terça-feira, 30 de novembro de 2021

O senhor da inexistência


A quem perguntar, quando não existiriam respostas? Modificar o inexistente através dos sonhos nos sonhos, eis o dever dos senhores dessa inexistência. Quando tudo se desfaz no tempo, hordas de guerreiros que invadiram o campo de batalha das horas que fogem conciliam a paz no coração de todas as pessoas. Nuvens, assim, de luz haverão de tomar conta da paisagem do Infinito e, às primeiras levas de santos presentes no agora, adentrarão o Céu feito quem nunca de lá saíra. Pobres mortais que compuseram a sinfonia do passado, apenas restos de imaginação, dominavam o panorama a todo custo de dizer. Visto desse modo, bem outro reviverá o quando aqui vieram ver. Mera imaginação de um Senhor maior, que rege os acontecimentos sem a necessidade que jamais pudesse usar de transformar aquilo que fora pouco atrás. Deus tal qual taumaturgo de seu próprio arbítrio, longe da importância de transformar o que quer que fosse dos acontecidos.

Daí, rever o futuro, conquanto em formação, significa, pois, a revisão das marcas deixadas lá no trilho do tempo. Reviver o que nem sempre por certo pudesse ter ocorrido fora dos padrões dessa infinitude, certeza plena, com isso, na plenitude daquEle que rege o Universo.

Contassem a história de forma inversa, já encontrariam a perfeição que predomina em forma de condição absoluta das maravilhas do quanto existe ou existirá aonde quer que venha a ser, porquanto o Poder tudo pode, longe das outras interrogações. Luzes que clareiam a si de forma constante, olhos que veem os próprios olhos, visão de eterna visão, sinais da inevitabilidade perene de toda matemática dos seres eternos.

O passado, que sustenta a pureza original durante as eras; firmeza do Amor na forma de grandeza; revelação da Consciência nas consciências em nascimento; a soberania deste Ser que prevalece e sustém mistérios, fenômenos e as luas acesas no alto do firmamento.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Nem tanto esotérico assim


Aonde se virar e escutar isso falar de crise, enxergar em que resultou  espalhar que as notícias ruins serviriam de parâmetro da existência de hoje. Olhar o tempo e sofrer da síndrome de que a natureza parou e o homem venceu, na corrida destrutiva da poluição com requintes de burrice. Andar nas ruas desconfiando de todos, olhos presos nos alarmes e telefones sem sinal. Isso de perda de tempo em tudo por tudo, qual funcionário atrasado nos compromissos para com a empresa. Um quadro a ser retocado pouco a pouco à luz da consciência. Aguardar grudado as últimas notícias à espera do final dos tempos e contar os pontos que apresentar nos tribunais da Eternidade. Dados dantescos nas horas dessas de agora, no entanto de encher qualquer saco de quem quer paciência de viver, esperanças de criar uma família unida, formar filhos com visão de sucesso, trabalhar e ser feliz. Ninguém, ninguém, de senso sadio aguentará só pensar assim, andar de pés doidos por causa da pouca imaginação, pessimismo crônico dos que divulgam material recolhido nas bocas sujas e jogam no coxo das tradições contemporâneas.

Houve desleixo das nações e seus pobres comandos, decerto houve; e consequências virão no rastro das horas; é a justiça natural dos elementos, produto de resultados nos sistemas existentes. Porém fazer disso profissão merece avaliação imediata, pois o trilho permanece à frente da composição, direito de continuar e tange o rebanho nas manhãs seguintes.

Ainda que pesem as corrupções e os políticos nefastos que chegaram no poder graças ao voto dos inconscientes, que a indústria das armas fabrique para destruir vidas e seja a que mais movimenta capitais, que a violência serva de profissão a tantos alienados de cidades grandes e sujas, explosões de incompetência da humanidade em crescimento, ainda que assim se apresentem os noticiosos da mídia sensacionalista, ainda assim existem os dados positivos, as conquistas da civilização, os instrumentos musicais, os artistas geniais, as mães afetuosas e zelosas dos filhos, o sorriso enorme das crianças alegres, o prazer impagável da brisa gostosa nos dias quentes, as viagens inesquecíveis, os livros saborosos, eternos, os filmes inteligentes, o carinho dos que gostam da gente e nunca se esquecem dos verdadeiros amigos, os infinitos sonhos bons de preservar o lado bom da vida, de viver com arte um exercício valioso de fé e confiança; que bom que seja diferente, para melhor, e existir dentro da realidade maior e verdadeira.

