segunda-feira, 28 de maio de 2018

Indícios da Era Solar

E o que vemos acontecer nessas horas diferentes das notícias, vozes de crise, berros na multidão, estradas impedidas, desabastecimento, que tais. Algo esgotou e ninguém sabe, ninguém viu, ou não quis ver que acontecia, embriagados que éramos na velocidade sobre rodas, vento passando solto nos ares dos pára-brisas. Enquanto lá na distância dos países nórdicos alguém olhava assustado a transcorrência do consumo exacerbado de combustíveis fósseis, que têm dias contados e medidos, porquanto esvaziam as reservas não renováveis. Disseram que durariam até 2023. Entrementes, nunca houvera preocupação em desenvolver as outras tecnologias, porquanto dos países atrasados vinha a preço módico o óleo negro aos borbotões. Exércitos de conquistas jamais suspenderiam seus avanços nas terras devastadas daqueles povos miseráveis do Oriente.

Porém agora o preço há que subir, pois as ruas e estradas estão prenhes de máquinas que consumem o sangue da terra sobre as lâminas escuras do nada a lugar algum, nos tempos abstratos da tecnologia do aço. Por isso, o custo merece respeito, e tome determinação dos donos das fábricas e empresas de refino espalhadas pelo mundo. 

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Eis ali o quadro crepuscular da Era do Petróleo, matriz da civilização industrial que avassalou a geopolítica dos séculos. Outrossim, não fosse a colonização francesa no Norte da África, máxime na Argélia, e outra fonte de energia, a maior e inesgotável que existe, o Sol, nem sairia da estaca zelo em termos de utilização. Desse modo ocorreu, no entanto. E agora temos ainda em estado rudimentar as primeiras células fotovoltaicas passíveis de substituir os combustíveis fósseis através da energia solar. 

Logo, que abram os olhos, pois. Somos o Brasil das maiores áreas solarizadas do Planeta, superado apenas pelos desertos do Saara, na África, e o de Gobi, na Ásia. Os países cinzentos do Norte, que dominam os capitais do mundo, agora restringem a energia fóssil e cobram caro a demanda que possui dias contados e restritos. Os políticos, nisso tudo, são apenas peças humanas de reposição, por vezes de pouca ou nenhuma qualidade principal.

domingo, 27 de maio de 2018

A matriz das histórias pessoais

Depois de tracejar tantos caminhos pelas superfícies deste mundo e trocar de olhos sucessivamente na busca das compreensões e justificar motivos de tocar adiante, vem o instinto elaborado de querer explicar as razões de sobreviver aos desgastes e dúvidas pelas oficinas das palavras. Vontade enorme de contar detalhes desse roteiro místico que chamam viver, nisso pouco a pouco se anota que tudo resume só no jeito melhor de contar o que acontece. Contar a nós próprios e aos demais. Daí, vez em quando, ouvir o diálogo íntimo da gente com a gente, e pegar a rir das histórias que conta a si, e aguçar o espírito, e esperar, e desesperar, e esquecer, e adormecer sobre mobílias de salas silenciosas, inexistentes cá fora, quais sujeitos dos objetos criados e largados nas sucatas do destino.

Certa feita, Jean-Paul Sartre escreveu que, de duas uma, ou viver ou escrever, e ele escolhera escrever. Nem tanto, nem tão pouco significa tratar as palavras quais pescadores aos peixes. Há, sim, que sobreviver a tudo, conquanto independente de salvar os enredos e as histórias, por mais que elas sejam tão apaixonantes e prendam às malhas seus seguidores, desejam explicar mundos e estações. Isso assim pede, no entanto; aliás, além de pedir, exige atitude que priorize interpretações de causa e efeito, versões consistentes da existência real; contudo ainda fictícia. Aconteça, pois, algo nalgum pedaço de chão e bem ali aparece o instinto agressivo de juntar partes e montar as maneiras muitas de compreender e jogar dentro do aparelho digestivo as sensações, e esclarecer com que fim elas aconteceram. 

Bom, nesse impacto quase absurdo de dar nexo às ocorrências e nunca morrer inocente de mostrar a finalidade de que tais ocorreram, então vem nisso impulso inevitável de achar a matriz das histórias. Descobrir a explicação do que trouxe Colombo ao Novo Mundo, espécie da fome de falar que causa as cólicas aos mudos de trazer à tona o quê, o porquê, das intenções acordadas que foram nos sonhos e que precisam nascer, de qualquer modo, logo na luz do dia. 

