segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A solidão da dor


É isto, sim, invés de tratar do tema a dor da solidão, tocar um pouco neste tema, a solidão da dor. Naquele momento em que se acha face a face com a solidão de verdade, livre das contradições e dos conceitos. Portas e janelas fechadas ainda que ao sol do meio dia. Quando nem adiante gemer, muito menos chorar... E a dor dói de consumir por forte que se seja. Ali, na beira de nós mesmos, esses grandes desconhecidos, no limiar do Eterno, enquanto a dor dói de não ter tamanho. Onde uivam lobos e choram homens, mulheres e meninos. Sem idade, a dor traz o perdão, reduz a nada e atiça o peito das resistências, num desafio esplendoroso... Doloroso, quero dizer.

Isso de quando as vaidades caem de joelhos e querem entrar de buraco adentro, na fronteira da inexistência. Pouco ou muito importa o tamanho da herança, e a dor dói de não ter juízo que aguente... Irmã dor, qual dizia Francisco de Assis, nas suas longas viagens espirituais.

Os laços com tradição e experiências anteriores somem no abismo infinito onde, soberana, a dor dói... Pássaros cantam pelos quintais em festa; o vento sopra nas árvores; ressurge bonito o Sol; a Lua, linda, desfila no céu... Times jogam na televisão do domingo de tarde... Tocam sinos nas igrejas... E dói a dor com fome feroz de paciência a roer o coração dos humanos.

Meu Deus, como estreita o caminho e tudo de repente nos abandona quando dói a dor e o sofrimento pede passagem na avenida, encostas das florestas escuras do desassossego.

Pedir a quem tem para oferecer. Pedir sempre, que ninguém sabe quando a dor chega trazendo consigo o custo das impiedades desse solo dourado. Surgirá silenciosa no instante certo, mãe e mestra, amiga da plena glória, no tempo da colheita nos calendários que nos abandonarão.

Ah, amigo, quando a dor mostra seu rosto, na vitrine daquela solidão, não há bom, não há melhor... Viva, pois, de saber que maiores são os poderes da certeza, e junto deles manda, senhora, a dor que nos prepara o dia de invadir o leito da saudade na paz dos mistérios em constante movimento.

sábado, 27 de agosto de 2011

O gosto das palavras novas

Há inúmeras formas de ganhar o dia. Dentre as muitas maneiras de tornar saboroso o tempo diário bem pode significar adquirir novas palavras para contar as velhas histórias desse chão. Entre a pessoa e os objetos, ali, imperam as palavras, entes sagrados, o significado de aprender para ensinar aos outros o conhecimento adquirido, nas presenças desta vida.

Assim, quando passamos a outros só os objetos e suas movimentações, transmitimos o que vemos no jeito que podemos. No entanto quando, a isto, acrescentamos o sentimento e repassamos palavras, no reflexo do que vemos, produzimos poesia.

Caso trabalhemos com os frios fenômenos da natureza, descrevendo e ensinando, repetimos, transmitimos técnicas, construímos nos outros a ciência. Quando, porém, dizemos daquilo que nasce dentro, no coração da gente sua forma abstrata, sem comparações com o mundo real, visível, material, trabalhamos os setores da alma. A arte vem desse lugar. Arte, o empenho dos artistas pretenderem que os demais sintam o que eles sentem, e, nisso, elaboram peças de sabor espiritual, os conhecidos bens simbólicos.

O nível de receber essas produções varia ao infinito, no grau de cada indivíduo percebê-las. Esse poder de captar o fazer artística que resolveram batizar de sensibilidade, palavra que representa o padrão de receber os impulsos da criação artística nos seus vários segmentos e manifestações. Música. Pintura. Escultura. Cinema. Literatura. Artesanato. Esportes. Teatro. Televisão. Radiofonia. As elaborações da criação nas diversas modalidades, naquilo que tocam adiante a emoção sem a importância prática imediata de modificar os cursos da matéria no meio dos fenômenos. Sem nutrir o corpo físico, resultar noutros objetos, gerar movimentos imediatos no mundo das ações e dos interesses apenas mecânicos das circunstâncias.