domingo, 28 de novembro de 2021

Prometeu acorrentado ao tempo


Bem isso, nessa metáfora vinda de tão longe, no legendário das eras; ele ainda a sofrer o desgaste da ave que lhe corrói as entranhas, marca da matéria em decomposição no fugir das gerações. E o Tempo, que transcorre infalível, eis o condutor dos rebanhos, corrente que sustenta prisioneiro o herói. Constrangido pela força dessa inevitabilidade, Prometeu apenas ler os próprios pensamentos, visões frias do Paraíso da inexistência que perdera certa vez.

Enquanto aqui, somos nós detentos das vidas sucessivas que se repetirão até quando delas não mais houver necessidade, diante das limitações da carne. Superar tal condição, vimos a esse caldeirão das experiências acorrentados aos liames das vaidades humanas, meros seres em formação, crescimento e evolução até o definitivo.

Por tantas vezes de se pretender criador de si, transfere à luta de viver a limitação do indivisível que resta na alma coletiva a que pertence, sem, no entanto, ainda compreender o mistério de ser um só com o Universo. Insiste, porém, no verso da sombra que carrega, e padece a angústia de sua própria contradição, dada a impossibilidade original de romper o casulo donde veio. Ninguém, pois, é dono de seus passos, neste mundo desconhecido.

Regimentos de guerreiros que seguem o drama milenar, instrumentos da claridade que traz o fogo, fantasmas da consciência em elaboração, vão, assim, tocando a preservação da espécie dos que acenderam a manhã da esperança de serem os senhores dos destinos. Pagam o preço elevado da desobediência de querer conhecer deles mesmos o nascimento de que se fizeram. Nisso, descobrem, pouco a pouco, a urgência de regressar ao seu interior e desvendar o mistério dessa liberdade que, aparentemente, traziam consigo desde antes de buscar o Sol das almas no movimento dos astros.

sábado, 27 de novembro de 2021

O véu do egoísmo


Nessas condições atuais onde a gente vive, neste mundo de tantas contradições, transitamos à busca incessante, única, de revelar o Si mesmo de nós diante do véu das ilusões, um esforço constante de rasgar as barreiras da escravidão material e desvendar novo o território imenso depois dos desertos dessa aridez; logo ali depois das intempéries. Retidos na caminhada pela força de uma natureza ainda inferior, sob os grilhões dos valores só relativos desse chão, aplicamos ao poder do conhecimento, entretanto na relatividade dos passos incertos de quem, pouco a pouco, aprende a caminhar.

As chances passam numa velocidade estúpida; destarte as criaturas perdem paraísos pelas próprias mãos, nas intenções mesmo que meio firmes, porém ainda longe de dominar inteira a fera dos instintos, na intenção de achar poder e superar o mal pelas raízes, assistidos agora pelo bem das certezas lá de dentro vencer essa distante batalha evolutiva que nos acompanha.

Vítimas, pois, do lado fraco que as prenda aos rochedos da limitação do querer apenas querer fraco, sem a disposição de viver com intensidade o sonho da realização.

Transitam de vistas ressequidas, e só de longe imaginam os frutos da luz que lhes aguarda em festa. Já sabem, no entanto, de ser possível atravessar o limite do Eterno e chegar ao bom termo da longa estrada dessa história. Bom sinal, pois. Algumas notícias aqui chegam aos nossos ouvidos, ao tom das harmonias da mãe Natureza, ecos de equilíbrio no canto dos pássaros, na brisa dos mares, no cicio dos sóis do firmamento.

