terça-feira, 30 de abril de 2019

Triunfo solitário

Vencer o mundo, eis o principal motivo das buscas humanas. Aparentemente simples pensar nisso, porém de extrema dificuldade exercer tal função a que viemos, sem o quê tudo terminaria em mera frustração de um projeto definitivo; vencer em si os questionamentos, e chegar ao objetivo circunstancial das existências.

É assim desde sempre, na avaliação dos filósofos e místicos. A resposta de cruzar as torrentes da ilusão e obter o sucesso, diante dos corpos de carne que descem na correnteza, serve de repositório às tantas provações, aos caprichos e prazeres; nascemos submetidos às leis, no entanto sendo espíritos a que precisamos santificar e galgar páramos celestiais. Por certo difícil de explicar, no entanto desse modo se apresenta o mistério de que fazemos parte integral, inevitável. Atravessar as barreiras dos muitos desafios e ganhar a liberdade glamorosa e desejada, tal o resumo da história e dos homens. 

O apetite aos apegos, contudo, escravizam nas jornadas sucessivas ao trilho das perdições, dos charmes de intensidade angustiante, quando nisso os barcos sacodem pelas aventuras do tempo. Há um filósofo dinamarquês, Soren Kierkegaard, que classifica em três fases a jornada terrena: Fases estética, ética e mística. A primeira, que se poderia chamar de erótica, oferece à carne os alimentos físicos de que reclama; na segunda, vem o senso da responsabilidade e preocupações de ordem moral; e por fim a fase mística, no auge dos anseios de respostas ao sentido do que a vida significa.

Só poucos completam tais ciclos sem grandes frustrações, no objetivo essencial de existir, entretanto eis a única razão das vidas na humana consciência, quando, um a um dar-se-á ao real valor do que aqui encontrar, nesse vale de lágrimas. Quantos se prenderem, pois, aos rochedos das ilusões repetitivas apenas adiam o momento pleno da transformação, triunfo dos amargores. Bem forte saber que nenhum outro caminho resta de usufruir a divina perfeição; não importem as aflições, plantemos a paz no seio do que já somos, matrizes da Perfeição.





segunda-feira, 29 de abril de 2019

Esquinas do silêncio

O Tempo, sinônimo de existência de tudo que existe nas vagas e partículas do espaço, feito guardião das luzes que vez em quando brilham nas almas e nas pessoas, as transforma em artesões da felicidade absoluta de que somos parceiros exclusivos. Ele pousa de modo suave na face única da realidade. Reconhece pouco a pouco o terreno. Avista os antes e os depois. Soma e diminui, divide e multiplica os sentimentos que arrastam as multidões. A todos permite esses instrumentos de resolver o quanto precisam em termos de selecionar o resultado das equações movimento. Nisso somos criadores da qualidade pura dos momentos. Evitamos as dores e promulgamos resultados favoráveis de ver o mundo, sempre sob o olhar atencioso do Tempo. 

Ele, Tempo, concede meios de fabricar as horas das criaturas, matéria prima das produções individuais. Ninguém deixa de merecer o que evitar ou dificultar. Olha-se o panorama ao estilo de solucionar as oportunidades disponíveis. Jogar fora os bons sabores sujeita machucar o astral das pessoas. Má vontade significaria tal resposta que virá ou não virá, a cada um conforme o que merece. Artífices hábeis jamais danificam a peça que trabalhem, porquanto caberá a si o ônus de conhecer o tanto de manusear horas, recursos e a chance ímpar da ocasião, do agora elaborar o instante, na valsa nobre da autenticidade pessoal. 

Ninguém, pois, alegará ausência de condições na construção das esquinas de paz que mora o íntimo quando atira nas calçadas a fama e o direito de reverter quadros e situações todo tempo, no infinito da Lei entregue em suas mãos de minerador da vida. 

Fugir de esse poder infinito apenas representa pouca habilidade no desejo, dando de cara nas muralhas intransponíveis do destino, horas mortas nas próprias correntes de valor a si depositadas pelo carinho da Liberdade, personagem primo e irmão da Sorte, o ser amacia o gosto de encontrar harmonia. Poucos, nenhum que seja, fugirá aos caprichos daquilo que estabelecer nas atitudes face de eles oferecidas nas curvas do provável. Senhores de si e do direito sobre o que criar, vamos no barco dos fiéis do agora mesmo imaginar, porquanto o autor de tudo assim permite de poder.

domingo, 28 de abril de 2019

Paisagem lunar II

Onde o tempo nunca esvazia viver e permanecer, sempre, nas dimensões infinitas do eterno, bem ali, na suavidade dos sonhos, no seio do coração, que vem e volta a sorrir aos céus. Quem chegar, porém, ao amor de verdade saberá disso, como ninguém, de existir a felicidade em segredos guardados a sete chaves. Comunhão de luz e paz, as saudades jamais têm razão quando preenchem as paisagens dos corações em marcha batida. O que é tudo senão o que pensamos de tudo (Fernando Pessoa).

