quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

A cordilheira dos sonhos


É preciso ter o caos dentro de si para gerar uma estrela bailarina. Friedrich Nietzsche

Há que se fugir de tudo, menos de si mesmo. Universo exclusivo, assim é o todo de um a um. Face ao instante, tão só no crivo da individualidade perdura, diante do quanto existe o Tempo. Criaturas a mover seus próprios escombros, chafurdam os céus e constroem as malhas donde e aonde vivem. Ainda que tanto, insistem na presença, apenas isso contém e determina. Autores, atores, expectadores da mesma cena, tal e qual, portanto motivo de todas as tradições, espalham no vazio sua fama e tocam o barco dos louvores e das horas, submissos que sejam às condições de existir. Bem isto, maestros das contingências e senhores deste mundo pessoal a que rendem reverências no altar dos sacrifícios.

Nesse território habitam, únicos seres, no entanto raiz de quantos demais que os constrangem pelos desertos afora, pastores de rebanhos mil. Têm prazo de chegar nalgum canto que nem sabem onde. Porém ali os aguarda pelotão de avaliadores a trabalhar o crivo da consciência que já trazem consigo vidas e vidas que foram. Por mais sintam liberdade, contudo apenas obedecem, pois haverá esse momento da prestação de contas.

Enquanto isto, aqui, olhos postos nas trilhas estreitas entre o caos e a virtude, perduram dentro do espaço estreito das dúvidas e atitudes, presas de conhecer o desconhecido que trazem na alma.

Peças brutas lá dos inícios, aperfeiçoam o deslumbramento, feitos entes minúsculos em volta de árvores que os cercam. Nessa vestimenta, preenchem o roteiro traçado de alguém, superior dotado das qualidades definitivas da Perfeição. Eles, ali postos no pavilhão dos sonhos, observam e exercitam revelar as razões do firmamento e jamais abandonam o pacto firmado desde sempre, e esperam vir, no horizonte que plantou, o sentido de estar na história enquanto Ser.

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