Som fosco de relâmpagos revira os céus da consciência e pede
outro instante além do que seja este. Daí, na intenção original de que falar,
espécie de ausência em lua de mel, quando, por mais se insista conter, o desejo
ali permanece, o coração anda cauteloso, sem querer abrir as asas da liberdade,
pois experimenta emoções contraditórias de velhos desencontros. A presença
dela, no entanto, enche de oxigênio o peito e as fibras dos pulmões atrofiados
voltam a folear com gosto. Compactados pelos fios de pedra das visões, elas
apenas seguem os sonhos nas doses permitidas aos beijos só de mãos e leves
afagos nos braços descobertos da etiqueta, em um nada que ultrapassasse a
censura das impressões alheias.
Existem, sim, os refolhos do mistério, que abrem suas portas
caprichosamente. Espécie de ser que desperta envolvido já no líquido dos partos
recentes, mexe o corpo no exercício da existência. Distende a silhueta
enigmática num gesto harmonioso de incertos passos e ombros se erguem à
certeza.
A democracia representativa do presente, sim, essa sempre
vem preenchida dos absurdos da vez, quando gastos das campanhas eleitorais
exigem somas fabulosas de custos, sob a perspectiva de dominar os postos de
comando e reverter as possibilidades sociais dos outros. Ainda que signifique o
extermínio da ética filosófica, nomes expressivos dos grupos arriscam suas
belas histórias originais no poder sem limite da vaidade humana.
Então, as luzes acesas do palco bem longe revelam a verdade,
no largo sorriso da inevitável Esperança alimentada no futuro.
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