sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

A dividir o silêncio


Lendas e lendas falam das noites iluminadas, se não, das nuvens escuras que preenchem o espaço entre os dias, no entanto pouco avaliam o quanto importa escutar as luzes do silêncio adormecido. Ainda que permitindo, por conta das movimentações da natureza, raros ouvem o mistério que percorre as consciências. Face aos anseios de escutar as tantas histórias, nisso escrevem notas à margem e insinuam novas aventuras nos universos do Destino, a conceder chances de assistir aos espetáculos fantasiosos lá da primeira infância.

Nessa sublime jornada, o intervalo dos dias possibilita que entremos de volta na caixa dos segredos guardados e achemos, dos mesmos instrumentos que tocaram o coração da gente, algo assim por demais interrogativo. Dos sonhos, das poesias, recolhemos sua melhor parte e distribuímos devagar nesse perpassar das presenças soltas na imensidão, fazendo-nos quase meros viajantes das jornadas intermináveis. As palavras sabem de cor o transitar destas cenas, acondicionadas pelos vales sombrios das lembranças mais antigas. Trazem sempre as mesmas estruturas. Impedem, muitas horas, de oferecer os alimentos da inocência aos seus interlocutores, no entanto largam pelas estradas as sementes preciosas que os guiam nas sequências intermináveis de todas as delícias do coração.

Disto, do silêncio, retiram minúsculos sons, e deles reconstroem a caminhada. Sabem, sim, narrar de tal modo, contudo insistem desconhecer o jeito próprio de tudo isto acontecer nessas dobras do Infinito. Ao aquietar o senso das memórias, se encarregam de fervilhar dentro do pensamento, espécies de criaturas independentes do que desejam, contrafeitas e inesperadas. Elaboram gravuras imensas de compreensão e arrastam consigo estes que hoje pensam destruir.

De escutar os suaves acordes das melodias sopradas pelo vento, perpassam jornadas valiosas nas entranhas desses animais soltos nas praças, senhores de si, todavia amestrados nos desejos e presas das finalidades só daqui deste pequeno chão, guiados aos sóis da Eternidade, logo ali adiante.

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