Somos de uma geração que conheceu de perto a ficção científica, fase de ouvir falar em subir às estrelas e ver a Terra lá de longe. Mil histórias sem fim. Senhores que acreditaram em sobrevoar o Infinito e, quem sabe?, descer nalgum lugar diferente deste, a fim de construir nova História. Sonhar, por certo, nas normas doutros destinos talvez menos assustadores do que os tantos daqui do Chão. Pousadas de cantos estratosféricos, ricos em tudo, inclusive na ciência de bem viver. Daí vieram livros e livros, filmes e lendas.
Hoje até que aquietaram com isso; falam em fim de mundo, extermínios, novos céus e novas terras, recantos outros onde seja possível esquecer o passado e celebrar o futuro fora das tais guerras de domínio agora espalhadas pelos países e as lutas de irmãos contra irmãos. Imaginar uma história diferente da dos 1984 desse pedaço de tempo em demolição. Conquanto degustadores da sorte, facilitadores dos meios de viver com arte, no entanto ferrenhos adversários de si mesmos nos dobrões em movimento.
Face às histórias contadas nos finais do século, chegávamos a acreditar nas músicas de protesto, nos planos renovadores da sociedade, nos espetáculos de luz e cor aos olhos dos nossos ídolos; nem de longe admitíamos fosse aquilo tão só mera ficção. Quantas noites de longos papos em volta dos melhores dias, das festas coletivas das massas, das notícias felizes... Porém há que mudar dalguma maneira, quiçá dentro de nós próprios, a meio de certezas maiores que venham do íntimo das criaturas... Dos dias transformados em viagens sadias, alegres, de olhar as belezas da Natureza, firmar outros compromissos de amor e paz, fora dos muros dessa prisão que, por vezes, parece trazer à realidade aquilo visto nas profecias, nos tratados da imbecilidade e do furor sem limites.
Sapientes autores dos dramas narrados decerto avaliariam o quanto foram otimistas ao prever essa ausência de jeito com que tantos ainda se arrastam no lodaçal das páginas amareladas dessa longa noite das histórias atuais.
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