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Antes e depois da Eternidade

Ontem e amanhã, antes e depois da Eternidade que mora nos humanos. Linha divisória entre tudo e nada, rompemos as horas mortas quais bólides feitas de meros momentos que transcorrem no tempo enquanto outros seguem apressados rumo ao desconhecido e lá também certo dia chegaremos. Já foram tantos os que vivenciaram essas cólicas de perfeição e deixaram desaparecer as chances da descoberta que, contudo, tornaram presas fáceis de coisas inúteis, fiapos e gravetos. Filhos do agora, porém inconscientes da revelação do mistério, vivem soltos às ilusões do desejo e abandonaram a luz da fertilidade plena em mãos do esquecimento.

Muitos, milhões, centilhões, carregam, pois, o peso de todos os Prometeus atoleimados através do provir das provas, absortos naquilo que deixaram atrás, e padecem nas subidas as quedas, fantasmas das encostas escorregadias. Flertaram na imortalidade, embelezados com a própria sombra, tremeluzindo nos lagos, e acham bonito o verso do espelho que hipnotiza e embriaga os repastos dos abutres, escravos do prazer e da dor, na dor e no prazer, princípio e fim, e recomeço de tantas e quantas vezes.

Eles são os nós, pássaros desta fome e floresta de repastos de deuses mórbidos que eles mesmos criaram luas sem conta. Mergulharam o abismo da ausência nos finais que lhes aguardam, rindo à toa do drama de ignorar, e sonham, e padecem inebriados de fulgor e desencantados pelas gerações sucessivas mundo afora.

Sabem só que há razões de continuar; o que nutrem as feras das paixões,, e amarguram a fome de amar, o apego desesperado de prosseguir vivos e cegos na ignorância de conhecer, falar e não praticar o que disseram. Focos de visão encandeada, assim sobrevivem dentro do Sol e andam em círculo, semelhantes a cavalos de carrossel, a fugir da alma ali jogada no tabuleiro da luminosidade e da paz, rios abertos da Felicidade. No rosto deles, a face de todos nós.

domingo, 20 de maio de 2018

Verdade interior

Luz nos abismos da consciência da gente, ou na verdade interior e sentido de tudo quanto existe, e existirá, aqui assim nos situamos em espécie, diante dos altares da Natureza perfeita. Querer construir em si, e construir. Edificar os túneis que conduzirão à libertação das limitações que a história impõe a homens e a séculos. Pura vontade de poder, harmonia, melodia e ritmo, desde mínimos detalhes da película em produção nas pálpebras do Universo virá este nascer de sol.

Mecanismo imortal da Criação, conduzimos em nós os barcos através dos mares desta vida feitos heróis, protagonistas, expectadores das cenas reais de revelar o mistério dos seres, autores, atores que somos dos papéis que desempenhamos. Músicos hábeis da improvisação e dos amores, semeamos saudade mil no solo dos personagens que amam, se amam e nos amam. Cá deste lado vamos a chorar, a sorrir; vacilar, prosseguir; dormir e sonhar os velhos roteiros de outras histórias, no palco de largas aspirações; conformações já evoluídas, no entanto, ao som das condições de cativos dos prazeres, choramos a despedida da condição atual e insistiremos continuar sobrevivendo no chão da felicidade que imaginamos agora. 

Vozes de vontades que o tempo esqueceu numa estante qualquer, ao léu da sorte, ao sabor do vento, o brilho dos firmamentos mais distantes insiste alimentar lá dentro os dois personagens que se analisam e aguardam o momento certo de saltar sobre o abismo dos infinitos, olhos que brilham iguais à razão que lhes foge. Enquanto isto, a orquestra executa peças inesquecíveis; músicos fervem no desejo de mergulhar na inspiração e abraçar a beleza dos sentimentos soltos no ar. 

No dedilhar dos violões, fagulhas imensas da fogueira do espírito viajam na distância das notas da imaginação. Todos apegos em um único ser, tela dos mínimos detalhes aos sóis da plenitude, das fibras íntimas deste instrumento de maravilhas advirá a resposta definitiva das virtudes e dos compositores. Um quadro disto resultará, do quanto fomos, somos e haveremos de ser, nesse dia que cresce no horizonte das criaturas humanas.

sábado, 19 de maio de 2018

A felicidade não se compra

Este o título de um filme realizado na década de 40 do século passado, isso logo depois da Segunda Grande Guerra (1946). Película por demais festejada, durante longa data foi considerada a maior bilheteria da história do cinema, lógico que hoje superada por conta do aumento da população e dos outros meios de comunicação, o que impede das estatísticas funcionarem com a mesma precisão. No entanto ora pode ser localizada com facilidade através desses meios de tevê e internet, a fim de ser vista pelos que interessarem.


É a história de um espírito desencarnado, candidato a anjo que, para ganhar suas asas, recebeu a missão de ajudar um valoroso empresário que, em virtude de grave problema financeiro, provocado por desonesto banqueiro, tinha a intenção de se suicidar.

O aspirante a anjo foi encontrá-lo na véspera do Natal, à noite, prestes a saltar de uma ponte nas águas geladas que corriam embaixo. Fazendo-se visível e identificando-se, falou de sua missão e, sem nenhuma pretensão de demovê-lo da ideia, comentou que seria um desperdício, porque ele vinha sendo importante para muita gente. Ante o ceticismo de seu protegido, que se sentia um fracassado, o amigo espiritual mostrou-lhe várias situações que teriam acontecido se não fosse sua interferência. A morte do irmão, a tristeza da esposa, a situação lastimável de sua cidade entre outras. (Wikipédia)

Uma produção cinematográfica dirigida por Frank Capra e estrelada por James Stewart, dentre outros, ainda em preto e branco, que bem merece ser conhecida pelos que apreciam o que vale a pena ser apreciado.

Mas o que me deteve a considerar tal obra de arte leva em conta exatamente o título que recebeu, A felicidade não se compra (It’s a Wonderful life). Isto no tempo dagora quando tudo, ou quase tudo, custa o vil metal, ou os olhos da cara, qual dizem. Enquanto isto, a Humanidade arrasta a barriga no chão das almas e praticamente desconhece valores. Vou mais longe, não, pois o espaço esgotou, desta vez. Queira ver o filme e tire a própria conclusão. Abraço.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Ainda haverei de ver!? - Por: Jorge Carvalho

Concluído e revitalizado o Estádio Virgílio Távora (O Mirandão). As ruas da minha cidade limpas, calçadas arborizadas, depósitos para a coleta seletiva do lixo. Praças revitalizadas e propícias ao lazer de crianças, jovens e idosos. As serestas retornarem à Praça da Sé. Ainda haverei de ver! Os bairros do meu sofrido Crato sendo respeitados, seus moradores com direito fundamental de andar por ruas limpas, saneamento básico presente. Ainda haverei de ver o Sport Club do Crato, o querido rubro-negro da cidade, sendo o nosso representante no Campeonato Cearense (1ª ou 2ª divisão). Ainda haverei de ver (ouvir) em uma emissora de rádio educativa ou universitária, instalada em minha cidade, a música de Abidoral, Pachelly, Salatiel, Leninha, João do Crato, Correinha, Eduardo Júnior, Aécio Ramos, Dihelson Mendonça, Tiago Araripe; Reisado do Mestre Aldenir, Coco das Mulheres da Batateira, Reisado Dedé de Luna, Maneiro Pau do Mestre Cirilo; a poesia de Luciano Carneiro, Olival Honor, Bastinha Job, Josenir Lacerda; as crônicas de Emerson Monteiro, Dr. José Flávio, Roberto Jamacaru; os artigos educativos de Alexandre Lucas e professor Carlos Rafael. Ainda haverei de ver minha cidade possuir um sistema de transporte coletivo que atenda dignamente às crianças, aos adolescentes e trabalhadores que, confortavelmente, se desloquem ao seu ambiente de trabalho ou seu local de estudo. Retornando da mesma maneira aos seus lares. Ainda haverei de ver as nossas escolas de samba retornarem à avenida iluminada (Dr. João Pessoa, Praça da Sé) num trabalho sério de resgate desta manifestação popular (o Carnaval). Ainda haverei de ver as nossas festas tradicionais, cívicas, comemorativas (Dia de Reis, Carnaval, Dia do Município, festas juninas, Festa da Padroeira, Semana do Folclore, malhação do Judas, Natal...) calendarizadas, discutidas com a população. Ainda haverei de ver o(a) secretário(a) de Cultura sendo eleito pelo voto popular. Ainda haverei de ver os nomes do saudoso Elói Teles e do inesquecível e injustiçado Correinha sendo lembrados para darem denominação a alguns futuros logradouros que por casualidade a atual administração venha a construir (ainda haverei de ver?). Ainda haverei de ver na entrada da minha cidade, via Bairro São Miguel, uma bela placa, bem iluminada com a frase: BEM VINDO, AQUI NASCEU CEGO ADERALDO. Outra, no bairro Batateira, com a frase: BEM VINDO, AQUI NASCEU SÁ RORIZ - HERÓI DA SEGUNDA GRANDE GUERRA. Ainda haverei de ver?

terça-feira, 15 de maio de 2018

A consistência da Verdade

Nessa viagem de dentro, nas circunstâncias do eu invisível de que somos dotados, única que guarda possibilidades infinitas de chegar a destino certo, existem sonhos, flores, amores, dores, esperança e muita fé. É ela essa força descomunal que arrasta as gerações mundos afora, a cada madrugada, todo dia, horas vivas, pelas malhas do espaço e dos céus intocados pela visão. Vontade, entretanto, insiste no dispor das criaturas humanas a que busquem chegar cada vez na real libertação de si. Grandes aventuras advirão nesse percurso que lhes reservam os tempos através das tantas chances de construir outra vez os castelos da própria existência imortal que todos decerto anseiam diariamente obter.

