domingo, 7 de abril de 2024

O esforço de ser que insiste


Nesse melodrama da continuidade, os barrancos caem naturalmente diante do Eterno. São folhas secas das árvores a todo  minuto que some. Sem mais nem menos, o Sol seguiu e o horizonte recolhe suas dúvidas, e ficamos aqui no instinto de olhar as estrelas, ainda assim meros instrumentos em elaboração na barriga doutros mundos. Ver e aceitar, eis o sentido que nos cabe, contudo. Remoer as filosofias do saber popular que ficam acumuladas lá dentro dos céus, produzir a matéria prima de ontem nos dias que chegam. Contentes, alucinados por vezes, eles descem e sobem as ladeiras, livres de quaisquer pretensões. Rastros deixados em corpos que vão embora  no abrir e fechar dos olhos, massa informe das histórias individuais.

No passar de um parágrafo a outro algo tange o bloco de notas e a gente o transporta dias e dias. Escrever. Corrigir. Aceitar a força que as ideias têm na aba dos desejos. Querer contar de que aqui existo nas marcas de um ser que anda, come, dorme, fala, acredita e sustenta lembranças que persistirão (até quando? Só sabem os profetas) pelas normas do Infinito. Trocar palavras entre as paredes do pensamento e viver esse jogo de regras ignoradas e parceiros desencantados, mas que desenvolvem a maré dos argumentos e dizem contar o que outros, talvez, observem de ouvidos acesos no transcorrer das aventuras.

Num sair de casa constante, tais seres movimentam o barco e lutam de tanto esperar. Sacodem seus lençóis de todo dia, reúnem argumentos e padecem as saudades adormecidas a regressar. Acordes distantes da Natureza gritam no coração e alimentam o eito das paixões que permanecem intactas. Lembro bem de quanto as palavras quiseram dizer, no entanto espeto que eu mesmo as possa ouvir nalgum instante, ainda.

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