As emoções que transbordavam e viravam palavras, agora são pedaços de ilusão jogados ao vento dos pensamentos, no esforço sobre-humano de querer apressar o momento e resultar disso, de doer na alma, na fome intensa de viver os desejos escondidos, pois transportavam nos passos a angústia de encontrar respostas a esse enigma do seu interior, altares de sacrifícios de vaidades e evasão da sorte. Quisessem, num querer de consciência, e desvendariam todo o poder de que são portadores.

Máquinas de beneficiar horas em milagres, apenas tangem os barcos da Salvação no rumo desconhecido, e alegram os dias em festas evanescentes. Vendem os sóis, que recebem pelos instantes de paixão, e acham suficiente sobreviver aos mistérios e às ocasiões tais viajantes perdidos em mundos ignotos. Pisam a sombra das visões que nutrem e gargalham, amantes das ausências e saudosos de um passado inexistente, rastros impossíveis de saber aonde foram eles desde antes de terem sido algum dia. 

Quando querem, no entanto, regressam de longe e sabem do destino procurar, e choram, e gritam, e oferecem mil sobras daquilo que ainda trazem consigo no íntimo a troco das vontades abandonadas à sorte ingrata, solitários indivíduos alimentam à força de ser cruzar a morte, de lá do abismo o silêncio, naus largadas ao trilho azul da imensidão; daí deparam com o sentido de tudo isto o que já significavam.

(Ilustração: Inferno, de Botticelli).

sexta-feira, 26 de abril de 2019

É o amor que move o mundo

Isto em um sentido mais amplo de interpretar as tantas avaliações do pensamento humano, donde vêm conclusões simplórias, no entanto a exigir profundida. Ver nesse amálgama invisível o quanto de poder detém a força motriz de tudo, razão principal do mecanismo universal, dos fenômenos de todos os reinos, possíveis e imagináveis, o que dominará para sempre o princípio dos astros e das presenças. 

Amor, toque, charme, motivo, interpretação e conteúdo; consistência e virtude; sombra e luz; identificação maior das origens e dos destinos; energia e movimento; Luz e Sol; coerência e continuidade, nos rastros do infinito cósmico. 

Por isso que tantos buscam, em livros, filmes e novelas, contar desse furor matemático, no entanto, vezes sem conta, objeto de grosseiras, descabidas e sórdidas imitações; quimeras atrozes da real certeza do que, em verdade, seja a luz esplendorosa deste sentimento maior, justeza dos valores e das lendas, sagas e civilizações. Apesar dos equívocos, pois, a epopeia das viagens individuais continuará, quando saber-se-ão sólidos ao descobrir pousos perfeitos na beleza de amar e ser feliz, objetivo das ações e dos empreendimentos desde as priscas eras.

Existe um código por decifrar nesse itinerário do homem aos Céus, diagrama da transformação de seres físicos nos entes imortais, deuses e visões superiores, os denominados Espíritos puros. Do zero ao Infinito, assim somos, os claudicantes desse chão de conflitos e trabalho. Meros observadores de si, lá certa feita verão o quanto de consciência sobreviverá por baixo dos escombros das gerações, e alimentarão salvar as almas, escravos e senhores de corpos perecíveis, atores das histórias e buscadores do Amor em plenitude. Superarão, em si, o desânimo dos finais melancólicos e verão no mistério de que foram parceiros a força da própria Realização.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

O império da beleza

Há de se perguntar quais leis determinariam tanta lucidez no que existe de harmonia, equilíbrio, perfeição; que poder de tamanha proporção que tudo determina dentro das normas absolutas de linhas e tonalidades, maestro de luzes e cores, desde o mínimo ao máximo do quanto realiza em todo Universo. 

Sob, pois, essas leis de suprema grandeza seres e formas movem o cenário da tecnologia dos Céus, concatenando situações num constante ir e vir, trabalho dos artesões da constante atividade do Cosmos. Enquanto que nuvens de mistério ainda envolvem os segredos da Criação, código em processo de revelação permanece no silêncio e sustenta o ritmo em atividade. 