A arte reflete dinamismo, espaço das possibilidades internas das criaturas humanas. Bem dentro do si mesmo das consciências. No âmbito do prazer mais íntimo. Aspecto personalíssimo, insubstituível. Sentir, ou não sentir; ninguém conseguirá depor no lugar da terceira pessoa quanto ao que esta sentirá, ainda que a isso pretendam os bilhões de seres pensantes.

Daí o senso da beleza, a chamada percepção estética, guardar proporções pessoais, particulares. E as palavras novas falarem das oportunidades desconhecidas chegarem ao coração para ofertar riquezas inexistentes, os valores até então ignorados, ricos de letras e melodias, imagens e cores, traços e luzes, sonhos e esperanças... O gosto desse tesouro adormecido trazido pelas palavras novas.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Palavras desta hora

Poucas vezes uma página em branco me desafiou tanto a pedir palavras e alinhar sentidos à realidade em volta quando esta. Isso durante milhares dos acontecimentos que enchem as telas das televisões e as folhas dos jornais... Quando rebeldes quase já dominaram de todo a cena e derrubaram o ditador da Líbia... Atentados pelo mundo afora, tantos mortos na Nigéria, no Paquistão, no Afeganistão... Há fome dizimando populações inteiras na África... Políticos dão declarações de inúmeras naturezas a propósito de qualquer assunto, nos gabinetes e nas praças... Enquanto o Governo cria novas universidades espalhadas pelo Brasil... Quando professores mantêm grave no ensino público do Ceará... Espetáculos, conferências, seminários, festivais se sucedem na aparente normalidade dos temas... Trânsito assoberbado de novos automóveis e motocicletas velozes... Música, muita música e barulho pelo ar, onde antes havia apenas o som dos pássaros, nas matas conquistadas pela civilização... Boletins policiais recheados nas ocorrências dos plantões alimentam de letargia esse marasmo de repetições dos tristes crimes... Ondas de vícios que corroem de medo o astral da multidão...

Falar do trilho desse barco coletivo lembra as novas gerações sonhadoras que chegaram apressadas ao patamar da história das vidas humanas, querendo a herança que lhes pertence... Os adolescentes, jovens felizes por dentro, cheios de festa no coração, na alma, esperanças altivas do progresso das leis, suas práticas e seus projetos de transformar os filmes exibidos nas telas em alegria nas ruas... Querem reverter o quando de tantas e trágicas barreiras, sem consultar os que pretender substituir dos atores desse filme equivocado que impõem nas bocas de fumo e noites desonestas da política carcomida... Buscam montar o mesmo quebra-cabeças de forma diferente, aonde o brilho venha trazer possibilidades, modificadas para melhor.
Quais defeitos das cólicas que ficarão abandonadas com as estradas boas, esses desejos incontidos de abraçar outras chances parece dominar o tanque das notícias antigas que ainda insistem ocupar o espaço dos vencidos...

Nem por isso, no entanto, desaparecem os sóis esplendorosos das manhãs deste Planeta azul... Vivamos em paz as consequências desta hora indefinida, para alimentar a sociedade harmoniosa do futuro próximo, qual acreditamos sempre nosso interior de perfeição.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Lavras da Mangabeira conta sua história

Numa iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo, a Prefeitura de Lavras da Mangabeira iniciou, sábado, 20 de agosto de 2011, os trabalhos que visam aprofundar estudos relativos ao conhecimento da rica história daquele município.

Comuna das mais antigas do Ceará, elevada a vila em 20 de maio de 1816, Lavras detém um passado de expressivos acontecimentos, desde quando chegara o seu fundador, capitão-mor Xavier Ângelo, procedente da Paraíba do Norte, aos feitos legendários da matriarca Fideralina Augusto Lima, das primeiras mulheres que assinalaram a vida brasileira nos primórdios da colonização do interior, pela fibra de coragem e liderança altiva diante das agruras do semiárido nordestino.

Visando, pois, a preservação desses valores históricos que definem as origens de famílias e instituições, nas formações locais, a prefeita Edenilda Lopes de Oliveira Sousa (Dena) e Miriam Linhares de Sá e Sousa (Manta), secretária de Cultura do município, organizaram mesa redonda composta por membros da comunidade, autoridades e titulares da Academia Lavrense de Letras, visando debater fatos históricos que definem a estruturação de um futuro seminário sob o tema História de Lavras da Mangabeira – Valores, Cultura e Artes da Cidade, do Município e Região.