A realidade, contudo, desvela àqueles que elegem o conceito das palavras ao bel-prazer, que fugiram da disposição do Verbo que se fez carne e habitou entre nós, fechando o ciclo só das experimentações individuais.

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Necessários se fizeram, em face disto, milhões de séculos a nos aperceber, e talvez até esquecer, de outras tantas vezes dos passados infernos e paraísos que vagaram acesos na Consciência das pessoas que nós somos. Responsáveis, pois, pela criação de verdades particulares incertas por demais, os humanos carregam consigo, sob esse manto ainda escuro da dúvida, o devir de regressar ao local do crime e refazer lendas que lhe alimentaram os corações embrutecidos de tanto pensar que soubéssemos de tudo, e quase de nada saber.

Porém nalgum lugar secreto do mistério ali persistirá a Verdade sempiterna que organiza o Universo e salvará os heróis envilecidos no drama das gerações. Planos estabelecidos deste Ser definitivo, lá belo dia a Perfeição envolverá de verdade o efeito desejado, revertendo em festa as verdades parciais, no fim de reconhecermos a árvore essencial onde mora Felicidade, no Céu grandioso da realização dos seres menores.

(Ilustração: Maurice de Vlaminck).

domingo, 13 de maio de 2018

Poder da Sabedoria

Esta luz que vem de dentro, do auge da Consciência. Portal de todos os sois, que ilumina a si e alumia o caminho dos demais. Vitória sobre o demônio da ignorância, o que permeia inteiro os filamentos do Universo sem fim. Luz, pura luz, a luz pura e inigualável. Nas palavras de Buda, estas são as três paixões mais graves: sede de amor, apego à existência, cegueira da ignorância.

Luz que cura os males humanos, o brilho do Conhecimento que apaga abismos de maldades, esclarece as interrogações e acalma oceanos de perquirições, no decorrer das jornadas de tantas e tantas culturas.

Ora, da ignorância é que nascem todas as paixões; com a destruição da ignorância, todas as paixões serão igualmente destruídas. (Buda).


A distância, pois, que permeia pensar que sabe e saber propriamente significa ânsia dos desejos sem a concretude das realizações plenas. E resta em todo ser agir no sentido justo de equacionar o enigma de pensar, e cuidar de saber propriamente.

Esforço contínuo das raças, a luz da verdadeira ciência norteia os tempos pelas vidas afora. Quando não souber como agir, ouça a voz da Consciência, o que exige o mínimo de humildade e sabedoria. Nisso, claudicam os aventureiros do espírito e padecem as histórias dos equívocos, contradições e desesperos. Porém existe o que bem demonstram místicos e sábios nas civilizações. Eis a função primordial de tudo, desvendar a efetiva transformação das limitações e reverter os quadros da miséria que enoda um passado estéril.

Isto, no entanto, compete só aos indivíduos, conquanto os caminhos perpassam o mistério da existência pessoal, a identificar respostas consistentes. Tais, com isso, o transe que se abre de dentro, e outra razão não existirá senão reconhecer os limites e superá-los, no transcorrer das gerações. A ti, o pomo do Ser, caberá, portanto, decifrar a que viemos e brilhar a própria Luz, esteio da salvação dos Céus. 

sábado, 12 de maio de 2018

Compadre Hipólito

Debaixo das sete capas da memória sobrevivem outros você que quase nunca há de findar. Quando contam que depois disso tudo daqui do Chão nem lembrança existirá do que ficou na estrada, imagino aonde sumirão as recordações dessas vidas cheias de novidade. Aonde desfar-se-ão os momentos e os personagens que marcaram as histórias, que tantos são fortes por demais, entranhados nas carnes da ausência feitos dentes molares e caráter definitivo.

Em meio dos viventes do Tatu, ele marcou a intermitência dessas memórias feito grude. Compadre Hipólito. Dos derradeiros a largar o sítio, ainda hoje dele persistem herdeiros, filhos que escolheram permanecer no lugar diante da derrocada dos tempos. Manoel, por exemplo, que mora numa das casas de taipa que restaram, lá em cima da represa do Açude Velho, com Zuca, um dos irmãos que ficou assim meio alheio do mundo, e talvez por isso resista à voragem dos desaparecimentos-lembrança.

Hipólito era compadre de meus avós. Dos moradores, o melhor ligado à casa grande, espécie de imediato em tudo. Ele mergulhava para abrir a bomba que deixava passar a água de abastecer fruteiras do brejo, logo abaixo da parede. Fôlego admirável. Os meninos sentavam só a olhar e acompanhar quanto tempo levaria debaixo d’água, gigante mergulhador que era. A gente estava quase desistindo, daí ele saltava na flor da água feito peixe grande.

