quarta-feira, 17 de julho de 2024

Culturas do Cariri cearense


O Cariri cearense é um dos maiores celeiros de cultura popular e folclórica do Nordeste brasileiro. Nota-se a grande quantidade de grupos e manifestações aqui existentes; bumba-meu-boi, maneiro pau, bandas cabaçais, reisados, trancelins, emboladores, penitentes, festas juninas, contando com diversas manifestações além disso, os aboios, a dança do coco, etc., sem se falar na grande riqueza das lendas, na religiosidade, na culinária e em vários outros costumes. A Exposição do Crato passou a ser o evento de maior expressão da cultura popular, reunindo anualmente os mais diferentes grupos folclóricos vindos de longínquos pés-de-serra, para deleite de turistas e citadinos; suas cores, danças e músicas, suas belas caboclas e tantas outras coisas. Um nome que se destaca em defesa do folclore no Cariri é o do escritor J. de Figueiredo Filho.

Acrescente-se a tudo isso a religiosidade de Juazeiro do Norte, onde se instalou uma nova religião, através do culto popular ao sacerdote católico Cícero Romão Batista, o Padim Ciço, o que reúne culturas as mais variadas, com rico artesanato e ampla expressão de cultura popular. Juazeiro é hoje um dos maiores pólos de manifestações etnológicas quiçá de toda Terra. São três grandes romarias que acontece no decorrer do ano, em um montante de visitantes por volta de 1 milhão de romeiros.

REISADO – Eis manifestação das mais ricas em cores e dança. Grupos de homens, geralmente camponeses com vestes e indumentárias que remontam os antigos guerreiros da Idade Média, de fitas coloridas, meiões, técnicas, espadas, de cor predominante o vermelho, adornado de pequenos espelhos. A música vem acompanhada de uma de banda de couro, violeiros e todos cantam em coro os refrões. A dança de cunho religioso traduz batalhas travadas em ritmo cadenciado (mouros e cristãos), utilizando espadas. Os integrantes do grupo se dividem em fileiras. Uma personagem de destaque no reisado é o Mateus, com roupas extravagantes, um chicote a punho e sua voz estridente. Apresenta-se com o coringa, o palhaço do folguedo. No Crato, o reisado se faz apresentar com o bumba-meu-boi, trazendo o jaraguá (animal da fauna regional que surge no meio da dança).

No Crato, o grupo de reisado mais conhecido é o do distrito de Bela Vista, comandado pelo mestre Aldemir, que conta com o oficio de puxador de reisado herdado de seu pai. Um dos seus filhos já está se preparando para assumir o posto. O mestre Aldemir começou a sair no reisado com três anos de idade. No grupo da Bela Vista também dançam mulheres, o que não é comum em outros grupos.

MANEIRO PAU - Antiga dança de roda cantada e ritmada com palmas. Os dançarinos viram-se para direita e para esquerda, com leve e cumprimento ao companheiro deste lado, ou fazendo menção de dar umbigada. Cantam quadras intercaladas com o refrão maneiro pau. Em Crato, esta dança é ritmada ao som dos cacetes se chocando entre os dançarinos.

COCO - Uma dança entre homens e mulheres, no terreiro das casas, geralmente em festas juninas. Existem vários estilos e modos de dançar o coco. Bingolê, gavião (dançado por homens), embolado, etc. No bairro Batateira, em Crato existe um grupo de coco formado somente por mulheres com cerca de trinta e cinco membros. Outro destaque no coco é o grupo do poeta e teatrólogo Correinha e do mestre Cirilo, também na Bela Vista, no município de Crato.

Em Crato, encontramos bem definidas as manifestações populares e eruditas, clubes e agremiações literárias; do primitivo ao científico: o maneiro pau, o milindô, a banda cabaçal, os reisados, as renovações nos pés-de-serra. Com a mesma força, Crato expõe com maestria grupos cênicos, corais, balés, poetas populares, várias edições periódicas de revistas e jornais e a orquestra sinfônica da Sociedade Lírica do Belmonte, formada por jovens trabalhadores, sob a orientação do sacerdote católico Padre Ágio Moreira.

No Cariri, cultura e arte fazem parte de sua rica tradição e história recheada de momentos heróicos nos acontecimentos nacionais.

(Texto de 14/09/2006).

(Ilustração: Banda Babaçal dos Irmãos Aniceto).

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