segunda-feira, 17 de março de 2025

Um novo céu na consciência


Somos isto, tantos, todos eles que imaginamos ser. Vivemos nos lugares onde passamos certa feita. E vagamos soltos na trilha dos pensamentos. Mundo imenso, o universo da presença aonde fomos. Às vezes, lânguidos. Outras, flácidos, soturnos, sarcásticos, toscos, mordazes... Porém protagonistas das mesmas cenas agora pálidas desse antigamente que o fazemos constante e ora encenamos a nós próprios muitas vezes. Nós, laços desconhecidos com o desconhecido. Mãos a tatear os dias quais visagens insistentes na busca do sentimento. A que refutar, nada há contudo. Seres perenes na pauta dos firmamentos, autores de inúmeros eus e apenas sis em movimento na tela deste azul multiforme.

Fôssemos iniciar isso tudo, nos fartaríamos das ausências, senhores da filosofia e escravos das histórias. Bem de perguntar e nada compreender de todas as respostas recebidas. As palavras vivem, sim, dessas chamas que alimentam o caldeirão da imortalidade. Alguns, contudo, aceitam viver a dúvida e saborear as ilusões, quais fagulhas de novelas esplendorosas. Deixam fluir as cores, enquanto adormecem nos sonhos, feitos personagens da única alma que lhes conduz.

...

Escuto de longe o som das águas descendo da serra, depois das chuvas dessa noite, e me abandono à imaginação, sabendo, todavia, o quanto aconteceu até o que agora possa existir. E que, horas a fio, pássaros cantassem, soprasse o vento a sacudir as árvores, e pensamos a circular nas compreensões lá também distantes... Esse tanger de sons forma, pois, viveres e nuvens nesta imensidão das horas.

Aqueles instantes largados no tempo andam junto das pessoas, a dizer das suas vivências, dando sinais enigmáticos da Eternidade. Nisso, a memória sustenta as emoções e um véu luminoso envolve o que restou guardado no seio das existências.


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