Tirava leite das vacas bem cedo no curral, aonde bebíamos dos copos com canela o líquido espumante e morno, determinação de nossa mãe. Arriava os bezerros, tangia o gado no rumo da manga, cortava pasto e acompanhava os carneiros e cuidava de serviços no eito. Sempre na indumentária surrada, camisa de mescla e bermuda rota, escurecida de manchas das nódoas do trabalho; um facão embainhado pendendo da cintura; chapéu de palha encardido de sol e poeira; vozeirão manso, ritmado, cauteloso e fiel. 

Bem depois, isto já longe de hoje, conversávamos numa de minhas idas ao antigo torrão natal, e ele observava meu interesse pela política. Daí me contou que nosso bisavô, Gustavo Augusto, insistia com meu avô a que entrasse na sucessão em Lavras, daí 12km. E vô respondia reticente:

- Gustavo, deixe eu aqui na calma do Tatu. Isso é assunto dos outros parentes, feitos nessas procuras. 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Corações de lata

Eles, os humanos, possuem essa dupla função, raciocinam e podem também sentir. São dois efeitos de uma só reação que chamam vida. Ocupam um lugar no espaço e no tempo dentro disso que se move ao sabor das atitudes de quem preenche o corpo, o que raia a perfeição. Soubessem usar convenientemente, e, por certo, descobririam modos adequados da cabine de comando onde sobrevivem, logo identificando a que vieram no Planeta. Todavia, quase de costume, quebram a cara nessa utilização defeituosa do equipamento de possibilidades infinitas. 

Eles agem como que sabem utilizar todas as funções do tal escafandro onde vieram embutidos. Mas abusam ao vão da sorte. Mais parecidos com pilotos sem brevê, que jogam os diferentes deles nos precipícios de lama, presos aos caramujos do destino. Machucam uns aos outros, machucam a si mesmos, aos valores da Natureza, e ameaçam até a sobrevivência das demais espécies.

O lado racional, que significa tão apenas uma das bandas do veículo de carne, ossos e sangue, este segue subutilizado a mil borboletas. Abusam do pouco treinamento e geram o que chamam riqueza, ou acumulação de quinquilharias depositadas no fundo das casas, quais formigas recolhendo mantimentos para os invernos rigorosos. Contudo machucam nisso outros, lutando nessa intenção cumulativa feito feras. Arredondam números de guerras, fabricam armas super eficientes no afã de tomar e escriturar coisas, chãos, bichos sagazes e gananciosos. 

Poucos, raros, outrossim, descobrem que ali de banda existe o campo livre do coração, casa dos sentimentos e das emoções, donde virá a sonhada libertação. Escondem da grande maioria essa chance de reverter o quadro de apreensões e equívocos, houverem praticado o que manda o coração. Disfarçam da própria compreensão esta força viva que neles impera. Diminuem quase ao máximo imaginar que sentem, que têm emoção e que podem ser irmãos, e viver em paz, amar, construir, ampliar os motivos da real felicidade no grupo, razão exclusiva que os trouxeram consigo. Porém, se sabem, fazem de conta que ignoram. E esquecem nisso a causa primeira de tudo quanto existe e existirá no projeto sofisticado a que vieram cumprir.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Ferramentas

Vez em quando surgem essas notícias bombásticas de que processaram Fulano, Beltrano, Sicrano, por conta da divulgação de dados, revelação de segredos de estado, vazamento de informações prioritárias, invasão de domínios e individualidades, o escambau a quatro. Depois, as recomendações de que os aplicativos fuçam a vida das pessoas nos diferentes lugares do Globo vistas as redes sociais, que hoje controlam pessoas, negócios, instituições, política, orçamentos, justiça, passado, presente, futuro, trânsito, organizações, saúde pública, segurança, cultura, riquezas, bolsas de valores, tudo, enfim. Anonimato é palavra fora de moda. Um Deus nos acuda de cabos de fibra ótica circula por baixo dos mares e cintura o mundo inteiro. Câmaras apresentam o cotidiano em tempo real. Há notícia onde quer que seja, e chega aos nossos olhos através das maquininhas computadoras que viraram moeda de troca entre autoridades e marginais, estejam onde estejam, sem a menor cerimônia. Isto a ponto de modificar até o padrão de comportamento das gerações, hábitos alimentares, costumes sexuais, emprego e renda, compras e vendas, crenças e filosofias, educação e filosofias.

Os profetas de agora têm nomes esquisitos, estrangeiros, mundiais. Bill Gates. Steve Jobs. Mark Zuckerberg. Julian Assange. Senhores da Cibernética, que regem o padrão dos acontecimentos a ponto de ameaçar os próprios valores da política internacional nos reinados e nas guerras, através da suposta venda dos dados que recolhem nessas máquinas futiqueiras, o que mexe, inclusive, na Justiça dos países a segui-los de perto e, nalguns momentos, promover ações penais ainda incipientes, face ao atraso nas legislações da matéria. 

