quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Ato de bravura

Era pouco antes da meia-noite da segunda-feira, 04 de agosto de 1930, quando o apito da maria-fumaça ecoou dando partida na composição da Rede Viação Cearense que levaria o efetivo do 23.º Batalhão de Caçadores, sediado em Fortaleza, com destino a Lavras da Mangabeira, no interior do Estado. A missão ainda não revelada do contingente: vigiar o acesso ao Estado da Paraíba, onde, na cidade de Princesa, ocorreram confrontos.

Sob as ordens do tenente-coronel Pedro Ângelo Correia, o 23.º BC se deslocaria até Souza, levando no seu bojo, porém, inoculados, germes da conspiração entre os oficiais, que logo engajariam na revolução a se alastrar pelo País.

Contudo, o comandante da tropa seria o maior entrave a essas movimentações rebeldes, dado seu zelo ao posto e o rigor no cumprimento do dever, ser firme vontade e enérgico nas atitudes, o que demonstraria face ao desenrolar dos acontecimentos.

Às 17h15 do dia 06 de agosto, o batalhão chegou a Lavras. No dia 12, às 6h30, voltou aos trilhos com rumo ainda ignorado pela soldadesca, e, às 13h, adentraria a cidade de Souza.

Naquele dia se fechava o cerco à Paraíba pelas tropas do Exército, querendo evitar o levante armado que fermentava no Estado após a morte de João Pessoa, alimentado com armas e munições que cruzavam alguns pontos da fronteira.

Iniciavam-se as defecções entre os diversos níveis da guarnição. Na madrugada de 04 de outubro, se ouviu um disparo de fuzil efetuado pelo primeiro-sargento Manuel Francisco de Lira, fiel ao comandante. Desde então ações desencontradas mobilizariam o Posto de Comando. Os insurretos pretenderam anular Pedro Ângelo e evitar maiores consequências. Após aquele tiro as coisas se precipitaram.

O comandante chegou à porta do posto, local de imediata afluência dos soldados e oficiais, e quis saber a razão do barulho.

- O batalhão está sublevado sob o meu comando, e o senhor se considere preso, de ordem do general Juarez Távora – respondeu o tenente Ary Correia.

Indignado e reafirmando a condição superior, Pedro Ângelo fez fogo à queima-roupa, gerando celeuma intensa, tanto dentro, quanto fora do prédio.

Algumas horas mais e chegava o claro da manhã evidenciando outras escaramuças, das quais sairia ferido com gravidade o major João César de Castro, caso testemunhado pelo único sobrevivente, o soldado Clóvis, seu ordenança. O comandante Pedro Ângelo Correia resistiria com denodo aos rebelados.

Segundo descreve Otacílio Anselmo e Silva, integrante daquele batalhão, no artigo O Ceará na Revolução de 30, publicado na revista Itaytera n.º 1, de 1955, do Instituto Cultural do Cariri, Crato CE:

O soldado Clóvis ouviu o derradeiro brado do herói:

Não morrerei acuado como um cão. Vou morrer no campo da honra.

Vimo-lo reaparecer no meio da área e penetrar no banheiro ao lado oposto de onde saíra, após executar um disparo. Uma bomba arremessada sobre o teto afugentou-o dali. Ao sair, foi colhido por uma descarga no centro da pequena área, junto ao portão de ferro. Tombou fulminado, em decúbito ventral. Tinha à mão direita uma pistola Parabelum, sua arma regulamentar; no bolso traseiro da calça estava o seu inseparável Smith & Wesson com o cano voltado para cima; e a seu lado, não muito longe, o mosquetão que lhe saltara das mãos. Seriam sete horas da manhã.

Ao ser notificada por emissário do 23.º de que Pedro Ângelo se achava prisioneiro e com saúde após a rendição do batalhão que comandava em Souza, sua esposa, ciente da coragem e obediência do companheiro, disse aos filhos:

- Filhos, botemos luto; vosso pai morreu... – de acordo com o texto acima citado.

Artes da medicina

Neste mundo, ficou difícil se imaginar vivendo fora dos recursos da Ciência no que diz respeito a transportes, alimentação, comunicação, educação, finanças e vários campos mais. Nisto cabem algumas observações, sobretudo a propósito da manutenção e do tratamento realizados pela mãe de todas as ciências, a medicina e seus inúmeros sub-ramos, fatores valiosos da harmonia social.

A cada ano, o tempo da vida humana vem aumentando de expectativa. Meios desenvolvidos na solução das enfermidades e no zelo da prevenção ocasionam bem estar, e as técnicas abrem campos novos de eliminação dos males antes impossíveis de contenção.

A população da Terra cresce a olhos vistos, dinâmica que exige respostas compatíveis de órgãos responsáveis pela sobrevivência, e a medicina corresponde a tal ritmo estonteante do progresso.

