terça-feira, 14 de janeiro de 2025

No reino das limitações


Esse desfiladeiro de contradições daqui do Chão fala disto o tempo todo, de quando chegaram os primeiros à procura dos meios de sobreviver. Talvez fugissem de alguma hecatombe noutro planeta, quem sabe? Ou viessem dentro de uma missão, de algum vaticínio que houvessem de cumprir a qualquer custo. A realidade é que aqui chegaram e ainda permanecem, na busca de construir possibilidades outras e regressar, quero crer, ao mundo donde vieram, levando consigo arquivos imensos das maravilhas deixadas, e que lá servirão de lembrança e estudo dessa fase dagora.

Desses tais arquivos reunidos, as músicas prevalecem. Alguns filmes, por certo. Livros em códigos. Imagens. Vídeos. Não poderão, de certeza, ultrapassar o peso nuclear que suportam as próprias naves que os virão recolher de volta. Os mais afeitos à experiência de regressar são esses responsáveis pelo recolhimento do material a ser conduzido ao regressarem. Sabem mesmo do valor de estar nessa experiência sideral. Digo que sabem, mas melhor seria dizer que acreditam saber.

Mais que evidente, no entanto, compreendem a precariedade do quanto vivem tantos nessa época de muitas restrições e tanto caos, significando só uma espécie de experiência parcial do futuro. Eles, os habitantes que encontraram ao chegar, nem de longe observam ou sentem a presença dos que circulam entre eles sem serem iguais.

Ficam nisso, improvisação de acampamentos que se desfará a qualquer instante, de acordo com planos outros, desconhecidos de todos, estrangeiros e tradicionais. A continuidade dos astros pelo céu transcorre livre de quaisquer determinações desses tais seres, pois existe um comando no Universo, além das nuvens e dos relâmpagos. Lá longe, restrito ao mistério que vaga entre imagens e pensamentos, impera o Poder Absoluto, superior às percepções dos que compõem o quadro das existências ocasionais.

As vozes deste conteúdo, as artes, vez ou outra se percebe e buscam dizer, guardadas que sejam as fragilidades dos espíritos que as escutam, e com isso desenvolvem regularmente a intenção de ouvir do silêncio a beleza esquecida, no entanto, passadas algumas gerações, adiante sustentarão o que antes foi.

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