Ao término dos estudos, será elaborado vasto documento que consolidará os feitos dos povos do lugar considerados os pontos de vista religiosos, econômicos, políticos, educacionais, científicos e turísticos.

Esse primeiro evento ocorreu nas dependências da Escola Estadual de Educação Profissional Professor Gustavo Augusto Lima (ex-Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira), em solene reunião presidida pela professora Fátima Lemos, da Academia Lavrense, com a presença da chefe do Executivo, professora Edenilda Lopes, do deputado estadual Danniel Oliveira, educadores, representantes do Legislativo, autoridades civis e religiosas, profissionais liberais e de um bom público, os quais prestigiaram a realização.

Ao empreender essas pesquisas, os lavrenses demonstram sentimento cívico e exemplo pedagógico, aprimorando meios de desenvolver e educar as novas gerações numa louvável providência.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

As lembranças bem guardadas

O meu amigo Tiago Duarte mora em Crato. Antes estudara e fora casado em Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde deixara uma filha, Aline, que agora tem sete anos e vive junto da família da mãe, longe, pois, do pai, que este ano resolveu visitá-la na quinta-feira da semana que antecedia o segundo domingo de agosto, o Dia dos Pais.

Chegou à Cidade do Sal em tempo suficiente de participar da festinha anual do colégio que homenagearia os pais dos alunos. Passara rápido no hotel, tomara um banho e rumara ao local.

Às 16h, ocorreria a solenidade na quadra do colégio, sob os olhos animados de professores, alunos e familiares. Ao terminarem os pronunciamentos, apresentações artísticas e outras movimentações, os pais seguiram até as salas, no sentido de receberem algumas lembrancinhas dos filhos, como organizam os colégios em tais datas.

Nessa hora, Tiago observou que Aline recebera a sua lembrança das mãos da professora mas evitara lhe repassar na mesma ocasião, qual faziam os demais colegas. Cuidadosa, guardara na bolsa a prenda e dirigira-se ao pai convidando-o para descerem ao pátio do colégio.

Ali, num ponto reservado, de mãozinhas delicadas, abriu a pequena bolsa e disse ao genitor:

- Papai, nos anos em que o senhor não pode vim eu guardei as lembrancinhas para o senhor. – Nessa hora, Tiago, que já disfarçava algumas lágrimas, observou emocionado surgirem enfileirados os mimos que a menina carinhosa guardara ano a ano.

Eram elas um chaveiro de moto feito um cordão grande e a medalhinha de São José na extremidade. Outra, uma lanterna pequenina, já meio gasta pelo uso, o que decerto a criança usara nas suas brincadeiras. A terceira, moldurazinha de praia de uns 10cm de altura por uns 5 de largura, realçando fotografia de um pai pegado com o filho, levando-o ao alto, e a frase Pai, você é o meu herói. E, por fim, a lembrança atual, boné decorado pela inscrição do nome do colégio.

Em seguida, Aline também tiraria da bolsa desenho de seu próprio punho onde mostrava três figuras. A dela, Aline, e a palavra filha. De Gabriela, e a palavra irmã. Na outra, um homem e as palavras papai, Tiago. Todos felizes. Do lado, uma árvore bem delineada e o Sol risonho. Em cima do desenho, este pensamento: Agora a família está completa.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Concepção de Deus


De acordo com o Blog Boa Saúde nesta segunda semana de agosto de 2011, resultados de uma pesquisa promovida pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, dão conta de que doentes que guardam sua fé em um Deus benevolente possuem tendência natural para diminuir as preocupações e tolerar melhor as dificuldades do que outros que acreditam em um Deus punitivo ou indiferente.

Por isso, os estudiosos admitem que os profissionais da saúde mental devem passar a integrar as crenças espirituais de seus pacientes na formulação dos tratamentos. Este zelo para com as crenças dos que procuram tratamento médico psiquiátrico favorece sobremodo o encaminhamento da cura.

A força psicológica que advém da fé religiosa estabelece, pois, segundo esse trabalho universitário, bases pessoais a fim de auxiliar os encaminhamentos clínicos.