Nisso, evidentes fatores impõem sua força inigualável que rege e domina e coordena as tantas fases das existências. A beleza representa uma dessas fases. Ninguém está fora desse fascínio do belo, porquanto, tais marionetes do Destino, os humanos rendem obrigação aos ditames e recebem os frutos..

São exatidões matemáticas, virtudes que norteiam entre agir e receber os resultados das ações. À medida que descobrem o trilho da extrema perfeição, eles usufruem das maravilhas incontáveis do Tempo eterno.

Bom, no entanto, já agora conhecer o quanto possível seja de sobreviver à destruição e prevalecer durante a Eternidade, viver a paz e chegar no amor, daí preenchem todos os sonhos da imaginação. Vivem a plenitude mesmo sem identificá-la com a claridade do Autor de tamanha magnitude. 

A beleza traz isto consigo; reúne as circunstâncias do que passou neste chão durante eras sucessivas e sintetiza feixes constantes das qualidades puras, desde a fé, o dom divino de que emanam os bens da infinitude. Envolver a bondade nos critérios mais amplos que sejam acalmará o coração das criaturas nas festas de louvor e aceitação. A beleza, que demonstra o senso de justiça e sabedoria e que originou a Vida, preservará para sempre os nossos corações.

domingo, 21 de abril de 2019

As leis do coração

                                
São determinações definitivas. Nem adianta querer delas fugir, porquanto de novo haverá só encontros inesperados com a alma lá no seio vivo da Natureza, força que persiste nas águas da imensidão, que tem disso valores que conduzem permanentemente todos os acontecimentos qual fiel da balança da sorte nas forças equilibradas, poderosas, independentes da vontade pessoal dos indivíduos. Normas do destino, equivalem ao curso original de tudo quanto percorre as veias do Destino, semelhantes à Lei da Gravidade, às leis de Newton, ao ritmo do Tempo, às pulsações do coração. Achamo-nos a elas submetidos sem jeito de rever o percurso dos ventos e das cores, porquanto também somos partes dos mesmos elementos, feitos dentro das concepções do Universo inteiro.

Ainda que seja assim, humanos insistem tantas vezes na procura de modificar o que desse modo acontecerá, querendo outros trilhos e nisso mudar a tendência de chegar através da vontade superior, agricultores dos campos do impossível. Quisessem agir de acordo com tais referências da ordem e existiriam bem mais chances de acertar nas roletas da felicidade. Trabalhariam sob as condições favoráveis que regem e dominam.

No entanto, elas já repousam dentro de si, guardadas a sete chaves, na certeza dos argumentos que irão prevalecer ao término das estações durante as eternidades que vagam livres Face aos poderes dessas leis, o êxito vem de prevalecer no trecho final das cenas. Elas, que têm guardadas no íntimo as possiblidades do inevitável.

...

A fim de resumir pensamentos, aqui vale dizer o quanto representam os sentimentos que invés de contradizer as leis do coração podem constituir os meios de renovar as esperanças e aceitar o senso de viver em paz; eis o sentido de aceitar as chances de constituir a Salvação, o que, aliás, está nas nossas próprias mãos, amar e ser amados.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Algumas palavras mais

Porquanto há sons que vagam no ar desta manhã e feitos música avançam dentro da gente à busca das respostas, o sentido de tudo que isto daqui percorre as veias do Infinito que nós somos. Trocar sons em palavras que digam o que eles possam dizer. Esclarecer o motivo de andar nesse tempo/espaço, restos de ontem/desejos de amanhã e uma multidão que anseia. Corpos em queda livre ao nada, de olhos fixos nas ausências, esquecidos estão das presenças e das vidas em movimento vindos dalgum lugar. 

Isto de saber das Sextas-Feiras da Paixão e perguntar a quê Jesus contar sua história de vencer o mundo e regressar ao Mistério. Corpo filho de Deus à busca da Salvação. Nós, esses corpos em busca da Salvação. E Ele a mostrar ser possível. Percursos interiores dessa longa jornada, vamos nós, de olhos fixos nas ausências, esquecidos, por vezes, das presenças e das vidas em movimento.

O caminho, o amor, o Amor, no coração da gente. Despertar a nossa natureza de libertação do nada, instrumentos de vencer as irreverências desse Chão onde a busca segue leis impostas pelas determinações originais. Preciso que assim seja, cavalheiros andantes das existências, constituímos almas em sonho de realidade pura. Em nós, por isso, o laboratório da verdade que transportamos junto do peito e padecemos os dias quais senhores em formação. 

