Na segunda metade da década de 50, os viajantes da editora W. M. Jackson, Inc. inundaram o País de coleções dos livros de Machado de Assis, Humberto de Campos, obras completas, e de História Universal, de Cesare Cantu, Mundo Pitoresco e Tesouro da Juventude, sendo que esta detinha a preferência, enciclopédia montada numa linguagem cuidada, cheia de bem intencionados conteúdos, no propósito de indicar, sobretudo aos jovens, variadas vocações, para isso dirigida.
Os 18 volumes,
confeccionados em papel resistente, encadernações luxuosas e graúdas, traziam
painel do que havia de mais atual, desde literatura, ciências e artes, a
resgatar histórias infantis de todos os tempos, poemas tradicionais da língua
portuguesa ou traduzidos; enfocar países, com detalhes culturais, arquitetura,
costumes, ricas ilustrações; realçar momentos históricos importantes para a
cultura ocidental, satisfazendo a curiosidade sobre temas da natureza; e
oferecer métodos de artesanato, folguedos e jogos divertidos.
Nesse período, poucos
estudantes deixaram de pesquisar naqueles livrões de capa azul, na busca de esclarecer
os diversos fenômenos naturais, circunstanciar resumos de romances brasileiros
ou estrangeiros, ou descobrir novidades ao gosto dos professores do ensino
médio; ainda não possuíamos, no Cariri, escolas superiores; enriquecendo
bibliotecas e lares com as luzes do saber.
O despertar para a
leitura encontrou nessa coleção trilha fértil, de rica proposta. Os jovens, por
seu turno, acolheram de bom grado esse manual, sem ter de cruzar a massa de
informações que a cada dia se despeja nas bancas de jornais e revistas, nos
tempos eletrônicos dagora.
Todas essas
particularidades nos vêm à lembrança quando se observa a peleja das gerações de
hoje para desenvolver o hábito da redação, exigência constante dos
vestibulares, visto se saber que o primeiro requisito do estilo terá sempre
respaldo na boa leitura.
A propósito do Tesouro
da Juventude, eis um exemplo de texto dessa bela coleção:
TIRANOS DE SIRACUSA.
Conta uma história
antiga que Dionísio, tirano de Siracusa, geralmente detestado por todos os seus
súditos, encontrava frequentemente em seu caminho uma mulher muito velha, que
sempre exclamava quando o via:
- Deus dê longa vida ao
Rei Dionísio!
Admirado daquilo, o
tirano, que se sabia cordialmente odiado por todos, indagou-lhe, uma vez, do
motivo de seus bons votos.
A mulher respondeu:
- Eu sou velha, muito
velha. Vi o pai de V. Majestade e o avô de V. Majestade. Seu avô era um tirano
de imensa maldade; seu pai era pior ainda; V. Majestade é ainda pior do que os
dois anteriores. De modo que rogo aos céus darem longa vida a V. Majestade,
porque tenho medo daquele que possa vir depois.
Como se vê, esta
célebre história da velha de Siracusa aplica-se bem a
muitas épocas.
(Ilustração: Reprodução (https://jogosuperclicks.com.br/parabeeees-para-o-livro-nesta-daaaaaata/).
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