Do menorzinho ao maior, ninguém mais vive à margem do poder da eletrônica contemporânea, desenvolvida por meio de pesquisas e inteligência. Por certo subestimamos nossa capacidade inventiva, face aos resultados morais praticados, que ainda insistem permanecer na Idade da Pedra.

Conquanto alguns digam dos riscos individuais à cidadania, vistos os dados abertos pelos Facebook, Whatsapp, Instagram, Twitter, Linkedin, Wikileaks, etc., uma verdade maior se presencia: Nunca, qual nesta época, nos comunicamos com tamanha facilidade e utilizamos o conhecimento quanto no uso desses ameaçadores aparelhos de uso fácil. Há que desenvolver, no entanto, coerência nas invenções da Humanidade, ora em fase de intenso aprimoramento. 

terça-feira, 8 de maio de 2018

Quadros e galerias

Os melhores quadros nunca chegam às galerias. As melhores inspirações nunca passam além do peito, isso porque não conseguem sair e dizer o próprio nome em forma de significado. E aqueles que as encontram e recebem em si próprios, jamais resistiriam dizer de tanta beleza, contar de tanta poesia, porquanto a força incontida do viver impõe a isso condições inestimáveis. Quantas vezes vêm sendo assim, pelos séculos sem fim, de se saber de coisas lindas, nos sonhos, nas manhãs agradáveis, e não saber, hoje, amanhã, nos outros dias, transmiti-las em termos artísticos. Olhar o céu, o mar, a serra, o sol; sentir a energia do som, da brisa, e não se conseguir falar de tais qualidades, impossíveis de caber em nossos pensamentos, nas palavras, nos versos, nos sons, nas telas, nos filmes, nas fotografias... Os mais destacados artistas, todavia, insistem e se entregam ao ofício de colher as flores do tempo e oferecê-las em forma de criação, para passarem de mão em mão, querendo eternizar o fugidio, multiplicar o momento, dizer de tanto mistério, e não buscar adquirir o poder das coisas perfeitas, trazê-las em códigos, passá-las além de si. Muitos até que um pouco disso conseguem, mas, sendo desse jeito, poucos são aqueles que se apercebem de tanta beleza, do tanto de poesia que transmitem os maiores artistas, para passar de mão em mão os painéis inimitáveis da Natureza, no quadro desta vida, querendo através do sonho da arte eternizar o fugidio, domar o indizível, multiplicar o momento, vencendo a impossibilidade de passar além do peito as maiores inspirações, as fazendo sair, quase sem conseguir, lançando além das vagas as doces mensagens infinitas da vagas e brisas. Isto porque os melhores quadros nunca chegam às galerias... Aqueles que os encontram silenciam, no sentido de tanta beleza, tanta poesia, a lhes doer dentro do peito, falando de algo que não podem passar além de si, porque não conseguem transmitir, dominar o momento, satisfazer o fugidio. E ficam, desse modo, a contar só as notícias daqueles melhores momentos, quadros esses que existem nas folhas soltas dos dias, nas luzes eternas da existência, porém que jamais chegam às galerias.  Diz o credo taoísta, religião chinesa de alguns milênios passados, sujeite-se ao efeito, e não busque descobrir a natureza da causa, modo de querer paz, em face de tudo que neste mundo aconteça. Feridas pedem tratamento. As palavras adormecem nos livros, almas vivas, nas luzes do sentido leve das coisas. Ontem, amanhã, cada dia...

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Paisagem original

A primeira visão das existências de todos, de quando se é criança e descobre a necessidade em transformar o vazio do coração num fator de sobrevivência; instrumento de execução das peças dessa sinfonia natural da consciência, há, pois, um abismo nos olhos dessa visão principal de quando resolveu olhar o mundo de dentro da pessoa, e deixar de ser tão só esse objeto borbulhante. Querer compreender sem deixar de existir, entretanto. Incluir a si próprio no todo das visões e formar a interpretação através dos temporais da vida. Enxergar de olhos limpos a fogueira das multidões dos tantos seres num ser único de único olhar.

Isto assim acontece porquanto insiste morar comigo a primeira vez que vi o sítio, a represa, o açude, as árvores, os céus, os animais; a água que refletia intensamente tudo em volta acima do chão, qual espelho de poder revelador inesgotável. No Sertão bem desse jeito, os estirões e um silêncio contundente de matos e pessoas a vagar tais semelhantes uns fugindo dos outros a cada dobra dos caminhos. Espécies de desconhecidos de si e querer conhecer, porém desconfiados e distantes, visagens e malassombros afastados, vadios, espantados.