Já foram tantas vivências, padecimentos, equívocos, e seguimos adiante sob o crivo da Razão, pedintes da mesma porta, autores da Plenitude absoluta, porquanto herdeiros do Paraíso. Agora, vencer o passado, limpar a leira e plantar o fruto de esperança em nós. Cá estamos no lugar certo em meio às contingências que compõem o quadro vivo da consciência humana. Reinterpretar o sentimento e rever os caminhos. Minúsculos seres do Universo ilimitado, transportamos a essência do poder da Criação e vivemos a conquista da nossa missão, o instante da mais eterna Felicidade.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Manhãs de sol intenso II

À busca de respostas, eles viajam seres entre seres, minúsculos fragmentos dos tantos que passam livres na imensidão das noites. Sonhos multiplicam tantas horas de angústia, expectativas, e as histórias cortadas nas lâminas afiadas que sustentam dragões e realidades no correr das existências. Ação em tudo. Só ação de movimento insano. Vontades férreas, no entanto, de ver brilhar o sol constante do desejo de amar e ser amado, que domina as massas humanas. Vagas assustadas das luas e dos olhos presos aos depois, contudo são ferragens nas horas e nas cidades metálicas. Guerrilheiros da felicidade, resistem de todo custo a essas garras do Tempo; sustentam a fleuma de vencer os instintos e chegar aos Céus da realização, independente do que sofram durante o percurso, indiferentes aos custos da festa. Justificam as aparências do quanto lutam até vencer o desconhecido, superar o fugidio. De certeza, padecem da fome de sucesso, do prazer incontrolado e do apego ao chão.  

Mas as manhãs igualmente mostram faces radiosas de luz, aves que balbuciam a brisa nas árvores, marulhar dos riachos lá fora; nisso, no palpitar dos instantes, caixas e caixas do invisível percorrem o mar imenso do espaço das palavras e dos sentimentos; a largueza do vazio silencioso, contundente, revira o turbilhão das horas, enquanto a natureza todos conforta e domina. Saber-se existindo e sorver o momento, eis a razão principal de tudo quanto circula nos humanos por vezes alegres, cheios de vida, que saem aos dias frios envoltos no manto dourado que os aguarda. Com isso, em face das fragilidades que ainda cobrem o mais íntimo coração, percorrem as calçadas quase que cientes da Verdade, e mergulham o impossível à cata de pedras preciosas e paz; de alma larga, sentidos ligados aos motivos de pisar a lama desses pântanos, eles descobrem pouco a pouco serem coautores da Libertação que lhes espera logo ali adiante no abismo do Infinito.

(Ilustração: Colagem, Emerson Monteiro).

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Alienação permitida

Bem longe disso daqui, em mundos lá distantes no infinito cósmico dos dias, chega de mala e cuia o anseio tosco de se imaginar ainda mais distante. Isto por conta do mau gosto que resolveu taramelar nas pernas dos pontos de encontro da pobre sociedade capitalista que quer dominar o mundo de hoje. Queira olhar isso e veja o que mostram os oráculos em que viraram as televisões e seus filmes esquisitos, de negro extremo, só assunto de causar espanto, e que nem um pouco me interessam, sejam quais forem eles desde que preguem o medo de viajar no tempo. Porque decidi, de alma lavada, escorar nos cantos dos anonimatos o ser ansioso que imprimia vontades de transformação social e que chegou assim troncho, de péssimo gosto, o resultado que oferecem agora. Foram décadas de luta. Horas clandestinas. Porres de esquecer o universo daquelas horas amarguradas. E em que os tais prometedores de revisão do quadro até parece que esqueceram de vez daquilo que antes disseram que fariam depois das possibilidades adquiridas a longas penas. No entanto resolvo deixar de lado o que me apresentam de renovação, e imponho a mim mesmo o forte impulso de esconder a cara nos vagões de bagagem que deslizam rumo ao desconhecido, porém querendo achar meios de alegrar a consciência na busca de valores maiores, fruto da religiosidade que mora dentro de toda criatura. Espécie de apocalipse pessoal, devolvo às eras findas o território da esperança em forma de realização do pensamento em amor aos semelhantes e práticas que acalmam os dentes do animal que impõe as condições sócio-políticas, culturais e ambientais desse momento, o que serve de alimento às feras que fabricam e vendam as armas das guerras fraticidas, corrompem as gerações no uso de drogas, jogos e prostituição, vítimas do desejo insano de nutrir a pouca imaginação que corrói o sentimento feito lama de esdrúxulos pesadelos perdidos no véu das escuridões abandonadas.