Dona de história rica e feitos notáveis, desde que as civilizações sistematizam modos de tratamento, a ciência médica demonstra o quanto de bonomia dispõe o ser humano quando quer servir às causas nobres, através da facilitação de instrumentos de obséquio ao próximo, na existência material.

Um simples olhar aos corredores dos hospitais modernos deixa presumir o quanto as marcas melhoraram no atendimento às doenças, vistos os índices de poucas décadas. 

No entanto, casos afloram de deficiências clínicas no Brasil. Os governos reconhecem, porém, a importância de repassar ao cidadão médio a contrapartida necessária, em termos dos benefícios constitucionais.

Vez por outra, se denuncia graves aberrações, apontadas com veemência pela mídia, o que implica providências e aprimoramento de métodos, lisura, competência e correções.

Os profissionais de branco, por sua vez, quais abnegados missionários, sejam eles médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares, etc., os quais merecem o reconhecimento público, em vista do doam em favor dos pacientes. Nunca seria demasiado referendar, em nome da maioria silenciosa da população, esse valor imprescindível da ciência de curar sem discriminação, meta ideal que se aguarda toda hora.

Dentre as principais características desenvolvidas pelo povo caririense, à condição de importante centro médico soma também o destaque da educação e do espírito religioso de sua gente.

Conquanto se admita o caminho longo a percorrer em transformações de mentalidade e instituições, aos profissionais da medicina o louvor justo naquilo que ministram em forma de carinho e bondade, mitigando, dia e noite, a carência de conforto e esperança dos que lhes procuram na busca de cuidados especializados.       

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Primeiras chuvas

Fins de novembro de 2013, 25, 26 do mês, e caíram as primeiras chuvas deste final de ano nas terras do Cariri. É certo que só algumas pancadas rápidas de água a descer nas madrugadas, porém a molhar suave a torridez do chão e propiciar a babugem que aguardavam os rebanhos sequiosos, minorando a secura das matas, molhando praças e ruas, atenuando as apreensões de incêndio nas encostas da Serra e nos carrascos do vale acinzentado. Assim, perante o cicio intenso das cigarras, vieram essas nuvens molhadas de esperança, sinais do inverno sertanejo e suas chuvas de verão. 

Notícias variáveis de que o clima do mundo anda meio mudado deixam margem a sintomas inesperados de alteração nos fenômenos da mãe natureza. Contudo há de parecer que tempos anteriores também mudavam e ninguém via preocupações, porquanto mudança compõe os acontecimentos naturais a qualquer época. Vez por outra, perto ou distante, eclodem ações espontâneas que exigem alguma atenção das pessoas, porém diante de leis infinitas, quase tão misteriosas quanto o futuro.  

Falo por mim que chuvas lembram a força viva da esperança no coração dos sertanejos, neste pedaço de Brasil onde o esperar virou profissão de fé, razão principal de viver com arte os sonhos, nas veredas da imaginação. As festas das colheitas, as alegrias das moagens, os ventos frios das madrugadas de nossos invernos... Quanta felicidade junta em tantos amores, no coração da saudade nas pessoas simples, sementes guardadas sob o piso fofo das vazantes adormecidas no decorrer das estações secas e quentes. Nisso grita dentro da gente vontade poderosa de fazer acontecer chuva que renova todo ano, num lugar de esperanças mil.

Quando tantos alimentam as luzes dos riachos e açudes cheios, sobrevoará emoção sempiterna de preservar a paisagem amiga das nascenças e dos amores. Salvar, pois, o gosto de amar as raízes férteis das possibilidades de inverno bom nesse próximo ano, a tranquilidade de nossas almas amigas da esperança.

Foto: Jackson Bola Bantim.

domingo, 24 de novembro de 2013

A obediência (episódio do cristianismo popular)

Certa vez, Jesus viajava com Pedro e alguns outros dos discípulos. Num fim de tarde, chegaram a casa distante e buscaram hospedagem. Bem recebidos pelos moradores do lugar, quiseram ficar instalados na varada ampla que circulava o edifício, mas, devido às insistências dos proprietários, aceitaram permanecer numa dependência interna, no seio da família.

Já à mesa do jantar, observaram quando um dos filhos do casal avisava que, naquela noite, sairia com destino a festa que ocorreria nas proximidades. Os pais, no entanto, lhe pediram que desistisse da ideia e ficasse em casa, pois cedo da manhã haveria trabalhos na fazenda, com o pai e os serviçais.

O rapaz insistiu a manter sua pretensão. Oferece argumento em cima de argumento, porém os pais seguram a ordem de que deixasse de lado o desejo de sair. Ainda assim, desobedecendo aos genitores, o rapaz partiria aborrecido na direção do baile.

Depois do jantar, a família atenciosa trocaria alguma prosa com os visitantes, cuidando todos, em seguida, de buscar o repouso merecido.

Mais tarde, passava da meia noite, quando bateram à porta da casa. Traziam a notícia trágica de que o rapaz fora vítima de agressão e morrera no decorrer da festa da noite, acarretando imensa dor aos familiares.