Isso de ilusão, domínio que lhe é próprio, há que ter um basta nas mesmas razões de existir face à perfeição do Absoluto, que assim determina. Tal escola de evolução, tratemos as experiências quais frutos benfazejos necessários a todo o aprendizado, conquanto doam. Amar os inimigos, na linguagem de Jesus, significa domar a fera que trazemos na nossa natureza. Usufruir dos desafios e disso agradecer; quando possamos refletir e escolher o melhor, satisfazer a vontade pura e simples de crescer e desfrutar do Bem ao dispor na chama viva da humana criação.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O amor começa em si próprio


Essas considerações que vêm às lembranças tocam de perto nosso senso de ser feliz, de encontrar as respostas que vivem soltas no ar, sinais da realização em que tantos buscam a própria paz. Elas dizem da força que temos conosco, o dever de ser alegre, usufruir os dias quais instrumentos na busca da concretização do ser que somos. Bom, e antes de tudo ter reconhecimento pelas bênçãos dos desafios que se vive. Saber que detalhes compõem o todo. Ninguém tem aonde fugir, pois todos caminhos só levam à gente mesma, sem outro sentido que não a própria existência, a individualidade, o âmago de nós,  o mais rico mistério da essência do Ser, durante todo tempo.

Tais aspectos de viver conduzem a isso, de reconhecer os dons da profecia que carregamos conosco, marcas indeléveis da consciência que instruem os passos das criaturas. Quanta magia habita num único ser, as malhas da perfeição que transportamos de estação a estação, feitos senhores de rebanhos infinitos desses pequenos seres, pastores de emoções e pensamentos, impulsos e contradições, amores e saudades, porém numa certeza absoluta de que operamos a máquina da percepção, coautores da Criação, parceiros da beleza e dos sonhos.

Talvez em face disso, tangemos o barco de nossa individualidade à procura das migalhas da felicidade que vem do céu, às vezes sem reconhecer a importância de acalmar os sentimentos e pernoitar junto às florestas do amor quais passageiros da agonia. Juntar as mínimas partes desse todo infinito que o somos, e alimentar a casa dos dias no mais íntimo coração, tendo a disposição de plantar o que é bom ainda que nem se tenha de todo a força do que tanto carecemos nesta jornada de luz.

Persistir na missão de conquistar o domínio do que sustentamos diante da imprevisão do eterno, no entanto cientes de haver consigo a parcela gloriosa de tudo que de bom existe no Universo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

As portas do coração da gente


Bem isso de modificar a paisagem dos dias, quando chegam lá de longe as doces lembranças da felicidade que anda aqui de junto da gente. A marcha que segue sempre nos adiante, contando dentro de nós as possibilidades dos momentos bons que existem incontestavelmente, das mãos divinas que derramam só pura alegria no rolar das estações. Formas fortes de dominar o instinto de sobrevivência, vêm de perto as horas do desejo firme de querer o melhor e trabalhar este sentido. Tingir o tempo de criatividade e sonhos, transformar o que seria impossível no reino de todas as realizações. Viver sob o clima de tranquilidade que o coração permite que assim seja. São tantos, pois, os meios de reverter a insistência de pensar o que nada acrescenta, de contornar os obstáculos e produzir elementos mais que necessários a que sejamos criaturas diferenciadas no meio onde vivem.

Querer, portanto, o exercício da plenitude, independente de outros quadros. Escolher motivos inevitáveis de ser otimista, ainda que nem constantemente tenhamos razões suficientes, porém que vamos buscar, nas planícies poderosas do íntimo, as peças de montar o quebra-cabeça de nossa história de um jeito diferenciado, positivo por excelência. Ver o mundo pelos óculos de cores poderosas, determinantes do nosso humor e nossas certezas.

Abrir as portas do sentimento aos bons pensamentos. Fazer do momento o dispositivo da esperança. Crer nas dimensões da perfeição que dispõe a natureza de que nós somos e praticar o senso do poder de que fazemos parte nos ideais da Criação. Espécie de religião original, vamos tocando em frente o barco da consciência, na convicção plena de ser instrumento de melhores dias. Senhores absolutos dessa liberdade com que chegamos, e elaborar o universo de nossa memória em favor do amor e da paz. O coração possui, portanto, esse condão absoluto de que somos dotados, nos segredos de dentro da Alma.

