quarta-feira, 19 de março de 2025

As entranhas das palavras


Som fosco de relâmpagos revira os céus da consciência e pede outro instante além do que seja este. Daí, na intenção original de que falar, espécie de ausência em lua de mel, quando, por mais se insista conter, o desejo ali permanece, o coração anda cauteloso, sem querer abrir as asas da liberdade, pois experimenta emoções contraditórias de velhos desencontros. A presença dela, no entanto, enche de oxigênio o peito e as fibras dos pulmões atrofiados voltam a folear com gosto. Compactados pelos fios de pedra das visões, elas apenas seguem os sonhos nas doses permitidas aos beijos só de mãos e leves afagos nos braços descobertos da etiqueta, em um nada que ultrapassasse a censura das impressões alheias.

Existem, sim, os refolhos do mistério, que abrem suas portas caprichosamente. Espécie de ser que desperta envolvido já no líquido dos partos recentes, mexe o corpo no exercício da existência. Distende a silhueta enigmática num gesto harmonioso de incertos passos e ombros se erguem à certeza.

A democracia representativa do presente, sim, essa sempre vem preenchida dos absurdos da vez, quando gastos das campanhas eleitorais exigem somas fabulosas de custos, sob a perspectiva de dominar os postos de comando e reverter as possibilidades sociais dos outros. Ainda que signifique o extermínio da ética filosófica, nomes expressivos dos grupos arriscam suas belas histórias originais no poder sem limite da vaidade humana.

Então, as luzes acesas do palco bem longe revelam a verdade, no largo sorriso da inevitável Esperança alimentada no futuro.


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