Numa única nuvem eles ultrapassam voar o céu em si. Restos de folhas secas em movimento pelas estradas desertas aceitam o vento forte dos fenômenos, e sonham. Lá de dentro vem o Sol. Qual paisagem de épocas remotas, os primeiros instintos que surgiram ao nascer do dia vêm na mesma velocidade e surpreendem a todos. Por vezes mudanças de clima, alterações na superfície da Terra, cheias e devastações das dunas desse deserto donde brotaram as primeiras flores.
Persistem sinais que vagam na superfície dos mares. Meras visagens de tons avermelhados iluminam as encostas. Daí chegam indagações constantes quanto ao que significaria tudo isto que toca os sentimentos.
Sei que existe uma sequência original assim prevista desde sempre, de quando as notas primitivas desta sinfonia inextinguível da existência vieram à tona. Quais dedos a tocar o piano da Eternidade, trotamos passos na crosta palpitante dos dias. Quer-se saber mais e mais, no entanto muralhas imensas contornam as lembranças de um firmamento distante.
São todos partes da unidade que forma o andamento de sequências inevitáveis. Nós, seres ainda incógnitas, aqui atentos a olhar o cenário das luas todo tempo. Quiséssemos querer, de verdade, e ser-nos-íamos profetas dos próximos acontecimentos em fase de revelação. Nisto, a Verdade já existe, reservada sob o manto de civilização que dorme a sono solto no segredo perene das eras.Trastes esquecidos, pois, nos balcões de magazines solitários, iniciamos gradualmente os primeiros acenos dessa história que germina pelos corações. Senhores de cada instante, ela deixa nascer o senso na alma e sorrir aos primeiros acordes de uma manhã de festa noutras superfícies exóticas, desconhecidas até então.
(Ilustração: Ieronymus Bosch).
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