sábado, 20 de novembro de 2021

As cigarras de novembro


Sentar o juízo e ficar só aqui escutando o ciciado das cigarras no escuro da floresta. Deixar de lado irreais preocupações desses tempos e permitir que a natureza converse consigo, decisão mais acertada, sem outra que seja senão deixar que as normas dos céus envolvam o chão neste momento. Ouvir o silêncio das horas lá de dentro dos sentidos atrás dos pensamentos, qual jeito de mergulhar nos sobressaltos e garrotear as ilusões. A gente com a gente mesma, pedaços iguais do mistério das horas em movimento. Nós, enfim, esses escravos senhores dos sóis, o que vem sendo assim desde sempre, quando ninguém seria capaz de aventurar a sorte na roleta dos destinos. 

Enquanto isto, as portas do espaço se abrem às falas que nascem dos ares em festa, dos bichos, das matas, do calor do meio dia, das dores e das movimentações dos humanos cá de fora. Todos tendo uma razão parcial de continuar, e continuar, senhores da indecisão. 

Águas incontidas nas criaturas que percorrem o teto da vontade, instintos de viver solidão por vezes preenchida de longas histórias esquecidas. Gotas suaves, pois, de tantas alegrias atiradas às fogueiras do sonho, porém certas de um quase nada de saber porquê. 

Elas, as cigarras, são tais avisos da hora aos mistérios deste sacrifício de tantos autores, sonoras parceiras do amor no coração, toques intermitentes do ritmo e das cores, nisso tudo. Uns padecem horrores diante dos passos que dão a caminho de depois; outros apenas dormem felizes ao prazer do anonimato do que virá sem dúvida. Senhores dos no entanto, sacodem assim os braços face aos desejos por mais alimento e sofrem as dores do parto da indecisão, inocentes da certeza e dos amores, puros e aparentemente libertos, vítimas das próprias vilezas. 

De entremeio, sabiás ponteiam a sinfonia do início de tarde e trinam quais cigarras, numa composição inesquecível de viver a vontade imensa de achar paz que em tudo existirá, afinal.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

As distâncias e o Infinito


Nos tais questionamentos humanos do quanto ainda resta a percorrer até desvendarmos o segredo de tudo quanto há, até o dia de revelar por inteiro os caminhos da perfeição em todos os sentidos, quando, só então, chegar-se-á ao ponto zero da evolução. As aspirações de vencer, lá certa vez, o dístico da falibilidade e cruzar as barreiras do Infinito. Atravessar o limite do impossível e consignar de todo aquilo que aqui viemos buscar. Obter o passaporte ao Eterno e morar no seio pleno da Felicidade verdadeira, desejo de tantos e mistério de muitos. Isso da cientificação, de que falam os místicos; da libertação dos apegos materiais e da união com nós mesmos e com todos, enquanto consciência.

Bom, no que me vem aos pensamentos, o simples aspecto de a gente desde agora poder imaginar isso, de viajar às distâncias e admitir essa probabilidade, já deixa margem suficiente de termos evoluído um tanto e haver dado os primeiros passos ao mundo das maravilhas. Porquanto, nem de longe os objetos, as máquinas, os insetos, têm a mesma oportunidade. Dentro de cada um persiste, pois, esse anseio extremo da imortalidade, da paz e das virtudes superiores dominarem o mundo, ainda que adormecidas no exercício diário das existências atuais; isso fala bem alto do quanto andamos nessa estrada. Qual disseram os platônicos, a perfeição só existe no mundo das ideias, o que ouvi certa feita de Janaína, uma de minhas filhas. Porém existe, consiste no frigir de tudo isso num único bloco uno e indissolúvel.

Assim, no aspecto mais prudente das aventuras deste chão, transitamos nesse mundo ideal e dele alimentamos, vidas e vidas, o transcorrer das gerações. Externamos nossas aspirações de igual modo, a nutrir de esperança as faces escuras do momento, feitos animais aflitos a contemplar a Lua, em noite de séculos inadiáveis. Pisamos às vezes leves, doutras descaradamente, agressivamente, as folhas da escuridão e norteamos de sentido apenas vago as ações parciais, de modo desesperado.