Pedro, ao seu modo, quis considerar que poderia ser equivocada a notícia, e indagou de Jesus essa outra possibilidade.

Naquela hora, Jesus pediria a Pedro que fosse até o local da festa verificar o assunto e, chegando ao local, viria, estirado no meio do povo, corpo de homem envelhecido, barbado, magro, diferente do rapaz que conheceram.

No regresso, o apóstolo reafirmou o que dissera, de não ser mesmo o rapaz aquele homem que perdera a vida na festa.

Nisso, Jesus acrescentou:

- Foi sim, Pedro. Foi ele. Só que agora tu viste do jeito como estaria no futuro, caso houvesse obedecido aos pais e evitado aquele infausto acontecimento. A obediência é, e será sempre, a luz de Deus na existência das pessoas.

(Obs.: História que ouvi de Adriano Pinheiro, o que lhe contava sua avó materna, Da. Olíria Ananias de Jesus).      

Foto: Jackson Bola Bantim.

sábado, 23 de novembro de 2013

Parábola zen

Certa vez, um guerreiro fugia perseguido por dezenas de inimigos quando defronta largo e fundo precipício no caminho. Aflito, observa logo abaixo da encosta íngreme um pé de morango carregado de frutos. Com dificuldade, rápido, pisando nas pedras, desceu e se agarrou às galhas da vegetação o tanto suficiente a não mais ser visto pelos perseguidores ferozes, que imaginaram houvesse caído no abismo, e abandonaram a caçada.

Ao sustentar o peso do corpo no ar, sem possibilidade de voltar à superfície, o homem avaliou sua situação ali pendurado na fragilidade do pequeno tronco. Então, observou acima, no solo onde estava fixado o arbusto, dois ratinhos, um preto e um branco, em constante atividade a roer as raízes que mantinha a planta presa à parede da imensa garganta.

O desespero quis lhe tomar a preocupação, contudo notara, próximos de suas mãos, morangos maduros, chamativos, que passaria a saborear com sofreguidão. 

Dizem os intérpretes dessa história oriental que guerreiros em fuga são todos os humanos, que escapam embalados do desaparecimento da morte simbolizada no precipício à frente, no tempo. Simulamos, qual podemos, apegos construídos ao longo dos momentos que fluem. 

Seguros o quanto imaginável aos bens e sentidos que nos mantêm vivos, entretanto registramos o transcorrer incessante das noites e dos dias, os dois ratinhos a roer ligações junto às quais nos mantemos pegados a este chão transitório.

No fim de alimentar sonhos de permanência enquanto possível, saboreamos pequenos mimos dessa existência através dos frutos doces ao nível das ilusões às nossas mãos. 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Uma lenda

Naquele ano de estio demorado, as colheitas escassas judiavam com a tribo. Bens valiosos da agricultura desapareceram na soalheira intensa das poucas nuvens e rara produção das safras. Nisso, os guerreiros e suas famílias amarguravam desnutrição e doenças inesperadas.

O Velho Índio ansiava que dias fartos retornassem à aldeia, minorando as dificuldades, contudo, quando menos imaginou, sua pequena Rosinha adoeceria. Quase que de fome, a filha querida caíra prostrada, ainda que diante dos largos esforços a movimentar todos da raça, porém insuficientes, inúteis. Sem possibilidade orgânica de atravessar a seca que grassava e tudo destruía, a filhinha sucumbiria à febre intensa, numa triste madrugada.

Dia seguinte, escolheriam lugar no meio da mata a fim de depositar o pequeno corpo sem vida, no meio dos arbustos secos pela ausência das chuvas dadivosas. Nisso, demoraria pouco a vir as primeiras moções, alagando baixadas, inundando os igarapés e ativando de verde luminoso as matas. No ponto exato que tinham depositado o corpinho inerte da menina, bem ali no espaço sobre a cova dela, brotaria uma vegetação diferente das constantes em volta. Os guerreiros observaram aquilo, aquela planta, e resolveram arrancar o caule e olhar as raízes. Rosados tubérculos retirados do chão logo lembraram as pernas da criança.

Enquanto isso, por sua vez, o pai se abatera muito, não mais reagiria à perda de sua filha adotada, indo, lá um dia, ao extremo de pedir aos demais guerreiros que lhe arrastassem o corpo mata adentro sem dó nem piedade, até que também deixasse de viver. No entanto fizera com eu eles prometessem depositar seus restos mortais próximo à sepultura da filha, fonte de toda angústia e do desencanto que amargurava.

Demoraram alguns dias depois da morte do Velho Índio, naquele mesmo inverno, de onde lhe haviam depositado o corpo sob o solo surgiria uma planta exótica, taluda, esbelta, que os habitantes da tribo chamariam de milho.

-E tudo, desde então, ficaria bem melhor no mundo misterioso da floresta em que moravam os índios.