Chega, chega de vender a paz a troco de querer acompanhar o ritmo dos vilões que imperam nos teatros da ilusão. Há fortes indícios de tranquilidade quando a gente decide preencher o espaço da existência por meio do gosto bem bom de novos sonhos recentes, na arte de amar e viver a própria vida com carinho possível e claro.

(Ilustração: Colagem, Emerson Monteiro). 

sábado, 13 de abril de 2019

A voz da consciência

Andar neste mundo de olhos e ouvidos ligados às ondas dos mares azuis, e vezes sem conta a indicar oportunidades mil de amar, escutar o tempo nos sons maviosos de vozes distantes aqui bem perto, a voz da consciência. Ela que diz de amar, dos sentimentos fortes da pura beleza inigualável, que eles os poetas sabem disso e alimentam no martírio dos corações que ainda doem. São sinais viajando na brisa que nos invade pouco a pouco almas adormecidas no vendaval de si mesmas, naus das procelas dos grandes navegadores a dobrar lugares nunca imaginados, pousos de remota paz, alimento dos deuses que insistem de querer chegar mais longe, além das próprias forças.

A voz que fala de mim, de ti, de todos. O poder infinito do Amor que a tudo pode, que transforma o coração das gentes e modifica o sabor dos acontecimentos. Amar, verbo definitivo das ações dos humanos, eco das paragens da perene Salvação aonde quem ama evolui o mundo em Si, compõe o quadro da Esperança, irmã gêmea da Felicidade verdadeira.

Sempre contigo vem esse dispositivo de pudor inimaginável, elixir das carências e das dores, sabor de mel e sonho impossível de agora cruzar as fronteiras das emoções e chegar na pátria da tranquilidade ansiada. Portas abertas do Paraíso, nas histórias arcaicas, ela traz consigo o clarão e o trilho de viver as luzes no íntimo da existência. Consciência, o saber de Si.

Por isso, de sonhos e realidades consistentes, passo a passo nos corredores dessa caverna de eternidades, vão seres entonteados da luz que os aguarda logo ali, aqui, adiante no fervor dos céus. A braços, pois, com o afã das ocasiões, vamos reunindo os recursos da consciência que nos fala de claridades e conduz indivíduos aos sóis de paz.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Alfinetes e borboletas

Enquanto as borboletas voam faceiras no vento, os alfinetes só pulam de galha em galha, também faceiros, resistentes. Naquela manhã, ele acordaria de olhos acesos de quem não dormira a noite toda, ou nunca dormira em hora nenhuma de todas as noites. Pouco sabia do mistério dos alfinetes e das borboletas; de que eles seguem borboletas coloridas ou foscas que passam nas ondas do vento, de flor em flor, nas manhãs ensolaradas. Sabiam inúteis que alfinetes são afiados no sentido de ferir as borboletas e grudá-las nos quadros da ilusão que existem no salão enorme das velhas mansões escuras.

Em menos de quarenta e oito horas ali estava ele desligado, abandonado nas escadas do porão, olhos presos no depois, arrastando os farrapos de antes, porquanto fora atingido de raspão pela ponta afiada de um desses alfinetes que vivem vagando acesos nas horas do tempo. Lindos olhos, de brilho intenso na boca, afagos melodiosos na voz, e ele absorto no fascínio impetuoso dos arpões insinuantes. Quase, palavrinha mágica, fizera com que fugisse chamuscado desses crivos metálicos de um dos alfinetes. Que vantagem, jamais saberá dizer, pois o doce encantador do canto do instrumento no ar lhe despertara de sonho de séculos, de que seria, um dia, ferido pelo clarão estonteador daquela espécie de animal de cheiro entre a morte e a vida, muito próximo da paixão, porém de veneno fatal.

Desse jeito, as borboletas e os alfinetes, dois seres que aparentemente nasceram um ao outro, e entre si trocam de alimento como quem troca de cartas em jogos noturnos. O açúcar e sal das espécies, delas, os humanos; deles, o limite das existências.

Vagam soltos na floresta e nas cidades, tanto alfinetes, quanto borboletas. Exemplo dos vícios e das virtudes. Atrás de cada borboleta existe um alfinete. Atrás de todo bicho corre uma assombração. Todos que se segurem no chão das almas, que aqui permanecem no período de virar em antigas borboletas pregadas a ferro nas coleções deste mundo matemático, dois a dois, um a um.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

As voragens do impossível

Invés de só considerar valioso todo e qualquer gesto por mais tosco seja nesse mundo vão, aceitar o inevitável qual ponto de apoio e tocar adiante essa barca dos acontecimentos. Vem sendo assim desde que o mundo é mundo. As pessoas humanas consideram pouco válido o correr dos rios, no entanto alimentados os são nas cocheiras de infinitas vacilações, repasto das bestas e dos pesadelos, insistentes fatores dos desânimos continuados. Porém há que ser diferente antes do pôr do próximo sol, às cinco horas de qualquer dia. 