Dos gestos e das experiências, guardamos marcas deixadas em nós pelos laços de forças contraditórias, sem, entretanto, na essência, perder o sonho nos dias de realização e valores positivos. Conquanto palhas ao vento do desconhecido, sustentamos de ideal a certeza nos raios de luz aonde vamos, no íntimo do Ser que nos sustém.

sábado, 13 de novembro de 2021

Aos buscadores da Verdade


Mas o que busca a Verdade terá de combater até o último suspiro.
 Kabir

Na ânsia de ser assim, em descobrir a Verdade, navegantes arrostaram mares e suas quimeras, jogaram por terra tudo quanto houvessem reunido vidas afora e desapareceram pelas brumas silenciosas da solidão. Seguiram rumo ao desconhecido e de lá jamais regressariam. Doaram suas almas ao Infinito e sumiram na imensidade do Cosmos ilimitado. Luzes que se apagaram às fimbrias das manhãs ensolaradas. E foram aos céus para sempre, e de nunca aqui voltarem a rever as glórias de antigamente. Mergulharam o abismo de si mesmos feitos feras perdidas na imensidão, selvagens das luas novas e dos escombros das inglórias batalhas. Guerreiros que foram das ilusões desfeitas diante do mistério, largos tempos das horas inexistentes lhes invadiram a Eternidade e nela perderam o caminho. Criaturas de vontade férrea, pois, desejaram encontrar as muralhas do Destino e puseram-nas abaixo, quando tudo parecia de tudo sem fazer o menor sentido.

Buscar a Verdade, eis a razão fundamental de toda existência, desde o furor das primeiras tempestades de fogo. Desvendar o segredo daqui de agora e sobreviver à intensidade das paixões incontroláveis. Sustentar a fúria de todas as visões em único objetivo, de desvendar os valores entregues às responsabilidades humanas, que o sejam.

Responder a isso, ao desespero de estar neste lugar e desconhecer a razão de tudo isto; perguntar a quem e saber que todas as respostas habitavam no mais íntimo de todos nós. Viver quais sinônimos de esperar o momento ideal de receber a prenda na caixa do coração. Trabalhar deste modo existências, no entanto pequenos e insuficientes seres que haverão de utilizar a vida tal motivo de achar a solução do enigma humano, sem outra alternativa  senão sustentar nos ombros as marcas do Poder que a tudo determina e sustém, na certeza da Verdade absoluta, qual dádiva inevitável da Sorte.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Nuvens que passam nos céus da realidade


Assim são os acontecimentos, objetos e pessoas, fenômenos que ocorrem na face do cenário de um tempo em andamento. Fagulhas de fogueiras cósmicas, sacudimos fuligem no decorrer dos instantes que se sucedem numa velocidade imperceptível aos nossos prazeres mundanos. Elementos de reações maravilhosas vindas do Infinito, sacudimos asas rumo ao desconhecido, lá de onde há de haver, no entanto, a lógica indiscutível de tudo isto que ora presenciamos, perfeição além até do que imaginamos que seja. Entregues, por isso, aos humores das existências de quem tangemos os barcos, cruzamos as ruas quais não fôssemos apenas cobres dos mesmos tachos, a verter as lágrimas do mistério de nós mesmos, iguais que significamos diante do Eterno.

Tais sejam, pois, valiosas estas nuvens a preencher de luz o Cosmos sempre de novas consequências todo momento, a gerar seus próprios sucessores no ritmo desse mistério que bem representamos neste palco, seres inteligentes da Criação. Sem diminuir qualquer fragmento da importância do que habita o pulsar da geração, dotamos de vazio o céu imenso do firmamento, alimentando de sonhos as noites e os séculos. Dotados da mais valiosa criatividade, exercemos papel indispensável na transformação dessa matéria prima em constante desaparecimento, porquanto transportamos na nossa consciência o que daqui haverá de vir depois de um passado insaciável que largamos lá atrás.