Tais constatações guardam estreita relação com a interpretação da existência pelas escolas religiosas, esclarecendo, aos olhos da ciência oficial, os motivos que conduzam a Humanidade aos valores íntimos do espírito no conceito das criaturas e na formação das suas tradições.

Isto reforça o quanto a constituição humana dispõe dentro de si própria dos mistérios e poderes renovadores da vida. Os pensamentos e sentimentos trabalham silenciosamente para restabelecer o equilíbrio da Natureza nos organismos.

As implicações desta pesquisa para o campo da psiquiatria é que nós temos que levar mais a sério a espiritualidade dos pacientes do que nós fazemos hoje, assegura David Rosmarin, um dos autores da investigação científica. A maioria dos psiquiatras está despreparada para conceitualizar como as crenças espirituais podem contribuir para o estado afetivo e, assim, muitos teimam em não integrar esse tema no tratamento de uma forma que seja espiritualmente sensível, conclui o estudioso.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O tônico da alegria


As dificuldades importam pouco quando existe ânimo bom de olhar o mundo através das lentes do humor positivo. Revogar as tristezas e formar nuvens de tranquilidade significa doses de saúde em forma de causar sentido novo aos velhos desesperos das ausências de controle. Esse o jeito de dominar os sentimentos por meio dos pensamentos, que representa tudo nos momentos difíceis das estradas.

Ao pensar se abre a porta de receber os impulsos que vêm de fora. O sentimento mora na casa vizinha dos pensamentos. Antes de chegar ao sentimento, os impulsos primeiro batem na porta dos pensamentos.

Quando pisam os nossos pés, olhamos quem pisou, e o motivo. Em sendo nosso filho menor, por mero acidente, logo relevamos e até sorrimos em troca. Porém havendo as segundas intenções de um desafeto para nos provocar, sobe o fogo das respostas, o que haverá de se dominar a qualquer custo, para evitar desgostos e traumas.

Sim, isto para falar na alegria. Antes das risadas, queremos motivos. Raros, raríssimos, são os bons humoristas neste mundo. Programas ditos de humor, na televisão brasileira desta fase, por exemplo, causam mais contrariedades do que alegria. Filmes e atores que fazem rir custam a surgir. Marcaram época, Carlitos, Cantinflas, Oscarito, Chico Anísio, ligeiro desaparecem e deles poucos nascem.

Saber rir... que rara qualidade nos seres humanos. Dados à fria competição, perderam a virtude das boas risadas, do sorriso nos lábios, da gentileza e da esportividade. Meio que imitando as máquinas que fabricam com tanto gosto nas indústrias, os habitantes das cidades cavam um pezinho para xingar, agredir e soltar o instinto agressivo de suas máquinas individuais. Enquanto isso, estudos revelam o papel principal da alegria na manutenção da saúde. Querem paz no coração, no fígado, nos intestinos; horas agradáveis de sono; boa digestão; bons relacionamentos com os nervos; recebam de bom grado as circunstâncias felizes dos dias.

Este tônico vale ouro, o senso de humor que amacia as crises, desavenças e notícias desagradáveis, assim como o Sol clareia as sombras da noite e abastece de esperança a riqueza de todo dia.

domingo, 7 de agosto de 2011

A semente dos dias

Bom gosto é a cultura e o conhecimento que define as gerações deste imenso Universo. Nem todo mundo sabe o que melhor lhe atenderá, pois precisa aprender um tanto mais até chegar a agir, com naturalidade, e cumprir, com sabedoria, os praticados desta vida de aprendizado constante.

Descobrir disso o jeito certo de caminhar significa as longas experiências, às vezes tristes, outras agradáveis. Sendo que, dos dois jeitos de adquirir conhecimento, pela dor ou pelo amor, a grande maioria escolhe, em primeiro lugar, sofrer antes para, só então, aprender e valorizar a tranquilidade da consciência em paz com os outros e consigo mesmo.

Sempre, no entanto, as oportunidades se repetem, e as pessoas desfrutam da de refazer os passos, ou pelo arrependimento das ações equivocadas que praticou, ou pelo interesse de obter novas marcas de sucessos, e crescer.

