Nada melhor a que venham ser as multidões de lembranças
espalhadas nalgum canto do juízo. Algo assim parecido com aqueles instantes
frios daqui do pé da serra, de se ouvir raros pássaros e correr as águas nos
riachos próximos. Regressam de filmes vagos, músicas suaves, pessoas e saudades,
num fervilhar de motivos sem conta a encher essa pauta de memórias largadas,
frívolas, quando, nem de longe, pensou-se reunir tantas imagens e sentimentos,
mesmo iguais a outros tantos também dispostos pelas prateiras das horas. Nisso,
no afã do passado querer dominar os sentidos e perdurar a custo, impressionar e
existir. Sobrepujar os objetos e tatear as fagulhas do Tempo. Sustentar
itinerários andados. Colecionar recordações. Sentir que houve certa feita vontades
ocultas que varreram constantes terreiros abandonados de antigamente nas
cicatrizes ali deixadas.
Dentre qual seja isto de transportar conosco o visto e o
vivido é de saber em que mundo viverá o já visto e vivido nas malhas da
consciência, eis um nunca sumir, e dedilhar fardos imensos de compreensões,
situações, gravados nalgum retiro de querer saber onde, longe, bem aqui perto
da gente, no entanto. Nisto, enquanto a peneira dos sóis preservar tais valores
e significados, seremos esses nós a nos fazer relíquias noutras dimensões
distantes. Aos pedaços, traremos dos esconderijos da história eus abismados e desfeitos
pelas dobras dos dias, restos de ausências e sentimentos em tudo, qual o quê,
tangemos no barco que ora somos, pois.
Dessas mesmas vivências, decodificamos alguém que nos
denominaram e seguimos a carregar traços adiante, milhares, ou quanto mais, de visões
circunspectas dos muitos que foram e, logo depois, sumiram, também, perante
testemunhas que existiram nas longas horas intermináveis. Cravar as próprias
unhas nesses tais setores de memória faz da gente outros até então
desconhecidos, e que de novo persistirão lá qualquer dia no senso dalgum
vivente que haja aqui pelas trilhas do Infinito.
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