Essas notícias que se espalham no vento, largadas fora das janelas do firmamento, alimentam, sim, mil visões dos subterrâneos da liberdade. Dizem das nuvens que jamais serão outras além dos sinais da sequência de tudo. Prudentes, passageiros, reviram a bagagem que transportam ao nada, somam os derradeiros trocados com que alimentariam as feras logo ali depois do tempo. Fixos nos desejos e esquecidos agarrados às paredes do depois, sofrem dos tratantes e das suas ingratas fortunas. Caminham à beira das novas experiências no instinto de reviver os sonhos já amarelecidos antes de ser lembranças. 

Quantas vezes repetirão o impulso e susterão as aves no céu, nem eles mesmos sustentam de certezas os símbolos. Quisessem na força plena do querer, teriam descoberto a trilha da salvação, todavia jogaram fora as infinitas oportunidades. Perante, por isso, à força descomunal dos elementos em fúria, lhes resta aceitar de bom grado o resultado das loterias em que jogaram trastes e folhas mortas de árvores e livros. Quantos séculos ainda resistam ao furor das ondas nestes mares de Plutão das histórias sem fim. 

Ah! Mas os tons das canções, a harmonia das cores, o ritmo das flores, isto mantém de vida o movimento, sem dores, nem maiores angústias que não a solidão das alturas, o triturar dos corações em festa. Marcas de recordações dos lindos amores e esperanças vivas, aonde foram guardar o sabor da felicidade, nem eles saberão.  

terça-feira, 9 de abril de 2019

Jesus qual salvador da Humanidade

Após reconhecer a sua desobediência, Lúcifer foi abordado por Deus a seguir o caminho do Bem, no que recusou terminantemente, achando-se superior ao nosso Superior. Disso, dessa posição de rebeldia, decidiu confrontar as leis de Deus e quis determinar a si um território na existência donde pudesse fazer frente aos poderes maiores e reinar conjuntamente. No entanto, face à total impossibilidade daquela pretensão, e diante da bondade do Poder, Lúcifer viu-se na condição única de enfrentar as determinações que os fatores do equilíbrio determinam, portanto seria, por isso, chamado a campo de batalha e ter de enfrentar as hostes do Bem numa grande e extrema batalha, levando ao confronto os exércitos de anjos decaídos que consigo trazia. Alegou, porém, a desigualdade, consignada pela desproporção das forças, conquanto o poder de Deus é infinito, o tanto não acontecendo com as forças do Mal. 

Visto o senso de justiça que predomina junto ao Bem, foi proposta o teste da vinda de Jesus a viver as mesmas contradições da vida material, a fim de experimentar de igual para igual as condições vividas por Lúcifer e seus anjos, desafio proposto por ele. Decerto aceita essa condição, vista a bondade do Pai e sua infinita Misericórdia, Jesus veio a enfrentar, pois, todos os limites da vida na matéria, inclusive submetendo-se às tentações sucessivas de Lúcifer, senhor do reino da Terra, que o seguiu durante a passagem neste chão. 

Nisso, Jesus trouxe consigo a Salvação, isto é, salvar pelo exemplo de sua história viva a incorrer nas circunstâncias humanas no mundo material e suas fragilidades, com isso demonstrando a fórmula exata de se libertar das condições terrenas e ganhar os níveis superiores, conquista obtida em definitivo no plano espiritual pelos seus seguidores que quiserem largar os apegos da matéria e o segmento de Lúcifer. Eis o modo pelo qual significa a Salvação que veio aqui propagar entre nós seres humanos, de vencer o mundo e resgatar os espíritos a Deus. Daí dizer-se que Jesus morreu por nós e resgatou nossos pecados na Cruz, sem, mesmo assim, dispensar que devamos, também, fazer a nossa parte e seguir os seus passos, seus ensinos, na vida material através das práticas da virtude e do Bem. Do jeito que precisou aceitar as condições de ter de vir à Terra e confrontar as fraquezas da matéria e vencer o mundo, os espíritos carece de renunciar ao eu velho e permitir que nasça em si Jesus, o Eu Maior. Não existe salvação sem a aquiescência e o entrega total dos humanos. Vencer o eu inferior e despertar o Eu Superior, o divino Espírito Santo, em nós, esta a missão das existências humanas que representa todas as oportunidades reencarnatórias a que vêm os espíritos nas suas tantas vezes que recebem o corpo físico, a fim de resgatar a si mesmo para Deus. Fazes por ti que os Céus te ajudarão, no dizer da linguagem popular.

Destarte, que cada um de nós faça sua parte a seguir Jesus no seu empenho que de vencer o mundo físico e ganhar a vida definitiva, razão essencial de todos os momentos enquanto aqui estivermos. Somos o campo das transformações do tanto espera a grande família humana por meio de todos os seres humanos, à luz da Eternidade, a aceitação da Salvação propiciada por Jesus.

domingo, 7 de abril de 2019

As razões do coração

As tempestades da alma e os conflitos dos sentimentos indicam tais raciocínios da filosofia, de deparar nas horas a fio mergulhos noutras dimensões do ser aonde só bem poucos hão de exercitar a coragem de chegar mais adiante. Viagens às profundidades da consciência, incursões aos abismos da essência primordial donde advêm as larvas e respostas ao exercício de viver. 

Esses padrões de mergulhar nas águas do Infinito ocasionam descobertas pouco vistas no comodismo, quando muitos desistem de saber além da superfície; permanecem no lodo e pescam peixes menores. As circunstâncias abissais, por isso, deixariam cicatrizes e exigiriam o mínimo de heroísmo face aos metais da solidão, do silêncio, isolamentos e prudência.

...

Esses místicos que desaparecem vez por outra num abrir e fechar de olhos, avatares, profetas, santos, significam, pois, meros desbravadores ocasionais, senhores do inesperado e arautos arremessados pelo furor das determinações históricas; abraçam leis inexplicáveis aos mortais e seguem rumo do desconhecido pelas entranhas do impossível. Todo tempo marcam época e definem a sequência dos acontecimentos. Fogem do determinismo e preveem novas legendas aos humanos arrastados nas ondas. 

E nesse procedimento das explicações, vêm os vários nomes do Poder da imortalidade, as notícias que eles, os precursores, dão das incursões que promovem aos píncaros da eterna glória. De lá, trazem notícias variadas, as ditas razões do coração, de contar de presenças dos entes com que se deparam nas encruzilhadas do mundo invisível, gigantes, aves de proporções inigualáveis, de sombra que cobre toda a superfície da Terra, animais que vomitam fogo das narinas, dançarinos de ritos fantasmagóricos, batalhas siderais de anjos armados e espadas de fogo, naves munidas a energia vinda captadas nas correntes atmosféricas, lontras munidas de mil cabeças e conduzidas aos deuses inevitáveis da sorte... 

Daí o esforço da razão de reconhecer o quanto valores do coração predominam e superam quaisquer justificativas do médio raciocínio da espécie, sucumbindo ao absurdo e reconhecendo profecias de final dos tempos conhecidos.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Paz que vem de dentro

Navegar esses mares imensos quando o sonho é a realidade e a realidade é só sonho. Vagar pelas galáxias e desvendar o quanto de mistério resta bem guardado nas estrelas e no coração, mergulhar oceanos de profundidades abissais... Naves únicas da presença de viver.

Tal e qual as aventuras humanas, lá um dia saíram todos à procura do fogo e descobrirão as cavernas do ser, espécie de percepção de uma primeira consciência, indício inevitável das camadas superiores ali dentro, depois das tantas agonias desfeitas em tantos nada. Isso perante uma tarde ao fim, durante a despedida melancólica do Sol no poente. Olhos postos nos farelos desses antigamente, quantas dores ficaram ali siderais abandonadas, motivo sincero da alegria de agora chegar à calma dos que revelam novos segmentos e querem dominar as fibras do sentimento.

Filmes, pois, das memórias somadas que indicam o prêmio da persistência no querer, os desejos incontidos gritam das origens que carecem da vontade no prosseguir fortemente rumo à essência do único pouso consistente diante de tudo, e que descerá nas quedas do desaparecimento e da ilusão de antes erguer aos infinitos o Eterno. Contemplar apreensões do desespero e sorrir além da inexistência.

Era este um ser em movimento, valores na elaboração das horas em simples felicidade. Nisso contemplar as sombras da caverna inda fria do labirinto, tocar às levezas nas mãos do passado e continuar através das notas da canção, sabores de viver em harmonia das certezas de possibilidades intensas.

