer, quem sabe até morrer lá um dia?!

Bom, nisso há um conta corrente preso ao tempo do corpo, onde são contabilizados os débitos e créditos do que fazemos, instante a instante. Máquina perfeita, a Justiça maior anota tudo, numa escrituração magistral daquilo que fazemos dos direitos, e iremos responder dentro das normas exatas o quanto produzimos de resultados. Com a mesma exatidão de que fomos construídos nestes corpos destinados ao aprendizado evolutivo, cá vamos nós pelo caminho de aprimoramento, porém sujeitos às consequências dos nossos atos.

Muitos, talvez, poucas vezes imaginam ser desse modo, que haveremos de prestar contas lá adiante, ao cruzar a alfândega da Eternidade; e nisso esquecem a responsabilidade do viver, indiferentes à justeza da Perfeição que rege tudo, no piso das histórias universais. Fugir, não tem essa chance. Daí, ficar atônitos ou indiferentes aos pressupostos do Destino exige carga pesada de alienação e compromisso ao mesmo tempo. Só se arrepender é pouco, lá depois. Precisa cuidar, o quanto antes, de aprimorar a consciência e melhorar os praticados, na Lei do Merecimento. Largas oportunidades estão bem aqui às nossas barbas, chances multiplicadas a cada momento de exercitar esse destino individual em nossas mãos, agora. Os orientais denominam isto de Carma, ou contabilidade desta vida.

(Ilustração: O julgamento final, de Hieronymus Bosch).

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Aceitar o Silêncio


Essa a necessidade imensa que parece dominar os humanos e trazer à tona o que silenciosamente acontece dentro de si , e bem reflete a chama viva dos pensamentos. São eras e eras de esforços em transformar o silêncio do Tempo na matéria prima de estudos. Buscamos aflitas formas de responder ao desafio dessa continuidade, no entanto presos quase só a conceitos repetitivos de outros e de outros tempos. Tais instrumentos de neutralizar o desespero dessa vertigem do desaparecimento, que morde sem descanso a alma das criaturas, insistimos vencer o silêncio das horas que passam e ficamos atônitos de largar no passado ruínas e monumentos do que somos e fomos. Ah, quantas luas mais hão de vir até que despertemos da ânsia de encontrar o sentido de tudo isto que aqui ora experimentamos.

Enquanto isso, ininterruptos, desfilam ao nosso lado os passos harmoniosos do quanto testemunhamos sem desvendar o tal mistério e estar e desfrutar de todos os meios da revelação que nos espera de olhos abertos na claridade do Sol de todo dia. E saber que a resposta mora no íntimo de todos sem exceção, seres destinados ao Eterno que já o somos e ainda carecemos perceber.

Horas, vidas, nuvens e pensamentos, e sentimentos, ruídos mil a inundar as clareiras do Silêncio, durante sua presença nas consciências em movimento. Quais câmaras de eco desse infinito, tateamos o escuro das multidões às vistas de achar felicidade.

Ouvir, contudo, que a voz de todas as certezas grita forte em nosso coração, a pedir realização de um Eu maior que nos aguarda de braços abertos ao final do corredor. Calar um tanto essa pressa de desejar domínio e viver intensamente o Amor no coração, quantos aguardam esse momento definitivo das respostas que habitam na paz do Silêncio presente a todo instante no penhor das existências.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

A essência do Ser II


Não tem enganes: / tudo que agora vês / desaparecerá como um sonho.
Rumi

Nuvens de borboletas flutuam nos céus das horas e somem, deixando atrás de si o inexistente, rastros de tudo face ao nada que envolve de silêncio o tempo fugidio. Andantes, nessa trilha de sonhos, ficam apenas réstias de lembranças guardadas dessa inexistência contundente, eco de seres e objetos, palavras e números desfeitos nas cores de ausências inevitáveis.

No entanto, persiste o ser que somos, testemunhas e espectadores do destino. Luzes de criaturas absortas que se vão no mistério, e também, lá um dia, somem no anonimato das circunstâncias.

Contudo, carregamos dentro da alma o dispositivo da solidão que revelará o senso disso que domina o sentido das histórias de viver, na medida em que descobrirmos a Consciência. Transportamos na essência o justo motivo dalguma perfeita Inteligência haver desenvolvido a razão dessa nossa condição. Bem no âmago, no íntimo do coração, pulsa a soberana virtude que permeia de eternidades o momento presente.

E nesta jornada aqui persistimos, à busca da realização do Ser, enquanto a Natureza mostra que, dentro de nós, descobriremos o tanto que nos cabe até encontrar a felicidade definitiva. Dentro, bem dentro de todos, blindado pela graça da Perfeição, ali habita o que justificamos cá fora os elementos que desaparecem na medida dos acontecimentos.

Este ser essencial viverá em nós aguardando o nosso desenvolvimento espiritual, qual herança inabalável, sinete das nossas origens imortais, que transportamos ao decorrer das vidas. Nisto, antes da plena revelação, seguimos a pista dos fantoches da ilusão, enganos das próprias pessoas, nesse faz de conta da matéria onde mourejamos durante alguns momentos que fogem às mãos sem deixar vestígios.

O fervor desta hora significa, pois, degraus de transformação das certezas em compreensão, o que compete a cada isto fazer real.