Quem ama desses amores que não têm tamanho e sente o peito crepitar da mais ardente fogueira, espécie de dor e prazer sem conta, de que se quer fugir, porém recusa por conta da dimensão do mistério a envolver tudo em volta, a esses resta a pergunta descomunal de quando se reunirá em definitivo com a pessoa amada, querendo ser um único ente pelos milhões de anos eternos do depois, jamais sair de perto, jamais afastar um do outro para sempre. Essa pergunta certo dia esses personagens responderam com o amor definitivo... Num conto de conseqüência permanente, eles despertaram nos braços da fusão dos seres, amálgama das individualidades, esperança dos que aspiram pela constância do maior dos sentimentos.
Depois de uma noite chuvosa do mês de junho com neblinado constante por seguidas horas, veio nascer sol radiante, a iluminar coisas e pessoas nas planuras do mundo. No peito, corações doídos, mas felizes...
Há pouco, na cama noturna, ao lado dela, viajara por dimensões nunca imaginadas, caminhos de campos soltos no ar, cheiro perfumado de amores acesos.
Houve momento enquanto a chuva lá fora insistia prosseguir de jeito teimoso para essa época do ano, que o calor pareceu dominar as ações do amante aflito na busca de encontrar o corpo dela e querer maior aproximação da pele aquecida no fogo do amor, para não lhe gerar desconforto e despertar.
Contudo, na alta madrugada, o frio sorrateiro a tudo envolveu, sem desligar a forte intercessão dos dois num barco de afetos singrando mares azuis, sinais da felicidade pura, cantada por poetas em todo estilo de poemas e línguas pelas gerações adentro.
Com isso, na manhã, o impaciente coração, arrebatado nos dias próximos e seus dramas íntimos, tornou-se uma integração de vida e acontecimentos costurados a quatro mãos.
As movimentações do sono, os acordares entrando em sonhos de ambos, enriquecendo as paisagens da alma, nutriam-lhes os universos interiores. Aonde olhar, marcas de passos na superfície macia dos corações trepidantes.
Enquanto as pessoas chegavam para participar do colóquio, ele organizou os pensamentos nas lembranças da noite. Seus olhos ainda queimados de sono a deixaram dormindo mais linda do que em tantos outros tempos, na mesma cama dos abraços dadivosos.
Saíra e levara consigo saudades sacudidas ao vento da manhã que circulava pescoço, rosto, cabelos, no dia claro, matriz de lembranças da infância distante, de características semelhantes pelos amores vivos na beleza da virtude sertaneja.
Afinal passaram dias pródigos de apreensões. A noite representara a cicatrização das feridas antes abertas e pegajosas. Ele preservou na memória o traço escultural das curvas do seu corpo que há pouco afagara, cheiroso, leve, brisa bailando no desenho das nuvens, na manhã festiva.
O dia amanhecera com a imagem dela a se superpor na sua consciência, através dos elementos da luz refulgindo em milhões de pedacinhos espalhados na estrada, vidrilhos de carinho e amor, quando o espaço reuniu o tempo num só beijo indivisível, foi que notou as duas impressões da noite no dia especial a surgir no formato de flores vivas, soma das duas metades em completude.
Nisso revelou-se nítida certeza do dia entrar na noite e a noite entrar no dia, igual ao que ocorria agora, dele somar a ela e ela somar a ele, novo ser do amor, dia e noite, noite e dia, para sempre um, felizes por serem um só assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário