sexta-feira, 28 de setembro de 2018

As cores do sentimento

Existências que sussurram dentro do ente que somos nós. Fagulhas. Trilhas. Sinais que lembram o que persiste nalgum lugar, que, decerto, vive onde estejamos de olhos bem abertos ao mais íntimo das criaturas humanas. Detalhes desse todo indivisível, qual melodia que nunca termina; que vive e fala de perfeição, de paz, na alma da gente. Instrumentos de longas sinfonias em frases boas ao ritmo dos corações. Gosto suave de dominar o eterno no tempo nessas horas sem conta de segredos mexendo os refolhos do mistério lá no Infinito do todo que aonde for estaremos conosco próprios.

Vozes na floresta dos sabores e saudades depositadas nos tetos da lucidez. Ruas limpas ao sol da manhã das tantas histórias sobrevivendo na casa dos amores imortais. Pessoas em todo lugar, em nós, na brisa que acaricia o essencial dos viventes. 

Pelos domínios, pois, da revelação, no turbilhão das visões, há o lugar de ouvir a consciência, saber, sentir, amar. Alimentar de sonhos o destino que plantamos. Tocar as palavras qual quem escolhe o instrumento dos melhores dias no que sente, pelos mares da sorte, e transmite a luz das possibilidades, dos melhores, sempre nas estações da vontade liberta. Isso de sentir e contar as histórias alegres, nas manhãs iluminadas de flores. 

Estampas de tons inesquecíveis ilustram as salas do pensamento e das emoções, e do furor da criação. Somas de incontáveis partículas na tranquilidade do bom, do bem, da beleza, quais moléculas de memórias em movimento. Jamais destruir. Alimentar a máquina da esperança. Recomeçar do pouso da realidade os corredores dos filmes vividos e amados. 

Derradeiro parágrafo na forma de respiração e claridade aos quantos habitam nas muralhas do sentimento, que observam os passos, as estradas, que trarão o Sol. Muitos em único ser. Cifras, pautas, ritmos e silêncios de harmonia e felicidade.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A conquista da felicidade

Luz que ilumina o caminho da Humanidade, este o sentido de tudo quanto os humanos desenvolvem no decorrer das existências. Por vezes apressados, depositam nos objetos este sonho maior, presa que causa de tantas ilusões e desencantos. Porém alimenta um dia descobrir a real felicidade, a paz dos corações, a leveza das consciências, e insistem continuar incansavelmente. Nisso, reveem as oportunidades perdidas, porquanto há sabedoria nas leis que regem a condição dos elementos, a permitir sempre novas possibilidades aos retardatários do destino. 

A Perfeição, que tudo administra, concede, por isso, novas chances de todos reconquistarem o direito de ser feliz. Daí o conceito que permitirá a inteligência saber da Reencarnação, quando regressam aos corpos físicos noutras vezes, no intuito de despertar o espírito aos níveis superiores na medida em que evoluem. Só então se realizará o sonho perene da felicidade tão desejada. Nisto, no transcorrer das quantas vidas na matéria, há que esperar a revelação noutros padrões daquilo que apenas imitavam na carne, nos instintos e nas intuições.

Independente, pois, das avaliações religiosas e filosóficas, o eterno persiste na alma das criaturas humanas através dos valores transcendentes, que oferecem graus de satisfação e conformação durante as práticas, ainda que anteriores aos momentos inigualáveis da felicidade definitiva. Difícil, mas não impossível, equacionar as vivências humanas, o que significa único objetivo de tudo quanto viemos buscar. Nalgumas ocasiões inspiradoras, a brisa suave dessas respostas que todos aguardamos toca o senso interior e demonstra o amor verdadeiro do quanto sublime perpassam as maravilhas da Natureza original.

Eis, portanto, o motivo de experimentar as gerações de vidas sucessivas. Mesmo diante dos obstáculos mais desafiadores, que sujeitam as histórias e os dramas, a força suprema da Verdade impera por cima de qualquer aparente contradição e nutre de vontade o divino da consciência que faz dos seres humanos herdeiros universais da Criação. 

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Olhos da noite

... Isso desses tempos escuros onde ninguém sabe a que veio e busca acertar diante dos desafios. Houve fase quando as profecias indicavam cuidados extremos perante a pulsação das horas rumo do desconhecido. Alguns, nalgumas sedes oficiais, tomavam a si o direito de reger o rebanho quando a deusa Razão chegaria ao trono dos reinos e comandaria revolução de desfazer o que antes disseram sem comprovar, além de promover piores exemplos. Acreditaram num Século das Luzes. Nada seria do jeito de antes. Os sem-casta mereceriam resultados iguais aos soberanos. Igualdade, Liberdade, Fraternidade. 

Porém aquela que seria a revolução de todas elas reverteu-se noutros dramas e circunstâncias, donde vieram novas revoluções, novas guerras. Até quando a Segunda Grande Guerra, a mãe das guerras, também receberia o codinome de a derradeira e para sempre. No entanto poucos anos depois explodiria a Guerra de Coreia. 

No andar da Civilização parece que a geopolítica reclama batalhas sucessivas de reduzir populações, monstro devorador. Ninguém gosta que seja assim, contudo assim houve de ser com a permissão das maiorias. 

Países vivem bem às custas da exploração dos demais. Povos avançaram sobre povos, europeus, asiáticos, africanos, sul-americanos, transferindo riquezas aos cofres das contradições. Hoje pousam de santos, bem trajados, organizados, senhores de si. No restante do Chão, vivam os que puderem. Enquanto a História é uma só, mãe e mestra, a reverter quadros de egoísmos através dos poderes existentes, o que requer esperança de feras menores contra feras maiores e poderosas.

Bom, mas o foco será a grande indagação de aonde foram parar as profecias que dominavam preocupações religiosas, místicas e sensitivas. São muitos videntes que descrevem as cenas do futuro em forma de versos, cartas, previsões assustadoras, de Nínive a Fátima. Durante o período das maiores necessidades, eles regressam e relembram nos sermões proféticos as escrituras, os transes que breve chegarão. 

De modo esdrúxulo, tende o barco das gerações aos mares profundos. De tão repetitivos, admitem que os quadros atuais de algo equivocado significam termos de mudanças urgentes, todavia poucos resolvem ser diferentes do que foram os que plantaram as sementes amargas. Há, sim, uma luz que brilha intensamente nas trevas da mãe Consciência em crescimento. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Folha da Manhã

Único jornal diário do interior do Ceará, a Folha da Manhã, de Juazeiro do Norte, vem sustentando uma legenda na mídia desses tempos de intensas transformações. As matrizes da informação cruzam profundas mudanças em termos da utilização dos meios de comunicação, a oferecer alternativas digitais, porém a reclamar sintonia correspondente dos profissionais que abraçam o setor. Espécie de hecatombe das formas antigas de canalizar as notícias, faz rolar por terra muitos dos aparentemente sólidos veículos, que ora se desmancham no ar feitos bolhas abstratas. Enquanto isto, a Folha da Manhã, mesmo diante das precariedades da tecnologia analógica, no entanto, a olhos vistos sobrevive.

Veículo por demais voltado a posições claras e politicamente corretas das demarches regionais, sustenta bandeiras de coerência numa época de  tamanhas contradições, sendo bem isto que faz do jornal instrumento a merecer que nele divulguemos nossas ideias e façamos dele a plataforma donde possamos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos na certeza de ser respeitado em nossas opiniões e avaliações. Nisto buscamos, sobremodo, acompanhar os seus dirigentes naquilo que de melhor possamos oferecer aos leitores, epopeia esta de tantos dias de sobrevivência.

Agora, aos 25 anos do órgão de imprensa dotado da vocação da sobrevivência, temos, por tudo isto, justas razões de continuar e resistir aos desafios da fase história que varre o mundo inteiro. A comunicação de massa, fruto da indústria dos bens de informação, requer, pois, atitudes e firmeza dos que a fazem. Diante disso, parabenizamos nesta hora Demontieux Fernandes e os demais bons profissionais pela força deste seu empreendimento, voz altiva da opinião pública mesmo face aos limites dos tempos e dos recursos técnicos.

O trabalho, por vezes silencioso, da mídia imprensa anda passo a passo com a história dos povos. E o Cariri dessas horas dispõe dos registros necessários à preservação dos nossos valores e nossa altivez, contanto possuímos a força pensante que exerce com persistência a função independente de preservar a versão dos acontecimentos nesta faixa de universo.


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Daqui da janela

De um lado, nós. Do outro, o Infinito. O nada. O TUDO. Absoluto das horas que seguem feitas velocidade nas perenes ladeiras do destino. Noites e dias, dias e noites, tudo enfim. E nós, folhas secas suspensas no ar das condições; pobres, ricos, inúteis, úteis mortais criaturas da continuidade; astros de tantas oportunidades desperdiçadas; pouco aproveitadas. Claro que componentes dessas eras em movimento; partes móveis integrantes da Criação. Sem tirar, nem acrescentar; meros valores essenciais da fertilidade dos quintais. Valores permanentes da imensidade informe; flores dos jardins das nuvens esquecidas na solidão. 

Fôssemos reunir tais experiências largadas no espaço lá de antes de existir, bem restaria só a força viva de tocar em frente, o sentido das indagações, de resolver este grande enigma que o somos, barqueiros das marés da ilusão e senhores da transformação mais pura que há, dentro do ser menor a um Ser maior, da fertilização da Consciência nas consciências. E ninguém nunca saberá de plenitude, em função das respostas que as elaboramos, conquanto depois nem disso permaneçamos, na vez de sair que chegará; e saber a que viemos, pouco importa. Porém nesses momentos sujeitos ficar presos nos erros e passados, fugitivos da razão; talvez andemos à busca da real felicidade.

Desse lugar e ver a Lua crescente no céu das almas e no teto misterioso, na face inefável de todas as liberdades que um dia imaginamos possuir. Moléculas de humanas ausências, eles bem que desejaram, no entanto, conhecer as respostas na música do Tempo. E quem passa mesmo somos nós, que nem as mudanças disseram de longe saber e praticar, participar das realizações. Na verdade, meras dores do parto da Eternidade vagando soltas entre os meteoros e distâncias, fagulhas dos fogos imaginários; daqui contemplamos os vastos campos da imortalidade, espectadores da luz que transportam em si os mensageiros da Paz definitiva. 

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Gabriel

Este o primeiro dos meus netos, perto de quem estou morando. Vez por outra trocamos umas ideias, no dizer popular. Agora recente vem demonstrado, do alto dos onze anos, interesse pelos jornais que aparecem. Lê com desenvoltura. Talvez devido aos modismos de internet e quejandos, as matérias impressas lhe tocam doutro modo, bichos raros, no entanto, face à proximidade territorial dos assuntos nas notícias, o que nunca o fazem filmes da Marvel e da DC, foco das atenções costumeiras. 

Ele dispõe da tendência natural de gostar de assuntos de ciência, tecnologia, invenções, e publica experiências químicas que promove, nos vídeos do YouTube, trajando comprido jaleco branco, adotando explicações fluentes, bem habilidoso no que quer transmitir. 

Enquanto conversávamos, ao me ver debruçado sobre o notebook nessas viagens literárias, quis saber se nalgumas das minhas produções já citara seu nome, ou fizera alguma referência às atividades que desenvolve. Falei que chegaria nesse momento, o que ora providencio com satisfação.  

Aprecia a calma da natureza e zela pelos animais. Estuda, lê, vê seriados e conhece as características dos super-heróis como poucos meninos. Aqui pelo sítio, de comum vejo portando o escudo de Capitão América, brinquedo que possui e utiliza, inclusive nalgumas ocasiões também conduz em lugares fora daqui. Outro dia, ao sairmos, voltou rápido à busca do tal equipamento, ao que lhe indaguei dessa preocupação de sempre carregá-lo junto de si. Respondeu, entre o lúdico e o real, que poderia vir a precisar da peça implacável numa missão de salvar o Mundo. Parei, então, nos espaços do pensamento a examinar o que pode bem fazer sentido, nessa época de tantos vilões e desmandos, e que caberá, de certo, à sua geração o fiel desempenho de nos salvar até de nós próprios, isto face aos estragos irreversíveis que acarretamos às ações da Natureza. Siga firme, Gabriel, aceitamos de bom grado os valiosos propósitos das novas gerações que virão, em breve, nos suceder e salvar o Mundo.

O pato e a garrafa

Nas técnicas adotadas pelo Zen Budismo existem os koans (pequenas histórias enigmáticas destinadas a confundir o intelecto até que apreenda que existe dimensão além do puro pensamento, a revelar alternativas que suplantem a compreensão pura e simples, confunda e desconcentre o raciocínio diante das revelações através da intuição). No dizer de Alan Watts, então o Zen conseguirá, assim que o discípulo chegue a um impasse intelectual e emocional, transpor a distância entre o contato conceitual de segunda mão com a realidade e a experiência em primeira mão.

O pato e a garrafa é uma dessas pequenas histórias-desafio. Nela o mestre oferece ao discípulo a chance da autodescoberta, solicitação de que descubra o jeito adequado de tirar um pato de dentro de uma garrafa sem que, nisso, mate o pato ou tenha que quebrar a garrafa.

Passados tempos de meditação, os postulantes da revelação interior buscam mil formas de solucionar o impasse. No meio tempo, visita o instrutor, a oferecer alternativas possíveis e imagináveis ao desafio recebido. Vasculha todos os cadinhos da mente, sem, contudo, encontrar resposta suficiente ao que caberia naquele exame, na intenção religiosa de oferecer o modo de pacificar o espírito em desenvolvimento.

Quando, então, lá um dia, apercebe que não existira pato, nem garrafa, e que tudo significava tão só a presença do ser em formação diante do Universo, razão suficiente de calma e equilíbrio, causas e fundamento da existência de tudo quanto há. E desperta... 

...

Dia desses, alguém pediu que escrevesse a propósito de uma rosa presa em uma redoma. (Você atende a pedidos para texto? Eu adoraria ver um texto seu sobre a beleza da rosa sufocada numa redoma). Quis encontrar meios de responder à solicitação da amiga, no entanto insistentemente veio aos pensamentos essa história zen que resolvo deixar aqui registrada, talvez razão de frustração ou, quem sabe?, de lenitivo ao pedido que me fora feito naquela ocasião. 

domingo, 16 de setembro de 2018

Paz que vem de dentro

Navegar esses mares imensos quando o sonho é a realidade e a realidade é só sonho. Vagar pelas galáxias e desvendar o quanto de mistério resta bem guardado nas estrelas e no coração; mergulhar oceanos de profundidades abissais... Naves únicas da presença de viver.

Tal e qual as aventuras humanas, lá um dia saíram todos à procura do fogo e descobrirão as cavernas do ser, espécie de percepção de uma primeira consciência, indício inevitável das camadas superiores ali dentro, depois das tantas agonias desfeitas em tantos nada. Isso perante uma tarde ao fim, durante a despedida melancólica do Sol no poente. Olhos postos nos farelos desses antigamente, quantas dores ficaram ali siderais abandonadas, motivo sincero da alegria de agora chegar à calma dos que revelam novos segmentos e querem dominar as fibras do sentimento.

Filmes, pois, das memórias somadas que indicam o prêmio da persistência no querer, os desejos incontidos gritam das origens que carecem da vontade no prosseguir fortemente rumo à essência do único pouso consistente diante de tudo, e que descerá nas quedas do desaparecimento e da ilusão de antes erguer aos infinitos o Eterno. Contemplar apreensões do desespero e sorrir além da inexistência.

Era este um ser em movimento, valores na elaboração das horas em simples felicidade. Nisso contemplar as sombras da caverna inda fria do labirinto, tocar às levezas nas mãos do passado e continuar através das notas da canção, sabores de viver em harmonia das certezas de possibilidades intensas. 

Nos toques perpendiculares da luz nas folhas, os raios do dia adormecem penitentes ao sabor só de poucos, até então que regressem a mundos conhecidos em nova consciência. Será, no entanto, o padrão da libertação bem logo mais, na medida em que acalmem o senso de achar as pérolas e as razões de estar aqui. Nessa ocasião esplêndida, os frutos dourados da perfeição lhes tocarão os frutos da paz e reverterão processo de céus, terras e mares na descoberta de um Si definitivo.

sábado, 15 de setembro de 2018

Rede social

- Boa noite!!! ... Existe reencarnação?

- Eu não duvido mais.

- Como assim? Sou lenta para entender. Kkkk. Explica.

- Aceito e compreendo a Reencarnação.

- Então, existe o encontro de almas?

- Sim. Quando merecerem.

- E por q não merecem?

- Qdo desobedecem a Lei.

- Q lei? Responda, por favor.

- A Lei superior. O comando universal

- Não entendo.

- Há o Poder q tudo rege.

- Eu sei. Eu sinto.

- Pois é. Ele quem comanda através da Lei.

- Mesmo não merecendo esse encontro, devido à desobediência, terei outra chance?

- Todas.

- Amém!!!

- Tomara q tenha mesmo. A causa de tanto sofrimento em nossa vida é devido a desobediência?

- Sempre. Nunca é tarde p recomeçar. Ame e verá.

- Tomara q eu saiba recomeçar.

- Basta querer.

- Eu quero. Como assim amar?

- Querer com o coração.

- Entendi. Mas hoje eu quero e perdi a oportunidade. Agora, esperar a nova chance.

- Se quer de verdade, já vem chegar logo.

- Ôxe!! Eu quero. Mas está demorando. Kkkkk.

- Estava.

- Como assim?

- Pratique o querer sincero e verá.

- Não entendo. Explica.

- Tem q viver, invés de saber.

- Como vou viver sem saber?

- Isso ninguém sabe sem viver.

- Queria viver com o q eu já perdi. Não adianta querer o q já perdeu, né?

- A vida é constante ganha e perde. Só aparências, até a paz definitiva. Sem posse. Sem dono.

- Quanta sabedoria!!!

- Preciso disso: VIVER!!!!!!

- Está feliz agora?

- Por q a pergunta?

- Pra saber se serviu.

- Se serviu o q?

- A conversa, amiga.

- O senhor parece bruxo. Fiquei muitooooooooooooo feliz. Até sorri. Kkkkk. Eu queria entender mais, para não cometer mais erros e VIVER.

- O senhor reza?

- Sim.

- Então reze por mim para q o q eu quero chegue logo, sem demora. Obrigada pela atenção!!!


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Fim da conversa no bate-papo.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Ânsia de liberdade

Quando liberdade possa ser vista como desejo extremo de resistir e criar novas esperanças ao mistério maior de viver. A vertigem da liberdade. O inabalável pressuposto de estar condenado a ser livre, que o considera Jean-Paul Sartre na ênfase dos valores humanos. Razão de existir, o homem qual instrumento da mais plena obtenção da essência primordial através da existência.

Nisto, uma pergunta fundamental, o que justificaria a disposição humana de rifar tão precioso bem nas atitudes as mais medíocres, exemplo dos dogmatismos e comportamentos coletivos e individuais de escravos passivos? Abrir mão de ser livre em troca das comodidades física, psicológica e sentimental, a três por dois, nas malhas da ilusão. Vender alma por qualquer tostão de mel coado e ainda se acha poderoso, bonito, famoso, glamouroso, tal cativos das limitações de si mesmo a troco de ganhar este mundo e perder a Eternidade. Deixar de lado o real sentido de viver a pretexto das felicidades aparentes e hipócritas. Passar vidas e vidas em brancas nuvens, no objetivo exclusivo de acomodar os negócios das dúvidas, forma de mascarar a liberdade e dormir sobre os escalpos da covardia. 

Quantos e tantos que nem pensaram nisso, porém haverão de devolver a vestimenta da carne e os patrimônios da lascívia que aqui receberam a título de evolução, por medo da angústia de ser livre. E aceitar a tutela de pacientes iguais, ou piores, enterrados na patologia da ignorância. Fugir às normas de ouro da sonhada realização de Si, quando, na verdade, amarram aos pés mós dos moinhos da alienação. Seres humanos, nós, alimárias do futuro, que sujeitam a tanger esses laços de pescoço tão só no desespero de continuar adiamentos da sagrada liberdade, esquecidos charlatões da civilização de poeira e ferrugem. 

Por isso, abaixo dogmas estéreis que enganam os enganados, matilhas de feras idiotas que apenas somam repastos das dores e depositam joias falsas nos bancos da Realidade.

Longe, pois, das dúvidas que vaquejam pecados, e rasgar os véus da coragem, dos seriados heroicos. Salvar a pele dos androides. Erguer altares à Liberdade, pura dama, no tropel luminoso dos Céus. 

A árvore do Tempo

Quem quer colher bons frutos há que ter plantado boas sementes. Nisto a simples equação da justiça mais justa nos mistérios da Natureza. Aprendizado de todos, nos vemos submetidos, no decorrer das gerações, a esse motivo do que seja o merecimento, valor puro, verdadeiro, com que se são os acontecimentos, e de não cair um fio de cabelo das nossas cabeças sem o consentimento de uma lei maior, a Lei do Retorno, isto durante todo tempo.

Mecanismo elementar de fácil percepção, cabe perguntar por que tantos disso não se apercebem?, conquanto a escola das existências não para de demonstrar essa lei de ação e reação, ou seja, do retorno das nossas ações nos dias subsequentes. No entanto, da cegueira da ignorância, daí provem a causa inevitável das dores deste mundo. E quais alunos ainda em fase de aprendizado, a eles permite a Perfeição que assim seja. 

Enquanto isto, o mecanismo constante das esferas continua seu procedimento espontâneo de orientação da visão nas criaturas. Quer paz? Plante paz. Que amor? Plante amor. Com a medida com que medirdes, medir-vos-ão também a vós, dizem as Escrituras Sagradas. Tão evidente até, que parece dizer reconhecido e consagrado, porém só longe das atitudes dos humanos; porquanto eles, na sua maioria, vagam soltos na medida dos instintos e das paixões, feitos viajantes perdidos em desertos de provação e descaso, longe, pois, dos sonhos da Felicidade desejada.

Essa impaciência de comer o fruto verde das amarguras caracteriza os habitantes do Chão de modo quiçá esquisito, num festim de dúvidas e práticas tontas, a ponto de este lugar do Universo significar mero purgatório dos erros de priscas passadas, onde tantos arrastam os corpos macerados sob a guante de delirantes torturas cotidianas. Isto sem, contudo, desconsiderar que já existem aqueles outros menos sofridos e esperançosos nos dias melhores que cuidam de semear no transcorrer das vidas. 

Em sendo tal e qual, devido o equilíbrio ora identificado em tantos fenômenos da História, cabe que zelemos pela obediência aos valores sábios e façamos do bem a salvaguarda de nossas súplicas logo no decorrer desta vida.  

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A Rua da Vala

O corpo fala através das diversas partes. Nisso, dá notícias das heranças que recolheu no decorrer do tempo. Deixa marcas na memória a fim de contar do que carrega no seio das criaturas pelo tanger das idades. Do mesmo modo as cidades narram consagradas histórias em cada torrão das pedras e dos lugares.

Em Crato existe essa rua, a Rua da Vala, outro nome da Rua Tristão Gonçalves, bem no centro da cidade. Vala porque esconde sob o leito, hoje revestido de asfalto, antigo corredor das águas que vêm das encostas da Serra e buscam o Rio Grangeiro, lá nas ribeiras do fim da rua. Num período atrás, de quando aqui cheguei, inícios da década de 50, via-se aberta com essa vala de aproximadamente 2m de largura e l,5m de profundidade, toda em pedra tosca, porém utilizada pelas chuvas só no transcorrer dos invernos, fase curta dentre nós. Nos intermediários, servia de escoadouro dos esgotos.

Através da artéria, vinda de antes do Parque de Exposição a percorrer a lateral interna do Cemitério Nossa Senhora da Piedade, escavacando, nos rigores de cheias, as tumbas, também descem histórias inúmeras da cotidiana população, pois as calçadas da sua existência somam resquícios dos viventes, das situações e dos dias. São seus prédios o Palácio do Comércio, casas residenciais, clínicas, a sede local do Correios, lojas diversas e, em dois quarteirões típicos, posto de combustíveis, oficinas mecânicas e casas de peças.

Gravei na lembrança uma noite de domingo, de quando a energia elétrica apagava às 21h e o movimento da Praça Siqueira Campos encerrava nessa hora, e algumas pessoas regressavam mais tarde aos pousos. Nessa noite, Ester, jovem que viveu no Tatu, em Lavras, donde vim, e estava em nossa casa, que, sem conhecer ainda os mistérios noturnos da cidade, ao cruzar a Rua da Vala, no escuro, cairia de todo corpo nessa cavidade traiçoeira, inesperada. Isso ainda hoje mexe comigo pela fatalidade, dado o teor de violência, quando, lavada de sangue, ela acordaria os meninos da casa, que dormiam antes dos adultos, face ao movimento da ocorrência.

Existem vários outros episódios marcantes desse logradouro, os quais, inclusive, o escritor Fran Martins registrou em livros, dentre esses A rua e o mundo, ficção entremeada de valores e personagens dos que ali habitaram no século passado, dentre eles o romancista.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Sons de uma tarde reverente

Quando ouço os fragmentos desse tempo que passa quase suavemente pela brisa dos derradeiros raios de sol de qualquer dia, pouso morno o meu pássaro na distância dos ouvidos na solidão. Disso, a ausência de razão que justifica buscar o sentido de tudo nos objetos e nas cores da tarde, abandonado nas réstias entre a folhagem impaciente. Escuto os pios das corujas, rastilhos rápidos dos animais ansiosos ali diante da vontade lenta dos acontecimentos. Dali, uma lua nova permanece escondida da visão; e raros motivos de caminhar nas trilhas desta floresta do coração, que insistem falar mais forte no seio da presença do que somos nós.

Fervilha assim, nos pensamentos, aqueles guinchos da humanidade inteira, quebra-cabeças das histórias incompletas e dos gastos inúteis das existências. Quanta correria na pressa da imperfeição. Tantos heróis de fancaria e vilões das ilusões fervilham os dias, cheios das viagens redor do nada em frêmitos de fome e desespero dessa gente bonita, no entanto desgastada na ação dos erros, ira e medo que andam juntos ao bojo da pressa. Quisessem rever o sonho de alegria e descobririam o quanto fugiram da realidade por conta do egoísmo. 

A gente para na fronteira do firmamento das horas. Firma o senso na barra do horizonte. Lembra os filmes de antigamente. Quer esquecer as lembranças. Porém garras de mistério poderoso detêm o Infinito nas aspirações que deixam cicatrizes e contradições. Os limites dominam a pressa e impõem condições aos desejos humanos. Feridos, pois, quais répteis nos próprios equívocos, sabem o que lhes aguarda nos corredores do destino, logo adiante. E urram às feras de si, protestos carentes, na escuridão da alma.