Isto a gente só adquirir à medida que cumpre os dias nas folhas deste chão. Portas abertas nas madrugadas às novas oportunidades se refazem simplesmente ao sol surgir, independente que quaisquer das limitações individuais. Estas sementes são, no entanto, as ofertas da natureza aos que souberem usufruir da perfeição infinita dos seus fenômenos. E bom gosto dependerá dos que os utilizam no crescimento próprio, pela dor ou pelo prazer de cumprir o dever com alegria.

Plantar o que é bom a fim de colher frutos bons, eis a Lei.

Ao descobrir tal segredo, caberá aos pensantes selecionar as sementes a germinar no solo dos corações. O plantio alimenta o futuro, porquanto essa Lei de Ação e Reação não escolhe pessoas, mas delas é escolhida.

Que quer ser feliz deve, sem discriminação, plantar sementes boas, originárias das chances de todo dia. Ninguém melhora apenas para os outros. Quem desfruta das práticas são os autores do bem que possa praticar, nisto há justiça eterna, em tudo, por tudo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

João Paulo II

Veja só como os assuntos se organizam na cabeça da gente para chegar ao papel. Ontem, no início da tarde, me preparando para rápido cochilo, no programa Forró do Povo de Deus, da Rádio FM Padre Cícero, ouvi J. Farias cantar a música Obrigado, João Paulo, de Luiz Gonzaga.

Mais tarde, ao despertar, o baião ainda persistiu rondando meus pensamentos por mais algum tempo, João Paulo II / De Deus, grande graça / O povo te abraça / Em ti, vê Jesus / Feliz te agradece / Por o visitares / E a Cristo adorares / Na Terra da Luz.

Já à noite, na casa de um amigo, me deparei com álbum editado pelo jornal O Povo, de Fortaleza, com a retrospectiva da publicação desde seus inícios em 1928, fundada que fora pelo jornalista Demócrito Rocha. Lá estavam, no meio de muitos acontecimentos que marcara o período, as andanças de João Paulo II pelo mundo, a visitar os fiéis católicos, nas inúmeras viagens que realizou, inclusive duas vezes nas terras do Brasil. Fotografias das figuras importantes que marcaram o século XX desfilavam pelas páginas, Nelson Mandela, John Lennon, Mahatma Gandhi, John Kennedy, Che Guevara, Mao-Tsé-Tung, Martin Luther King e tantos, e tantos outros.

Das personalidades mais influentes dos séculos do Catolicismo, João Paulo trouxe na divisa latina do seu papado a insígnia De labore solis, que, em português, significa Do trabalho do Sol, interpretando qual seu modo de acompanhar a Terra nos movimentos constantes de rotação e translação em volta do Sol e do próprio eixo.

Incansável, realizou excursões ao resto do mundo, descentralizado das preocupações anteriores do Vaticano, com isto demonstrando carinho imenso pelos povos e lugares onde andou a beijar o solo em que chegasse.

No Ceará, receberia a feliz homenagem nessa canção sertaneja de bela feitura. João Paulo II... / A tua visita / É graça bendita / Pro povo cristão / É felicidade / Privar da amizade / Do teu coração. / Pastor muito amado / De amor nosso brado / A Deus levarás. / E a Roma voltando / Saudades deixando / Entre nós ficarás. Letra inspirada do padre Gothardo Lemos e música do Rei do Baião, que este interpretou com alegria, expressou com propriedade o tributo dos nordestinos a quem a Igreja cogita tornar santo e o transformou em beato neste ano de 2011.

Raros papas de outra nacionalidade que não a italiana ocuparam o trono de São Pedro. Karol Jósef Wojtyla foi um desses, que deixaria lembranças imorredouras no seio da humanidade. Virtuoso, amigo, desempenhou relevante papel sociopolítico no milênio que passou, dando exemplo de bondade entre os líderes da cena mundial, agora motivo deste rápido comentário.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sentir a dor alheia

Isto já ensinam as religiões desde priscas eras, em se colocar no lugar do outro nas horas necessárias, para saber o que ele sentirá diante das circunstâncias que o levaram ao erro de comete delitos graves ou leves quais sejam. Antes dos julgamentos prévios há de haver essa formação de uma consciência da dor que ele amargura, e, só então, agir e condenar.

