domingo, 9 de março de 2025

Qual fazer um diário


Escrever tem disso, de se olhar de fora o que, dentro, no passar dos dias, acontece com a gente, as marcas deixadas pelo correr do tempo na nossa visão interior. Daí, ao reler mais adiante, a impressão será qual de um escrito de outra pessoa. Algo assim parecido com as mudanças em tudo, no clima, na História, nos pensamentos, sentimentos. O que ocorreu conosco naquele momento lá atrás, posto nas folhas largadas ao vento, semelhante aos trastes, muafos, raspas de tachos, quiçá jornais antigos, esquecidos pelas casas abandonadas. Nós, afinal, seremos sombras do Infinito, nas jornadas do Chão.

A exemplo, pois, vi outro dia uma publicação falando quanto astronauta que demorou cento e poucos dias no espaço e, de lá, observava a Terra. Em volta do Planeta, olhava todo um sistema em movimento, camadas de nuvens, relâmpagos, variações diversas, tão diferente dos outros corpos celestes que ele também acompanhava. Aquilo lhe causou tamanha impressão de sermos uma espécie de lugar característico a viver, o que, nele, ocasionou, forte reação, e, ao regressar, firmou o compromisso de trabalhar pela preservação da natureza, em viagens e campanhas pelo mundo.

De tanto voltados aos afazeres e interesses pessoais, de comum deixamos de lado a coletividade, o futuro das outras espécies, outras gerações. Fixados nos valores imediatos, transidos de paixões ilusórias, quase sempre esquecemos do mínimo de fazer a sustentar o equilíbrio da Natureza neste pedaço do Universo. Restritos a particularidades, isso, talvez, também demonstre o esquecimento doutra compreensão maior.

Com isto, em haver conhecido esta reação desse astronauta americano, de quem nem o nome gravei, peguei de imaginar a particularidade preciosa deste lugar onde buscamos evoluir, canto reservado no espaço infinito a permitir virmos conhecer as razões de estar aqui e poder chegar noutros mundos bem mais leves, à medida de nosso crescimento espiritual. Enquanto agora precisamos, a duras penas, preservar o jardim de que somos a sementeira até revelar a nossa verdadeira consciência.

Desse modo, reuni, nalgumas palavras, o que, agora, registraram meus pensamentos, diário de mim mesmo nalgum momento em que escrevi.

(Ilustração: Páginas soltas... Isto sou é! web.tecnico.ulisboa.pt).

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