Desfilam nas fibras indolentes da tarde que adormece aos sóis, durante a deposição do outro dia de regressar e vencer a sombra das eras. O claro fecha a empanada dos deuses servidores fiéis. Aos poucos virão fantasmas da noite e os dramas ficarão largados ao léu, marca da indelével santidade que adormece nos humanos, séculos sem fim, e as orações da Luz abrirão portas ao céu do novo dia. E astros brilharão para sempre na Eternidade. 

sábado, 8 de setembro de 2018

O labirinto das palavras

Formadas de letras vivas, as palavras são elas a música da alma. Abrem espaços entre os pensamentos e encaixam sentimentos partilhados da gente com a gente. Cavam trincheiras profundas no seio das criaturas, ou permitem longas caminhadas dois a dois pelas estradas deste mundo. Nas dobras das esquinas do astral, ali percorrem à busca de descobrir o jeito maior da entrega aos valores supremos, na disposição de viver em comum no leito quente da Verdade mais plena do absoluto.

Bem ali nessa visão das eras intermináveis e descobertas, bem ali, ou aqui, vicejam os sonhos do Ser. Quais simples instrumentos de nós, somos estes seres em potencial, formas da concretude e de todos os desejos possíveis e imagináveis. Enquanto que deixamos cair o véu das inocências, ainda assim sobreviveremos diante do Eterno. Meros joguetes das aparentes liberdades, vaquejamos a Liberdade, afeitos aos farrapos da descrença, ou depositários da luz em forma de animais, eles se superam.

Destarte, temos todos estes quais momentos de lucidez dolorida perante os apetites nefastos das ganâncias, anjos largados às feras em bando nesse labirinto de palavras e pensamentos, sinfonias e canções de tocar os corações. Pássaros insólitos, vagamos soltos no Infinito entre as estrelas e os versos, emparedados, pois, neste chão de almas, temidas e tementes, trocamos de passos aos pés do Criador da Consciência. Por vezes vacilantes, contudo emocionados nas pequeninas ações dos dias, esquecidos na sorte para sempre, batemos as portas da Felicidade feitos aprendizes.

Naves esquecidas
deste céu de emoções inesperadas, tangemos o barco ao fluir das ondas, olhos abertos aos instintos, no destino da realização, individualidades, micro-organismos vestidos de tempo, durante o que festejamos as palavras. As palavras que, sim, são livres, e nós só quase libertos à procura do Amor. O resto disso é a aventura intensa nos campos da possibilidade sem fim de achar a Perfeição.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Diálogo ocasional

- A vitória vem para quem tem fé. E a recompensa vem para quem confia.
- Quero ter essas luzes na minha vida. Às vezes a insegurança fala mais alto; me sinto insegura nas minhas escolhas.
- Todos somos sujeitos a isso de vez em quando.
- Ainda bem que não sou só eu.
- Tem que ter fé. O mais vem por acréscimo.
- Venho a ter fé.
- Fé é exatamente o contrário de não ter. Isso é conhecimento. Fé vem logo a seguir.
- Que essa fé se apresente.
- É a prática disso, de saber ser assim. Vem de dentro da gente. É uma entrega. Enquanto a gente quer ser maior do que Deus, Ele não se apresenta.
- E como perceber que queremos ser maior que o Criador? É pelo orgulho, na falta de fé?
- É pela insistência em não se entregar a Ele. Querer ser maior que Ele.
- Será que eu sou uma dessas pessoas?
- Se o resultado é a descrença, de certeza está batendo na outra porta. São as tais escolhas de que tantos falam. Porta errada, porta certa. Caminho largo, caminho estreito, no que fala Jesus.
- E as minhas escolhas serão acertadas?
- Pelos frutos se conhecem as árvores. Se derem na fé, estão acertadas.
- Penso que não ando com prática infiel. Nem tempo tenho para as coisas do mundo. Só me falta limpar as mágoas que ficaram. No mais, não faço nada de ruim.
- Então comece a andar com fé.
- Vou andar. 
- Sim. Bom sinal.
- Só preciso despedir a menina insegura e com medo que, vez em quando, se apresenta em mim.
- Essa menina é a sua ausência da fé.
- Eu acredito que seja mesmo. 
- É a senhora com as vestimentas de um passado que nem mais existe.
- Preciso me livrar dela antes que ela me leve antes do tempo.
- São muitos que permanecem assim na antiguidade de si mesmo. Representam peças fora de cartaz. (Essa nossa conversa, sem citar nomes, bem que mostra o jeito da humanidade. Posso publicar, sem identificação.)
- Publicar onde?
- No blog.
- As minhas mazelas?
- Sem identificação. Mazelas sem identificação.
- Se for a fim de auxiliar o povo, pode, sim.
- Pois farei; se ligue e verá.
- Devem ter centenas de presos ao passado. Quantas crianças escondidas no mato. Vítimas do próprio pai. 
- Assim de gente.
- Adultos marcados pela violência que lá um dia volta a se apresentar. Esse é o meu maior medo. Você sabe que aprendi a chorar sem fazer sequer um barulho pra não ser descoberta no meio do mato, quase todas as noites. Mais à frente, meu avô tentou me aliciar, aos dez anos... E aí estou aqui sentada à beira do caminho buscando ter mais fé... Em Deus e nos homens. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O fazer religioso