Tais avaliações anteriores às sentenças previnem o risco das limitações humanas; o impulso dos interesses particulares e injustos. Invés de jogar mais carga nas costas dos semelhantes pela precipitação, buscar, sim, diminuir o peso que outros carregam, porquanto, no solo comum das existências, funcionam bases maiores da justiça que predominam todo tempo.

Inúmeras vezes, o egoísmo dos desejos próprios determina as ações das criaturas, levando-as ao tribunal antes de realizar os julgamentos a que se propõem. No Evangelho, Jesus trata o assunto com extrema clareza quando fala de quem enxerga o argueiro no olho dos outros e não vê a trave que existe no olho de quem julga. Bem humano esse jeito de laborar, no transcorrer dos séculos.

Com isso, aprender a lição da transferência para si mesmo das agruras alheias, o que facilita sobremodo o gesto de viver, orientação dos campos da sabedoria. Observar na distância de algumas braças até compreender e julgar, e procurar a justiça nos armários da consciência individual, pois a lei superior mora gravada no íntimo do ser que somos, a fim de enquadrar os companheiros de viagem nos artigos em que é sujeito lá estarmos escondidos, eis uma norma de real valor, neste mundo ainda contraditório.

O resultado dessa atitude refinada produzirá frutos bons junto ao direito universal da Natureza, nos momentos que virão depois, guardando saldos positivos de bênçãos em forma de saúde perfeita, amizades, respeito coletivo e construção definitiva das esperanças de um paz social duradoura em benefício de todos nós.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Crônicas cangaceiras

Em dias recentes, com satisfação recebi o livro Cariri: cangaço, coiteiros e adjacências, de Napoleão Tavares Neves, publicado pela Thesaurus Editora, de Brasília DF, em 2010. Sob o ordenamento das memórias recolhidas de suas observações e escutas, Dr. Napoleão descreve as presenças do cangaço na região do Cariri cearense e entorno através de crônicas bem narradas, fotografias primorosas de um passado que ainda perdura no seio desta humanidade, inclusive nos interiores sertanejos.

Capítulo a capítulo, vemos desfilar episódios marcantes que nutriram as histórias repassadas dos ancestrais da primeira metade do século XX, nas salas, varadas e bagaceiras de sítios e engenhos, dotes imorredores daquilo que praticaram coronéis, polícias e cangaceiros, desfilar de casos que apavoraram o imaginário social antes de chegar o tão propalado desenvolvimento da indústria moderna.

Enquanto escorrem das letras filmes desse acervo de rifles e punhais dos tempos em sobressalto, nas maldades dos Marcelinos, de Sabino, Antônio Silvino, Lampião, cenas horripilantes de crimes impunes dos dois lados do feudalismo em decadência, transcorria também a história do mesmo homem e das dimensões trágicas que carrega consigo na busca da perfeição.

Quando criança, ouvia, na escola, apenas o lado romântico das vitórias, nos acontecimentos históricos. Esse aspecto escabroso de cores amargas pouco aparecia na movimentação das tropas e dos confrontos. Achava até que o pior restava só na memória. No entanto ainda se anda longe dos dias de paz plena.

As versões escutadas pelo autor barbalhense, ora transmitidas através dessa obra literária que leio, atende às necessidades do conhecimento de assuntos ocorridos aqui por perto, lugares conhecido no desfilar dos calendários. As marcas cruéis da violência campeavam nas quebradas das serras, no meio dos marmeleiros das campinas esturricadas, nos brejos. Tiros, incêndios, cavalgadas, talhes de facões, medo, destruição, em época de ninguém obedecer aos ditames da Lei nas ações, fosse qual banda fosse que a executasse, casos típico dos fuzilados do Leitão, nos arredores de Barbalha, e do fogo das Guaribas, em Brejo Santo, para executar Chico Chicote.

Esse tropel de cenas guardadas pelo escritor transmite com maestria o panorama daquela fase rude que parece não ter fim diante das injustiças que pouco mudaram nos dias de hoje. A diferença mais forte, porém, é que as histórias tristes deixaram de ocupar as conversas noturnas das varandas brejeiras de sítios e fazendas, e repontam frescas na guerra aberta de extermínio a plena luz do dia nos programas televisivos dos horários de almoço da atualidade cangaceira.