Ao chegarem ali, andando dias inteiros, resolvem se aquietar debaixo de uma delas. Logo qual?! Invés de uma figueira, logo uma macieira frondosa. Daí, toda essa história que circula vidas a fora, rumo da expulsão lá mais adiante, ao pagar do fruto proibido. Os dois, no auge do susto, mesmo assim definirem viver aonde sentir fosse impossível de sentir a ausência um do outro, lado a lado, nisso dessa longa jornada até aqui, a criar os filhos, construir a casa e sair pelo mundo, tais desconhecidos de si mesmos, à procura do pão, no entanto servos da amabilidade. Eles dois, porém muitos.
Algum dia, talvez, achem de imaginar pudessem haver
escolhido a figueira, a mangueira, o sapotizeiro, qual que fosse, carregada de
frutos saborosos, contudo menos avaliado na luz da libertação da consciência. Sempre
haverão de transportar séculos adiante aquele gesto. Dotados dos mil penhores,
chegariam, quem sabe?! ao teto das presenças cercados de outros sentimentos, ao
menos que fossem de valor menor perante os céus. Reduzidos, pois, a
protagonistas de menor teor de compromisso, todavia afeitos aos carinhos de
outras sortes.
Haveria, por certo, responsabilidade que produzisse prazer
sem tamanha vastidão?... Existir livres de roupas, de pudores desgastantes;
reduzir a fome de encontrar quem quer que fosse a inteirar o par do outro pé, no
tamanho, na forma, matiz, isso tudo na proporção do que a isso fosse
determinado nas leis do Universo lá distante.
Em imaginar tais circunstâncias dos que vivem vagando pelas
florestas à busca dessa árvore refeita do equilíbrio entre querer e poder,
pensamento e sentimento, atores independentes no drama da Criação. Horas e
horas, ficam, assim, a contemplar luzes no horizonte, nessa intenção
proporcional às reais necessidades do corpo, e melhor conveniência ao querer da
alma; fortes instintos de conhecer a luz no ser que o somos a todo momento,
entre palavras e gestos pessoais.
(Ilustração: Adão, de Michelangelo Buonarroti).
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