Aquilo gravou comigo e ainda hoje persiste até, quem sabe?, morada do para sempre; nunca soube, nem sei mais se nunca soube, de que tempo nasceu o apego a essa primeira impressão que de mundo chegou a mim e em mim permaneceu, braço de comando e paisagem definitiva, pelo menos desta vida que nasceu naquele sítio, nas quebradas do Sertão. Ficou guardada, contudo exposta no que chega e ir simbora, dos dias e das noites, nesses tempos de depois do para nunca mais.

Horas a fio e imaginar o desejo de liberdade que suplanta a acomodação das pessoas e dos bichos, das descendências. Talvez modificar todo universo cá das entranhas em claridade absoluta, que desde bem antes chamam vontade no ver e no agir das criaturas.  E nisso restar prisioneiro daquela mesma visão primordial, a querer soltar amarras e sair voando feito sonho quando termina, e nunca mais repete lances e aventuras inigualáveis de si para consigo, adentro dos mistérios escondidos na alma da gente.



sexta-feira, 4 de maio de 2018

Nós e o Universo

Aqui bem no âmago do coração esse movimento constante de amplas felicidades inextinguíveis. Amores mil. Valores. Consciência. Vontade imensa de poder ser, lá um dia de manhã, o Sol. Sois. Saudades e vontade de lembrar tudo de bom que conosco aconteceu e esquecer o que nunca nos fez felizes. Essa força maior que vem dos ares no dorso liberto da imaginação. O furor das tempestades e revoluções, transformações e sonhos. Quanto desejo impera, pois, no íntimo das largas tradições, marés de todo oceano do esplendor do Infinito. E mexe sempre dentro, feito lâmina de fogo que jamais adormece, e clama revelações aos lugares eternos da mãe Natureza.

Esse velho Universo, que treme nas bases das criaturas humanas e clama decisão de desvendar a imortalidade. O poder que mora no querer e o querer que pulsa no poder em forma de revelação e possibilidade. Atitudes, providências, iniciativas de chegar além do próprio Além, senhores que sejam de si e autores da divina Criação. Nós, o quanto que acorda a cada momento, portal dos poemas, romances e mistérios que transcorrem através das fibras da gente. Mostruários da ficção e motivo da paz no labirinto de viver. Luz de milhões de estrelas que clareiam as estradas e os séculos, enquanto sementes despertam a florir humanidades.

Em tudo, afinal, a doce oração das litanias, dos credos, benditos, afetos, devoções. Fortes grandezas da probabilidade que encerra os braços dos heróis aprendizes e já repousam guardadas no peito dos santos. Antes reunidos em um só presente do futuro, que determina merecimento e liberdade dos que acreditam na esperança e na poesia das madrugadas resplendentes nas letras vivas, nas músicas, melodias e iluminação.

Retrato dos planos de Deus, habita em nós esse domínio de pura verdade, a maior de todas elas, e de que somos os herdeiros únicos da beleza para a vastidão dos louvores. 

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Uma só Humanidade

Às vezes me pego a considerar essa distância entre o agora e a Eternidade e vejo o quanto ainda temos de andar, de vagar, neste propósito de viver bem, ser feliz. Se a Humanidade é uma só, se o Planeta é um só, por que existem tantas variações de comportamento, de posses, de domínio uns sobre os outros, se a intenção é de sobreviver e usufruir o direito de existir, praticar a sorte e desfrutar dos recursos da Natureza, depositados em nossos braços vaidosos?

Sei também que o nível de compreensão varia de indivíduo a indivíduo; no entanto desfrutamos sobejamente dos meios de orientar os que insistem no egoísmo de controlar os demais pelo uso da força do dinheiro, em levá-los ao processo de subserviência que ora prevalece. Porém a inteligência dos humanos, que beira a genialidade, haja vista as formas de realizações da técnica e da arte, o que impedirá de pormos a mão na consciência e revelar outras facetas que não essas de sadomasoquismo que prevalecem nos métodos sociais e políticos em vigor?

Impressão clara demonstra sermos espécie em estado primitivo, comprometida na acomodação dos interesses particulares, onde notamos o sacrifício dos irmãos e apenas baixamos a cabeça, em conivência que mostra covardia crônica, porquanto resolvamos agir e reorganizar o mundo e de imediato já teremos de volta o paraíso original e uma festa coletiva de amor e paz.

Por exemplo, por que tantos países, tantos grupos isolados de poder, tantas corporações particulares, quando os interesses são comuns e a vida precisa de participação e crescimento de todos, sem a menor discriminação? Isto são raciocínios tão primários, tão elementares, e deixam de ser produzidos, enquanto criamos tantas instituições e mudanças, o que beira patologia de doenças crônicas, porém curáveis a depender da vontade e das práticas. 

