Lendas e lendas falam das noites iluminadas, se não, das
nuvens escuras que preenchem o espaço entre os dias, no entanto pouco avaliam o
quanto importa escutar as luzes do silêncio adormecido. Ainda que permitindo,
por conta das movimentações da natureza, raros ouvem o mistério que percorre as
consciências. Face aos anseios de escutar as tantas histórias, nisso escrevem
notas à margem e insinuam novas aventuras nos universos do Destino, a conceder
chances de assistir aos espetáculos fantasiosos lá da primeira infância.
Nessa sublime jornada, o intervalo dos dias possibilita que
entremos de volta na caixa dos segredos guardados e achemos, dos mesmos
instrumentos que tocaram o coração da gente, algo assim por demais
interrogativo. Dos sonhos, das poesias, recolhemos sua melhor parte e
distribuímos devagar nesse perpassar das presenças soltas na imensidão,
fazendo-nos quase meros viajantes das jornadas intermináveis. As palavras sabem
de cor o transitar destas cenas, acondicionadas pelos vales sombrios das
lembranças mais antigas. Trazem sempre as mesmas estruturas. Impedem, muitas
horas, de oferecer os alimentos da inocência aos seus interlocutores, no
entanto largam pelas estradas as sementes preciosas que os guiam nas sequências
intermináveis de todas as delícias do coração.
Disto, do silêncio, retiram minúsculos sons, e deles reconstroem
a caminhada. Sabem, sim, narrar de tal modo, contudo insistem desconhecer o
jeito próprio de tudo isto acontecer nessas dobras do Infinito. Ao aquietar o
senso das memórias, se encarregam de fervilhar dentro do pensamento, espécies
de criaturas independentes do que desejam, contrafeitas e inesperadas. Elaboram
gravuras imensas de compreensão e arrastam consigo estes que hoje pensam destruir.
De escutar os suaves acordes das melodias sopradas pelo
vento, perpassam jornadas valiosas nas entranhas desses animais soltos nas
praças, senhores de si, todavia amestrados nos desejos e presas das finalidades
só daqui deste pequeno chão, guiados aos sóis da Eternidade, logo ali adiante.
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