Somos isto, tantos, todos eles que imaginamos ser. Vivemos
nos lugares onde passamos certa feita. E vagamos soltos na trilha dos
pensamentos. Mundo imenso, o universo da presença aonde fomos. Às vezes,
lânguidos. Outras, flácidos, soturnos, sarcásticos, toscos, mordazes... Porém
protagonistas das mesmas cenas agora pálidas desse antigamente que o fazemos
constante e ora encenamos a nós próprios muitas vezes. Nós, laços desconhecidos
com o desconhecido. Mãos a tatear os dias quais visagens insistentes na busca
do sentimento. A que refutar, nada há contudo. Seres perenes na pauta dos
firmamentos, autores de inúmeros eus e apenas sis em movimento na tela deste
azul multiforme.
Fôssemos iniciar isso tudo, nos fartaríamos das ausências,
senhores da filosofia e escravos das histórias. Bem de perguntar e nada
compreender de todas as respostas recebidas. As palavras vivem, sim, dessas
chamas que alimentam o caldeirão da imortalidade. Alguns, contudo, aceitam
viver a dúvida e saborear as ilusões, quais fagulhas de novelas esplendorosas.
Deixam fluir as cores, enquanto adormecem nos sonhos, feitos personagens da
única alma que lhes conduz.
...
Escuto de longe o som das águas descendo da serra, depois
das chuvas dessa noite, e me abandono à imaginação, sabendo, todavia, o quanto
aconteceu até o que agora possa existir. E que, horas a fio, pássaros
cantassem, soprasse o vento a sacudir as árvores, e pensamos a circular nas
compreensões lá também distantes... Esse tanger de sons forma, pois, viveres e
nuvens nesta imensidão das horas.
Aqueles instantes largados no tempo andam junto das pessoas,
a dizer das suas vivências, dando sinais enigmáticos da Eternidade. Nisso, a
memória sustenta as emoções e um véu luminoso envolve o que restou guardado no
seio das existências.
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