Ninguém vê, ninguém nota que o sentido disso que aí está virou a crônica sensacionalista do sofrimento coletivo, banquete de orgias e dor? Donde virá, pois, a transformação desse quadro dantesco que não seja das calejadas da própria criatura humana, herdeira de tudo quanto aqui impera?  Juízo, minha gente! Perguntas e perguntas, quem responder se não as pessoas deste lugar precioso?!

(Ilustração: 2001, Uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick).

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Mundo das sensações

De quando o sujeito avaliava em volta e achava que de usufruir dalguma maneira o direito de estar vivo. Olhava de um lado e do outro, e contava unicamente consigo mesmo. Haveria que haver motivo de viver. E corria dalgum modo a buscar razões de aquietar o frivião que mexe por dentro das pessoas. Acalmar o desassossego de existir, ainda que não sabendo a que finalidade. Vem nisso o mundo das sensações. São pedaços da gente que carecem justificar a si o que se anda fazendo no chão. 

Depois falam que antes disso havia outro impulso, a explicar tais razões de sustentar o lenitivo de andar vivo pelas barbas da natureza. Eram os instintos, isso que também têm os bichos, os outros animais que vieram primeiro, na preliminar dos ancestrais dos humanos. Eles alimentavam a secura de continuar por meio dos gestos do corpo, de comer, remoer, dormir, andar, farejar caça; daí os outros atos da instintividade; latir, rir com o rabo, com os dentes, no caso das hienas; balir, fugir das perseguições dos predadores, essas ações reservadas aos irracionais catalogados nos livros de ciência.

Cruzaram aquilo e saíram nas sensações, qual dissemos. Depois, então, dariam de cara com os sentimentos, pois são eles que alimentam os desejos que, por sua vez, nascem do pensamento. Criam ansiedades que as aclamarão no aparente poder. Pelo querer, nascido no coração, nos sentimentos, estabelecem os projetos de concretização que elaboram daquele instrumento, o pensamento, sede da inteligência pensada, que os antigos irracionais precisam, mas depois, quando humanos, é que mereceram ter.

E o sentimento puro, já livre das ilusões que atormentavam a carne, que chamam Amor, será a grande descoberta do processo vida, a força propulsora de tudo, onde os seres humanos obterão a firmeza de reconhecer o Criador e sará com a trajetória de habitar um corpo material. Nisto chegará o grau pleno da realização do Ser, que nós somos desde os inícios de tudo, e nem imaginávamos. 

terça-feira, 1 de maio de 2018

Um sonho de cura II

Seu Chico, amigo que mora em Juazeiro, outro dia me contou que Francimar, uma dos filhos que teve com Maria Xavier Pereira, sua companheira, logo bem jovem sofria de crises epiléticas, mal que a todos constrangia e preocupava sobremodo aos da família. Na busca de uma cura ansiada, chegaram a procurar alternativas em viagem a Fortaleza, onde a submeteram aos facultativos médicos e procederam às investigações necessárias, mesmo que penosas diante da situação financeira que atravessavam. Recorreram aos médicos que viram raras chances de melhora. Pediriam os exames de rotina, no entanto eles quase nenhuma esperança alimentavam.  

Durante fase tão difícil, lá certa noite a esposa lhe narraria uma orientação que tivera num sonho. Que vira o Padre Cícero, e este lhe dissera que Francisca poderia ficar curada se bebesse o chá da crista de galo, planta nativa do Sertão, de fácil localização nas ribeiras de Juazeiro do Norte, onde eles vivem.

Sem maiores esforços, Seu Chico buscou o arbusto e tratou de preparar o chá indicado no sonho a Dona Maria.

- Fui ao mercado e comprei uma panela de barro, e na beira do Rio Salgadinho paguei a planta, tirei as raízes e coloquei na panela com água fervendo. Francimar começou a tomar a água com crista de galo. Hoje ela está com 56 anos, três filhos e dois netos.

Desde então até os dias atuais, em que Francimar já é uma senhora e mãe de família, nunca mais voltaria a sentir as dificuldades clínicas de que fora acometida ainda na infância. 

Enquanto isso, Francisco Ferreira da Silva sempre conta a providencial ocorrência que considera um verdadeiro milagre do Patriarca do Juazeiro, Padre Cícero Romão Batista, santo popular do Nordeste brasileiro, a quem dedica profunda devoção.  - Eu contei este caso ao professor Aldenor Benevides quando ele estava lançamento um livro que tratava sobre mediunidade do Padre Cícero. Ele publicou sobre este acontecido. 

Soube depois, que, em resposta a um pedido de medicação da senhora Aurelina Lima Rosa, para incômodo que ela sentia, Padre Cícero, em 11 de março de 1914, através de carta indicaria o chá de jurubeba com crista de galo, isto em circunstâncias assemelhadas.

(Ilustração: Imagem da internet: hortodopadrecicero.net.br).