A cultura desses tempos eletrônicos, rádio, discos, festivais, gerações, marca profundamente os idos e vividos que agora insistem reviver sem largos esforços. Desde meu tempo de criança, quando no sítio meu avô dispunha de uma vitrola a corda, da RCA Victor, presente das filhas que moravam no Rio, até dias atuais, sigo fielmente uma trilha sonora clara e acessível. Nos inícios, da Era de Ouro do rádio no Brasil, ouvíamos Carlos Galhardo, Orlando Silva, Francisco Alves, Luiz Gonzaga, Emilinha Borba, dentre outros, em discos de cera de 78rpm executados com agulhas que serviam apenas a uma só execução. depois, já em Crato, foram as fases intermediárias entre o romântico estrangeiro e nacional e o clássico, secundadas pela música de protesto da década de 60, os festivais da canção e a invasão estrangeira do rock, contry music americana, seguidos pelo Tropicalismo, a música rural, os cearenses, os mineiros do Clube da Esquina. Muitos e quantos ritmos, numa interação da música baiana com o jazz, o rock nacional da Jovem Guarda; isto aos dias atuais, quando passaríamos a usufruir da capacidade armazenativa das playlists inesgotáveis, junção de tudo, afinal, herança fabulosa do que se produziu e produz no mundo inteiro. Certa persistência e existirá um jeito próprio de rever o que existe guardado nas gravações qual jamais antes.
O que distingue bem o acervo fonográfico do conteúdo das
bibliotecas representa essa vitalidade do som ao alcance de todos, enquanto os
livros permanecem apenas depositados em monumentais edifícios, quase nunca ao
dispor senão dos pesquisadores. Fôssemos relacionar os grandes nomes da música,
eles preencheriam horas e horas de sonoridade viva, já a literatura exige mais esforço
individual e a vivência isolada dos pesquisadores.
Mesmo assim, vistos os momentos passados, a gente também
pode refazer o percurso das épocas por meio dos livros que as significaram,
autores de inegável força de nos haver influenciado e servido de companhia nas
madrugadas insones face às circunstâncias e solidão das horas. Riqueza sem par contém
a cultura humana durante os itinerários de expectativas, nas muitas fases,
companhia inigualável desses dias que marcaram nossa história e somem, pouco a
pouco, na saudade que resta intensa.
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