Nós, essas nuvens transitórias que nutrirão de sentido as vidas de que somos instrumentos, partes do todo universal, sendo o Todo também, por força dos destinos eternos. Valiosas criaturas, os humanos. Parcelas insubstituíveis da engrenagem miraculosa em movimento no seio de todos nós, sem exceção. Resta, portanto, desvendar dentro da gente o tal segredo, e por em prática o exercício dessa divina exatidão que pulsa em nosso ser, fator e ânimo de tudo quanto dali seremos um dia, na soma exata do Ser e das criaturas deste tudo tão real e imperecível dos astros.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

A contabilidade desta vida


Tem gente que nem de longe deseja saber disso, de prestar contas deste mundo tão gostoso. Assim, recebe de um tudo, surfa nas planilhas da existência, usufrui do bom e do melhor da Natureza, respira ar puro, bebe água limpa, etc., etc., e acha que fica por isso mesmo, os bônus do acaso. Claro que não é bem desse jeito, pôs ainda tem que trabalhar, caminhar, tomar banho, viajar, estudar, etc., se não arrastaria de graça todos os prazeres daqui do Chão. No entanto, depois de tanto esforço de ser feliz, esquece as normas do procedimento de viver. Que teremos de respeitar os semelhantes, obedecer aos códigos, pagar boletos, morar, comer, vestir, educar a família, envelhecer, por vezes adoecer, quem sabe até morrer lá um dia?!

Bom, nisso há um conta corrente preso ao tempo do corpo, onde são contabilizados os débitos e créditos do que fazemos, instante a instante. Máquina perfeita, a Justiça maior anota tudo, numa escrituração magistral daquilo que fazemos dos direitos, e iremos responder dentro das normas exatas o quanto produzimos de resultados. Com a mesma exatidão de que fomos construídos nestes corpos destinados ao aprendizado evolutivo, cá vamos nós pelo caminho de aprimoramento, porém sujeitos às consequências dos nossos atos.

Muitos, talvez, poucas vezes imaginam ser desse modo, que haveremos de prestar contas lá adiante, ao cruzar a alfândega da Eternidade; e nisso esquecem a responsabilidade do viver, indiferentes à justeza da Perfeição que rege tudo, no piso das histórias universais. Fugir, não tem essa chance. Daí, ficar atônitos ou indiferentes aos pressupostos do Destino exige carga pesada de alienação e compromisso ao mesmo tempo. Só se arrepender é pouco, lá depois. Precisa cuidar, o quanto antes, de aprimorar a consciência e melhorar os praticados, na Lei do Merecimento. Largas oportunidades estão bem aqui às nossas barbas, chances multiplicadas a cada momento de exercitar esse destino individual em nossas mãos, agora. Os orientais denominam isto de Carma, ou contabilidade desta vida.

(Ilustração: O julgamento final, de Hieronymus Bosch).

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Aceitar o Silêncio


Essa a necessidade imensa que parece dominar os humanos e trazer à tona o que silenciosamente acontece dentro de si , e bem reflete a chama viva dos pensamentos. São eras e eras de esforços em transformar o silêncio do Tempo na matéria prima de estudos. Buscamos aflitas formas de responder ao desafio dessa continuidade, no entanto presos quase só a conceitos repetitivos de outros e de outros tempos. Tais instrumentos de neutralizar o desespero dessa vertigem do desaparecimento, que morde sem descanso a alma das criaturas, insistimos vencer o silêncio das horas que passam e ficamos atônitos de largar no passado ruínas e monumentos do que somos e fomos. Ah, quantas luas mais hão de vir até que despertemos da ânsia de encontrar o sentido de tudo isto que aqui ora experimentamos.

Enquanto isso, ininterruptos, desfilam ao nosso lado os passos harmoniosos do quanto testemunhamos sem desvendar o tal mistério e estar e desfrutar de todos os meios da revelação que nos espera de olhos abertos na claridade do Sol de todo dia. E saber que a resposta mora no íntimo de todos sem exceção, seres destinados ao Eterno que já o somos e ainda carecemos perceber.

Horas, vidas, nuvens e pensamentos, e sentimentos, ruídos mil a inundar as clareiras do Silêncio, durante sua presença nas consciências em movimento. Quais câmaras de eco desse infinito, tateamos o escuro das multidões às vistas de achar felicidade.

Ouvir, contudo, que a voz de todas as certezas grita forte em nosso coração, a pedir realização de um Eu maior que nos aguarda de braços abertos ao final do corredor. Calar um tanto essa pressa de desejar domínio e viver intensamente o Amor no coração, quantos aguardam esse momento definitivo das respostas que habitam na paz do Silêncio presente a todo instante no penhor das existências.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

A essência do Ser II


Não tem enganes: / tudo que agora vês / desaparecerá como um sonho.
Rumi

Nuvens de borboletas flutuam nos céus das horas e somem, deixando atrás de si o inexistente, rastros de tudo face ao nada que envolve de silêncio o tempo fugidio. Andantes, nessa trilha de sonhos, ficam apenas réstias de lembranças guardadas dessa inexistência contundente, eco de seres e objetos, palavras e números desfeitos nas cores de ausências inevitáveis.

No entanto, persiste o ser que somos, testemunhas e espectadores do destino. Luzes de criaturas absortas que se vão no mistério, e também, lá um dia, somem no anonimato das circunstâncias.

Contudo, carregamos dentro da alma o dispositivo da solidão que revelará o senso disso que domina o sentido das histórias de viver, na medida em que descobrirmos a Consciência. Transportamos na essência o justo motivo dalguma perfeita Inteligência haver desenvolvido a razão dessa nossa condição. Bem no âmago, no íntimo do coração, pulsa a soberana virtude que permeia de eternidades o momento presente.

E nesta jornada aqui persistimos, à busca da realização do Ser, enquanto a Natureza mostra que, dentro de nós, descobriremos o tanto que nos cabe até encontrar a felicidade definitiva. Dentro, bem dentro de todos, blindado pela graça da Perfeição, ali habita o que justificamos cá fora os elementos que desaparecem na medida dos acontecimentos.

Este ser essencial viverá em nós aguardando o nosso desenvolvimento espiritual, qual herança inabalável, sinete das nossas origens imortais, que transportamos ao decorrer das vidas. Nisto, antes da plena revelação, seguimos a pista dos fantoches da ilusão, enganos das próprias pessoas, nesse faz de conta da matéria onde mourejamos durante alguns momentos que fogem às mãos sem deixar vestígios.

O fervor desta hora significa, pois, degraus de transformação das certezas em compreensão, o que compete a cada isto fazer real.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

As tantas versões da História


De valor apenas relativo, todos têm seu jeito de ler os acontecimentos. São muitos os fatores que determinam as escolhas do que contar a propósito dos gestos e das atividades humanas. Nisso, compete aos indivíduos escolher a prioridade do que pretendem contar. O que leva a esses entendimentos fica por conta dos afetos de seus dedicados autores. Há sempre um modo próprio de puxar a si o que melhor lhe interessa. Desde sempre vem sendo tal e qual. Quem conta um conto aumenta um ponto, eis o que bem avisa o linguajar do povo. Todos nós, sem exceção, apresentam só retratos de uma realidade própria, até eliminar quaisquer alternativas de trazer de volta o que, na verdade, acontecera, por ainda absoluta limitação.

A fidelidade, pois, deixa de ser passível nas narrativas históricas. Ninguém que seja sustenta a noção definitiva daquilo que testemunha, porquanto a subjetividade reescreve à sua maneira o que quer que aborde, deixando de lado a objetividade, isto involuntariamente. Inclusive não sem nenhuma intenção clara, consciente.

...

Entre ser assim e o nada ser, a magna História vira mera ficção nos laboratórios das visões pessoais. Bom, que seja então literatura, vá lá. Porém longe por demais de uma versão real e consistente, conquanto a cada um conforme a sua forma de notar as decorrências deste Chão. São verdades parciais à busca da Verdade plena.

Vem sendo destarte há quanto, desde aquele primeiro instante quando a imaginação resolveu descrever o que a mente assistia dentro das restrições da matéria.

Em resumo, a ciência da História é uma ciência experimental por mais do empenho dos muitos que a executam no transcorrer das gerações; uma história parcial do desejo de lá um dia chegar à realização, outra vez, da forma original. Passeios sucessivos a descrevem no tablado das ações e dos credos pessoais, e narram histórias cenográficas aos séculos que as escorrem na crosta do Infinito.