Antes dissera que a religião do homem é o próprio homem, também isto segundo as afirmações de Rabindranat Tagore, o poeta indiano, a base do seu livro A religião do homem. Este conceito permite fácil chegar à intenção do que pretendo aqui desenvolver, de ser a pessoa humana autor da crença e da prática da crença a um só instante. Faça o que digo e faça o que faço. Muitos, porém, agem a desacordo daquilo que prega; afasta com isso os possíveis seguidores, assustados na inautenticidade dos religiosos que desfazem do que afirmam, e exercem papel de adversários do que ensinam. 

Portanto há importância soberana da boa prática no exercício das orientações trazidas nas filosofias (modos de agir) dos ensinamentos de que muito precisam, sobremodo nos dias de agora, época de barcos sem rumo a vagar nos mares revoltos da descrença. 

Mais que nos idos antigos, os humanos pedem asilo nas crenças, fruto da carência do conforto moral e espiritual. Aportamos em praias convulsas, durante as tempestades que produziram séculos de materialismo, eras de egoísmo por demais indiferentes às dores de povos e nações mundo afora. Isto quando a população cresce demasiado nos países bolsões de pobreza espalhados nesta Terra. 

A busca religiosa, o senso de inesperado, da fé nos valores eternos e espirituais, revela o desejo ardente de todos a revelar o Norte da espécie, conquanto demasiadas angústias e um vazio sem precedentes parecem dominar as famílias. O invisível sempre norteou os princípios e as crenças, por vezes ainda em nível primitivo, grosseiro, bárbaro. No transcorrer dos tempos, no entanto, houve aprimoramento das respostas e a qualidade das religiões refinou os conceitos, ocasionando escolas bem melhores na interpretação dos valores da Eternidade. Face disso, a qualidade dos líderes religiosos passou a exigir maior servidão aos ensinamentos e práticas. Jamais seremos os mesmos depois das soluções trazidas pelos grandes mestres da História. Há que se saber praticar o que resumem as crenças, por meio da Verdade, sob pena do desaparecimento dos que deixarem de lado a prática fiel do Bem que desejam ensinar.

sábado, 1 de setembro de 2018

As janelas da Consciência

Há esse lugar aonde, nalgum dia, todos irão chegar, sede da Paz, a Consciência, destino do Infinito, lá onde as paralelas se encontrarão numa manhã de festa e fogos. Os instrumentos dessa longa jornada, dentre muitos outros, são a Razão e o Coração, primos e irmãos que moram na mesma residência individual. Esses passos lembram os livros, também janelas abertas de lugar acolhedor de tudo quanto houver espalhado pelo Chão, pelo Cosmos, nas avenidas do espaço sideral. 

Ler, verbo de plenitude e força. Nas visões de todos existem diferentes espécies de caminhos; os músicos, que buscam o som universal; os pintores, que vislumbram as imagens do Paraíso; os arquitetos, que constroem as casas e os monumentos da história em forma e linhas; as pitonisas, que conversam com os deuses; os dançarinos, que bailam ao som universal; as mães, que trazem no ventre a esperança nos dias melhores da Humanidade; os escritores, que migram feitos aves, através da imaginação, aos pomos férteis da Eternidade, largando de si, aos pedaços, restos de vidas que aqui permanecem grudadas em papel nas estantes quais luzes na escuridão dos humanos; etc. e tantos.

Quem descobre a felicidade dos livros ganha toda a herança de pensamento e sentimento do quanto ficou pelas encostas rudes dos destinos, existências afora, ao furor das tempestades da alma. Raros, talvez só raríssimos desfrutam disso, do mistério da leitura, porta aberta dos livros, de par em par ao calor do Sol. Pois ler vai mais além do que trocar letras e palavras por significados que carreguem no bisaco das páginas. Mergulham, sim, dentro dos tempos na luz dos olhos, e viajam milênios a fio nas profundidades inatingíveis dos oceanos da Civilização. 

Poder é querer, conquanto estenda mãos e escarcaviem as tralhas e os monturos dos livros, pedras preciosas escavadas dos solitários em suas masmorras de sensações e arte. Conhecer por meio da concentração que a palavra escrita propicia; vislumbrar o panorama de antes em lances atuais e vivos, privilégio dos poucos iniciados. Quem quer saber, pergunte aos Céus.