Obs.: História que ouvi de Maria Gisleide Martiniano, que, por sua vez, ouviu do seu pai.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O poder da consciência

Um poeta russo, Eugênio Evtuchenko, diria que o poder maior é o poder da consciência. É que dentro das pessoas existe a potencialidade de um encontro que determina transformar a mediocridade dos dias que correm soltos numa aparente inutilidade a caminho da morte, através da percepção e prática do que os mestres classificam de Conhecimento interior. Considerar a mente tão só o território da habitação do ser que segue na direção do desaparecimento da carne seria, por isso, se existir a fim de cerrar as portas da condição dos viventes superarem a matéria e saltarem a níveis elevados das outras dimensões ainda desconhecidas de muitos.   

Para tanto, há o farol na consciência, poder supremo de toda verdade no íntimo das criaturas humanas, força viva da luminosidade individual, lei maior que organiza os passos rumo a objetivos de transformação pessoal do sujeito, alma, personalidade, o Eu essencial. No império dos caminhos, bem ao dispor desses habitantes do chão existirá o instrumento certo de responder às ações seguintes da jornada, vez sintonizado o trilho do Caminho Perfeito.

A fé existe no sentido de quando tudo terminar dentro das contradições da história individual o homem usufruir do centro das ações do Universo infindo através do recurso da Salvação. 

Já os animais ainda bichos irracionais não têm o saber que assim acontece, porquanto carecem da consciência clara dessa prática da confiança nos valores eternos de uma existência plena, o que alimenta os que aceitam a lucidez qual fator de convicção e equilíbrio dos elementos originais. O exercício desse compreender e posterior querer puro e simples fundamenta a lista das alternativas de esperança à disposição dos mortais em queda livre. O querer qual motivo da sobrevivência definitiva.

Outros denominam Poder da alma, mas que representa igual significação. O modo de movimentar as engrenagens do Ser impõe respostas face a desafios imensos da percepção do sistema que conduzimos rua abaixo, rua acima, nas horas dos dias inextinguíveis.

Menos objeto, mais Autor, nas fibras da Natureza. 

(Foto. Jackson Bola Bantim).

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Construir os castelos pelo ar

Seja quente ou frio, porque morno eu vomito – Paulo de Tarso.

As horas vivas desse mundo onde tantos passam, ou escorregam, ou fogem, na maior sem cerimônia, eles que, por vezes, ainda têm a petulância de reclamar que o tempo está assim ou doutro jeito, essas horas que simbolizam a oportunidade rara, nua e crua, de marcar presença do ser em chão de barro, de escrever a história ou desocupar o beco às novas gerações. Há, por isso, um passo a ser dado no sequenciar das horas. O que faremos do que nos deixam fazer, nas palavras de Jean-Paul Sartre. Criar a nossa própria essência perante a existência, uma vez possuirmos tal condição de recriar a consciência no território neutro, breve e estreito das multidões.

Contudo independe das escolhas políticas ou religiosas laborar o ideal particular em meio aos limites impostos...

A viagem reclama frieza suficiente de usufruir da liberdade intensa que pulsa em nossas veias, naves essas que partirão todo momento na busca do mistério. Diversas ocasiões, e o trilho rasgará o infinito das eras a nossos pés, mares monumentais das possibilidades que indicam visões do paraíso logo ali adiante... Nunca antes visto, o minuto seguinte depositará fortunas de sonhos em forma de flores que abrem cavernas a toda manhã no peito de aço das criaturas humanas.

Indivíduos pagam o preço de merecer a responsabilidade definitiva de conter em si a eternidade, a loteria dos mágicos em fúria. Sempre além das cortinas sobrarão os ventos e vagarão as caravelas do depois. Nós, navegantes aprendizes, zarparemos de cada porto, autores das luzes que iluminarão a história.

Bom, querer contar através de pequenos detalhes a cena interior resulta no direito libertário de colar as peças desse jogo da fala. Convidar outras memórias a trabalhar o destino em painéis mentais que identificarão o futuro das aventuras pessoais no seio das coletividades. Qual a sua participação no exercício de trabalhar a certeza?

(Foto: Jackson Bola Bantim).