Nos toques perpendiculares da luz nas folhas, os raios do dia adormecem penitentes ao sabor só de poucos, até então que regressem a mundos conhecidos em nova consciência. Será, no entanto, o padrão da libertação bem logo mais, na medida em que acalmem o senso de achar as pérolas e as razões de estar aqui. Nessa ocasião esplêndida, os frutos dourados da perfeição lhes tocarão os frutos da paz e reverterão processo de céus, terras e mares na descoberta de um Si definitivo.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Os autores das lendas

Quase não temos movimentos maquinais cuja causa não possamos encontrar em nosso coração se soubermos procurar bem. 
                                                                        Jean-Jacques Rosseau

Às vezes me pego a ouvir por dentro músicas de antes, lá do tempo de detrás, das épocas quando vivia mais intensamente sonhos e melodias, e surgem, de repente, largados pelas paredes distantes do tempo essas vagas no vento, as mesmas, iguais, emoções daquelas horas. São pedaços inteiros de harmonia que restam assim gravados nem sei onde, contudo quais vivos traços de existências que jamais morreram e viajam gravados nos porões da memória, de mim escondidos, penhores daquelas ocasiões inesquecíveis. 

Dia desses conversava com Gabriel, meu neto, que falou existirem estudos da permanência das ondas emitidas pelas máquinas humanas que sobrevivem nalgum lugar, firmes nas formas em que são feitas, que nunca desaparecerão. Sinto algo parecido quando ouço essas músicas que me marcaram com força, sobremodo as que tocam mais dentro as fibras do coração, mexem com a gente, quisesse ou não. Resistem nas notas, frases melódicas, com tal intensidade que regressam em frases inteiras de sentimento, saudade, ansiedade, valores, sintomas daqueles eus que fora naqueles momentos.

Nisso as lendas, senhoras madrinhas de longas histórias de um passado interno das criaturas que persistem para sempre nos refolhos dos mistérios assim bem guardados. Quais feiticeiros dos contos fantásticos, elas recontam as noites estreladas no passeio pelo eterno. Revivem próprios os roteiros das vivências e suas lições, tocam suavemente com a ponta dos dedos os sulcos da permanência e trazem de novo o sabor das viagens e aventuras. 

Calados, quietos, velhos bruxos de antanho, em fases obscuras, mantém silêncios sepulcrais, no entanto entes imortalizados das horas fervilhantes, o coração das sombras no vales que fertilizaram os céus. Estranhos seres de outras dimensões, sujeito andarem aqui junto de nós, porém reservados sacerdotes dos reinos do Porvir, habitantes do país das lendas a que todos nós pertencemos.

(Ilustração: Colagem, Emerson Monteiro).

terça-feira, 2 de abril de 2019

Há luzes na imensidão

Pouco. Quase nada. Nada que seja. Isso que justifique a escuridão enquanto nós aqui sustentamos no barco a trilha das ondas monumentais. Esses heróis de si mesmos, vadios almocreves de perdidas ilusões, largados nesse mar sem dimensão, infinito cósmico, filhos das desconhecidas órbitas escondidas nas matas. E essa necessidade constante de achar a qualquer custo as pedras mais preciosas entre ostras abandonadas no fim de encher de cor as conchas do deserto da alma. Nós, argonautas do mistério.

Vez em quando, damos de cara nos rochedos, mas cheios de sonhos e tontos de paixão. Aprendizes da perfeição, tocamos praias do escuro continente, firmamos os pés nas areias e saltamos, outra vez, aos braços secos dos desejos, borboletas encandeadas na purpurina das estrelas. 

Sabemos, talvez, o quanto dorme dentro do peito a certeza dos dias, sua claridade, seus cânticos maviosos de beleza e furor, a brisa que lava de paz o coração dos infiéis... Conhecemos de manchete a fome da visão, contudo fortes em querer espinhos quais alimento, e dói no sentimento o tanto que balbuciamos de prazer, esquecidos de buscar em nós próprios, de bem perto, só de estirar a mão, e saber que a Luz vive no íntimo das variações e nas horas que somem de tudo e deixam sempre fiapos grudados entre os dentes e o céu da boca. Amor, o amor, a matéria prima da felicidade, irmã maior da esperança e consciência absoluta de todo momento.

Isto, sim, o Criador na forma de suavidade que impera no Tempo, força descomunal, poder sem limites, razão das existências... Enquanto a gente prende os braços na ribanceira e fica assistindo restos de cenas fora do objetivo da missão de viver. Sei que preciso acordar sempre, os animais durmam o sono dos justos. Acalmar o firmamento pelas dobras destes segredos que fazem da gente espécimes de novas realizações, desde que aceitemos sonhar com as luzes de real intensidade.

(Ilustração: Colagem, Emerson Monteiro).