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Alegria acima de tudo

Assim numa coisa meio irresponsável diante do que as notícias desse mundo querem a qualquer custo sustentar mas não conseguirão jamais, os comandos da festa, as músicas ruins das baladas, programas sem qualidade nas televisões, engarrafamentos gigantescos, poluição, bombas, mesas de negociação viciadas, ruas e becos de lugar algum, acordos de paz desrespeitados toda hora, matas em destruição, alegria, sempre, alegria acima de tudo. Eis o preço da lição desta vida imensa que aqui não terminará jamais, pois caso isso acontecesse nem haveria acontecido. É só o começo da grande viagem dos seres inteligentes que somos e ainda buscamos os trilhos de tocar nas nuvens as nossas músicas das esferas. Sofrer merece respeito, portanto, que implica no aprendizado constante das salas de aula infinitas das vidas. Perante a exatidão do quanto onde estamos inseridos, viva a beleza da existência, mesmo que significa essa náusea de sentir a velocidade supersônica das horas percorrendo nossas veias e músculos. O alimento dos instantes, o oxigênio dos ares, a força da luz que invade os olhos adentro e ilumina esperanças de melhores visões, as flores, os pássaros, os besouros, os outros animais racionais e irracionais, o pulsar do coração, os circuitos elétricos do cérebro, a tranquilidade profunda do silêncio, as cores, as linhas dos prédios gigantes das capitais movimentadas, a fuligem das avenidas, o ruído descomunal das máquinas impacientes, os navios e aviões, os ditadores, as armas nucleares, as histórias e os poemas, as feiras de amostra de novas tecnologias, tudo, tudo, tudo motivo inquestionável da progressão geométrica da alegria nas emoções da gente. Os chefes dos guetos e os cabos eleitorais em atividade já nas próximas eleições, as tropas fervilhantes de argumentos que justificam a manutenção da ordem social, os vidros rebrilhantes dos enormes edifícios dos Emirados Árabes, as pirâmides, os mercados e os dinheiros circulando como a facilidade do sangue nas gretas molhadas dos seios do sistema nutrido a pão de ló e consciências. Tudo, só tudo, numa quermesse transcendental de pura felicidade a produzir chances dos novos amanheceres em festivais de intensa alegria. Que gostoso existir e usufruir as possibilidades inevitáveis da Criação. Alegria, pois, e acima de tudo, todo tempo, que é perene, definitiva, de Verdade.

(Foto: Jackson Bola Bantim).

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Hora de saber

Nem sempre podemos ignorar, pois existe a hora de saber, quando todo mistério se desfaz. Sobre essa hora queremos falar, apoiados na indispensável atenção do leitor.

Tanto disseram sobre tantas coisas, enquanto o essencial permanecia posto à margem, que isso agora vem a lume, parido na força visceral da precisão, no chamado enigma humano, centro e motivo deste ligeiro comentário.


De início, abordemos o cérebro, que se compõe de uma figuração dupla, montado sob a estrutura dos dois hemisférios, que, articulados entre si, geram a sua função principal: o esquerdo e o direito, no dois da mesma concepção nas outras coisas naturais.


Chineses conheciam esses aspectos e os estudavam sob a designação de Princípio Único do Universo, ou Lei da Bipolaridade. Tudo tem que ter o seu contrário para poder existir - Yin/Yang.


No Egito Antigo, o sábio Hermes Trismegisto examinara o assunto, considerando que um mesmo princípio perpassa todas as coisas que existem.


Assim, obedecemos, mesmo que diante de aparentes desobediências, por nos achar submetidos à Lei universal.


Outros exemplos revelam as tais dicotomias complementares: mulher/homem; noite/dia; Lua/Sol; escuro/claro; doce/salgado; baixo/alto; negativo/positivo; frio/quente. Pares de equivalências se distribuem com perfeição, lições constantes dos valores eternos que os mantêm.

Onde pisarmos, cumpriremos as ordens eternas do Supremo Ser, criador do equilíbrio de tudo o que há.


Tais evidências persistem na energia elétrica, que apresenta os dois pólos: terra e fase, ou fogo. Terceira alternativa inexiste além da harmonia dessas lateralidades, totalizando a força. Quaisquer disfunções redundariam no desmantelamento e posterior inércia dos sistemas. Ao ocorrer desequilíbrio nos extremos, o barco da ordem irá a pique.


Quando falamos que o cérebro se estabelece nesses dois inter-complementos, vale observar também que são partes à procura do todo, conclusão dos estudiosos da alma nas várias escolas, isso que assegurar saúde mental por via de negociações conosco mesmos, na maior de paz interna e obtenção da almejada felicidade.


Vertentes religiosas, igualmente, indicam o nosso outro lado como a trilha do encontro rumo à evolução, plano elaborado pelos milênios afora, no processo denominado de Individuação pelo psicanalista suíço Carl Gustav Jung.


Jesus de Nazaré marcou a história sob o signo de Cristo (o Ungido de Deus), o Eu verdadeiro que nos ensina; Sidarta Gautama, por sua vez, ficou conhecido como Buda, o Iluminado da Ásia. Na Canção Sublime, dos vedas, Arjuna ouviu Krishna, a Suprema Personalidade Divina, que o conduziria à vitória maior sobre os exércitos da Ilusão. Já Saulo de Tarso mudou até de nome (Paulo) após encontrar o Cristo em pleno caminho de Damasco. Isto para citar alguns dos fenômenos mais notáveis de transformações que marcariam a História.


- Descobrirás a Verdade e ela vos libertará -, recomendava Jesus, nas suas pregações ao povo ainda voltado quase só aos atos da vida transitória.


Além destas, outras afirmações suas se voltam a esse esclarecimento: Se teu olho é bom, todo o teu corpo é bom. Se teu olho é mau, todo o teu corpo é mau, disse de acordo com os evangelistas.


O espaço das palavras, ao seu modo, reclama a economia de detalhes. Hora de saber, título escolhido a fim de escrever sem qualquer subterfúgio. Portanto, eis o que achamos devesse constar recordando a assertiva dos sábios de que Deus é a simplicidade das coisas mais simples.


Por via de consequência, ao buscar novas perspectivas da realização pessoal, avaliemos o assunto dos lados da mesma moeda, então.

domingo, 10 de novembro de 2013

A beleza dos lugares

Quem viaja pela Rodovia Padre Cícero, no percurso entre Orós e Solonópole, passa dentro de uma localidade denominada Nova Floresta, lugar simples do interior cearense, distrito de Jaguaribe. Espécie de monumento aos passos iniciais das aglomerações sociais, nesse tempo de progresso fabricado, comigo acontece de rever, nas poucas ruas e alguns prédios da povoação, os indícios do passado distante, na calma, no ritmo dali. Igrejinha bonita, bem cuidada, pessoas sentadas nas calçadas em certas horas do dia, animais pastando pela praça, pequenos estabelecimentos comerciais, calçamento tosco, enquanto atravessamos indiferentes aos movimentos da população dedicada aos afazeres. Espécie de reflexão, nessas oportunidades, mexe por dentro, querendo lembrar o quanto se perdeu em qualidade diante daquilo que classificam civilização.

Enquanto meios ampliaram a expectativa de vida, destruíram a originalidade, o charme do bom viver da gente. Impuseram condições rigorosas de suportar o preço alto da sobrevivência. Dotaram o sistema dominante do direito de enquadrar o cidadão na vala comum dos frios números das estatísticas e balanços. E com isso fomos perdendo de éticos e estéticos a troco de pagar o custo da história.

As metrópoles, também bonitas, deixaram de lado as feições produzidas em ferro e cimento aos automóveis delirantes e janelas televisivas atrasadas, na rotina em que se transformaram os elementos. Ainda que sejam dignas de belas apreciações turísticas, representam as cidades atuais atividade arriscada, por conta do pouco ou nenhum espaço existente da relação criaturas e criadores.


Na dualidade do bucólico e da tecnocracia resta ao indivíduo mergulhar a consciência e descobrir padrões renovados, construção plena das possibilidades no Eu maior, o que os mestres revelam no âmbito das dimensões pessoais.


Sei que o belo sempre existirá, aqui, hoje, ou nalgum nível e percepção, conquanto a perfeição represente poder e continuação. Cabe, porém, habitar o território amplo do conhecimento interior.


Em relação ao que dissemos das minhas idas e vidas a Fortaleza pela Rodovia Padre Cícero, fotografei a igrejinha de Nova Floresta, com respeito ao carinho dos seus habitantes tratarem a devoção religiosa.  

sábado, 9 de novembro de 2013

O deserto e o coração

Deserto das mentalidades vazias dos catadores de miragem espalhados ao vento, na velha sequidão onde, um dia, houve mar de água doce. A voz do que clama no deserto, João Batista, querendo endireitai as veredas do Senhor... Isso lá num tempo de vastidões ressequidas e hoje carros atoleimados que vagam pelas avenidas rudes das selvas de pedra. Tecnologias em alta, criaturas em baixa, animais envilecidos num desaparecimento vertiginoso diante da profundeza de uma fome atroz de amor. Zumbis apavorados em grupos de vaidades sem nexo, parados nos sinais da solidão. Astronautas do egoísmo, arrependidos na saudade, viagem no sem jeito da fama e das posses inúteis. 

Enquanto isso, o pensamento ainda impera solto nas consciências perdidas, espectros bloqueando a chegada dos sentimentos bons que ainda salvarão as máquinas dominadoras dos continentes e das oportunidades de libertação. Arrependei-vos da cegueira e vens ao batismo de João, vós escondidos detrás das muralhas falsas do poder do chão, quais ratos medrosos em noites de fúria, pigmeus que devoram a própria carne em busca de sobreviver algumas copas do mundo mais, durante a farra da ilusão passageira, miragens, miragens, cenouras à frente de burros trôpegos, no trilheiro de açúcar e sal, desnorteados vendedores de fumaça e poeira. 

Lembranças persistem, no entanto, nos avisos da voz do que, belo dia, clamou no deserto, e dele cortaram a cabeça: ... Porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. Filhos do coração, nascidos acesos, vivos na alma dos que têm fé na certeza, na Verdade, frutos do solo fértil de corações fortalecidos.

O deserto de nós donde viverá eterna vida, haja que plantar e regar a semente do Bem pela prática do que é bom de essência. Então, firmar os pés na revelação de Si, justa medida dos que se orientam nas estrelas e no Sol, exemplos da Luz no coração.

(Foto: Jackson Bola Bantim).

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Guarani Araripe

Há poucos dias, esteve no Cariri, a lançar seu livro Anotações da Adolescência, o escritor Guarani Valença de Araripe, arquiteto, memorialista e poeta baiano de Ilhéus que possui raízes pessoais nas terras cearenses. Com o Instituto Cultural do Cariri em noite de gala aos 60 anos de existência, obtivemos oportunidade conhecer, na pessoa distinta do escritor visitante, um exímio conversador, dotado da alma alencarina e amigo de amigos meus nas plagas baianas.

O trabalho objeto desse autógrafo na noite festiva compõe poemas produzidos aos primeiros impulsos literários do autor, Nos idos / vividos, / sentindo / lamentos / tormentos / dos tempos / em flor, qual ele diz na poesia Lampejos, constante do livro. 

Versos sinceros, organizados com esmero e qualidade, transmitem a verdade do jovem no auge dos amores primeiros, primeiras descobertas dos sentimentos vorazes da existência. Cada página reflete vontade do dizer cheio de paixão e ansiedade. Versos? / Sofridos / Nos anos diversos.  

Explicita nos detalhes apaixonados o tempo rico de sonhos que exercita no leitor viver emoções semelhantes, frutos eternos da verve humana de fase tão nobre das idades.

Contudo Guarani traz consigo também outros momentos da escrita, desde quanto tomou a punho o dever de perpetuar a história dos pais, João e Maria, ambos originários do clã dos Alencar das imediações de Crato, no Sul cearense, tronco da heroína Bárbara e seus filhos, no qual tem origem.

No livro Café Central (o romance da João e Maria), edição de Casa de José de Alencar (UFC), Fortaleza, 1997, Guarani Araripe narra com particularidades a trajetória de vida do tio avô João Freire Napoleão, um rico acervo de referências histórias do Ceará entre os séculos 19 e 20.

Já na obra Histórias de Seo Alencar, meu pai, edição particular, Salvador, 1989, outra das suas produções literárias que nos dedicou, Guarani centraliza as peripécias do genitor pela narração dos passos de quando se transferiria de Fortaleza a outros lugares, até fixar residência definitiva nas terras baianas do cacau, em Ilhéus. 

Apreciador contumaz que sou das páginas interioranas da literatura, nesse escritor apreciei instantes próprios dos que mantêm acesa a chama viva das memórias familiares, a base real da sociedade e dos valores da cultura. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A força da religiosidade

Nem sempre só saber é suficiente a trazer Deus no coração. Por vezes, o tumulto dos acontecimentos exige empenho maior do que apenas o conhecimento intelectual e impõe condições inarredáveis a usufruir dos meios que a religiosidade oferece no coração.

A inspiração permite encontros fortes com os poderes maiores da existência, concedendo paz necessária a praticar os valores espirituais além da pura certeza moral. Isso pede entrega que tantos dizem de localizar a fé verdadeira no íntimo Ser.

Diante das tempestades existenciais, o tamanho da gente diminui quase ao ponto zero, numa vertiginosa desmistificação de tudo o que antes acreditávamos quais elementos importantes da vida. A gente se baixa e espera, a ponto de esquecer as vaidades humanas e deixar na caminhada os sonhos ilusórios desse cotidiano passageiro.

Nessas ocasiões, o que se plantou vem colher. Ninguém improvisa nas horas difíceis, quando tudo parece fugir dos pés e abismo intransponível abre o despenhadeiro do nada diante dos olhos no caminho.

Instante de conversar diretamente consigo próprio, onde mora o mistério da história pessoal das criaturas. Crescerá, pois, o balanço dos resultados, encruzilhadas e destinos feitos verdades eternas.

A religiosidade conta disso na medida em que o ato de viver apresenta a interrogação de razões profundas, no interior da alma da gente. As principais perguntas da filosofia crescem no horizonte: de onde vem, o que está fazendo aqui e para onde irá?

A qualquer tempo essas verdades aparecerão fora dos detalhes que pouco significam em momentos extremos. Ninguém fugirá ao encontro definitivo de Si mesmo. Esconder aonde? Escapar em que lugar? Desistir de que modo e por que meios?

Em tais situações-limite o peso harmonioso dessa existência pedirá seu preço a cada um de nós, e nisso saberemos responder ao nosso modo o quanto, na realidade, conhecemos dos bens elevados da Ciência divina, razão da calma que irá nos alimentar no extremo dessa jornada imortal.

(Foto: Jackson Bola Bantim).

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Razão da competência

Quando saia de sua casa, certa manhã, Rui Barbosa foi abordado por alguém a lhe pedir orientação a respeito de processo que transcorria numa comarca do interior baiano.

- Muito bem, posso atender ao amigo - respondeu o jurista, pedindo, no entanto, que o interessado voltasse noutra ocasião, posto, naquela hora, dirigir-se ao fórum para participar de audiência e não dispor do tempo necessário de estudar o assunto, etc. e tal. - Careço de ouvi as particularidades da matéria, para, só então, tecer os meus comentários – quis concluiu.

- Mas, seu Rui, todo mundo sabe da sua indiscutível capacidade - retrucou o homem, demonstrando meia contrariedade pela demora que teria de aceitar. - Em poucos minutos responde aquilo que preciso, escrevendo até na perna, numa ponta de papel, e vai demonstrar proveito, sei disso, visto fazer perfeito tudo que faz. Quem há de questionar a sua conhecida competência?

Sem pretender alongar a conversa, Rui sorriu e disse com seriedade:

- Por isso mesmo, velho amigo, adquiri essa fama de fazer bem feito o que me é dado fazer. Porque eu paro, examino em profundidade os assuntos que estudo e construo as minhas interpretações. E o povo diz com absoluta propriedade que a pressa é inimiga da perfeição.

...

Neste mundo de meu Deus, diante da velocidade provisória dos formigueiros humanos, as cidades contemporâneas, o imediatismo predomina e reduz a força da concentração, dificultando resultados melhores, nos propósitos individuais.

O anzol do oportunismo, com facilidade aparente, desmonta as preocupações dos que buscam o sentido da exatidão. Por tais motivos, a criatividade perdeu espaço precioso no ritmo acelerado das máquinas.

Interessa sobremaneira aos competidores o lucro, a multiplicação, invés de coerência e harmonia, porquanto as cifras dominaram a hegemonia da vontade, no placar entre quantidade versus qualidade.

Poucos desejam levar em conta os preceitos da formulação correta dos propósitos, e a invenção mal cozinhada ocupa o lugar do mérito e dos inventores.

Existem agora ciências originárias das próprias máquinas, que passaram a desvendar mistérios antes desconsiderados. A título de exemplo, observar a neurolingüística, que desperta reais possibilidades de se programar a mente das criaturas do modo que se faz nos computadores.

Nessas divagações, por via do que pensavam os profetas da sociedade mecânica, chega-se ao mundo robotizado e das coisas dependentes de meios artificiais, na realização do que prevenira a ficção, demonstração cabal do que acontecer soberbo nas grandes cidades contemporâneas. 

Numa oportunidade, indagaram de Thomaz Edison quais razões do seu talento e dos tantos produtos que dele fizeram o maior dos inventores, ao que respondeu: - Cinco por cento vem da inspiração. Noventa e cinco, da transpiração.

domingo, 3 de novembro de 2013

Autoridade e democracia

As práticas políticas dos regimes democráticos, em que todo poder emana do povo e em seu nome é exercido, requerem o uso do bom senso nas suas razões de estado, condicionando àqueles que as exercem o domínio da força bruta no esmero de ações pela preservação das instituições de uma sociedade livre. Daí o comparativo entre o direito da força e a força do direito.

Um exemplo típico do exercício necessário da força em situação de preservação democrática ocorreu à época da Segunda Grande Guerra, quando as hostes totalitárias do Terceiro Reich ameaçaram a sobrevivência de todo o Mundo e os Exércitos Aliados reagiram, no maior embate bélico da história.

Dizer-se que nosso País é uma democracia constitucional envolve a previsão formal de sermos povo livre, dotado de regulares turnos eleitorais para a composição dos poderes, liberdade de expressão, igualdade racial, tudo sob o lídimo e soberano império da Lei.

Quaisquer autoridades que exerçam pressupostos democráticos representativos devem respeitar por dever o pleno estado de direito, com a correspondente salvaguarda dos direitos políticos, civis e sociais.

Vezes sem conta, a autoridade se depara com os desafios próprios da defesa desses bens comuns, porquanto a liberdade de uma pessoa termina onde começa a da outra pessoa. 

O puro e simples manifesto de minorias que quiserem ferir a paz e o território das liberdades exige das autoridades posicionamentos efetivos de conservação da boa ordem civil face aos jogos democráticos, daí existir previsões legais e adoção de medidas coercitivas cabíveis.

Essa linha fronteiriça da autoridade e da democracia reclama permanente debate e avaliação, subjugando interesses particulares, sobretudo quando se veem a risco as conquistas seculares das nações do mundo livre.

Alguns doutrinadores exigem politização para o cidadão reivindicar os seus direitos à luz da consciência, isso estabelecendo a educação das bases sociais.

O poder arbitrário, ou reacionário, das ações políticas se manifesta tanto de um povo despreparado, imaturo, quanto de autoridades ilegítimas, truculentas, cujas ações ocorrem, às vezes, fruto da ingerência de grupos despreparados, intolerantes.

Dentro de tais considerações, vale ao cidadão examinar com zelo as mobilizações do campo político-democrático, na expressão legítima da vontade permanente das lutas de toda comunidade que se preza.