Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você. Friedrich Nietzsche
Há em si que contemplar, de olhos abertos, o ilimitado. Isto resume quanto existir diante das noites, nesses tempos sombrios. Ensejar, cotejar, os segredos ao ponto de aceitar o Destino qual poder soberano, autor das sequências naturais, antes e só. Do quanto as palavras dizem, assim o mundo acontece. Sons de instrumentos de uma cena sucessiva, horas passam que acendem as luzes de palco imenso perante os espectadores da infinitude que o somos, repasto do Tempo no espaço, os mesmos fantasmas de antigamente, hoje dotados de cores estridentes vagando nas ondas elétricas.
Enquanto que deslizam na escuridão, os longos comboios de miragens, lá na distância onde o vento rasga as folhas do Infinito, a paisagem das horas observa os sóis. Eles ainda habitantes de uma viagem insólita, intrépida, seguem, pois, o trilho da dúvida e aceitam de bom grado defrontar o silêncio do absoluto. Quais apáticos seres de mundos subterrâneos, mergulham na superfície da própria alma, a dizer falas ininteligíveis, misto de dores e tédio. Isso tudo depois das jornadas impossíveis do desejo, famintos que foram na ilusão dos prazeres vãos.
Portanto, quase ninguém escuta essa voz da Consciência ao instante de revelar o motivo de ter vindo aqui e nem saber mais a que seja. A busca lhes percorre o ser e nutre o instinto de vencer o nada fugidio. Todos, em trajes domingueiros, avistam da carne a barca do mistério, assustados do que viram até então. Bem isto, agora. Visões doutras histórias, conquanto cientes da ausência incontida na tentação do vazio que acompanha saber, contudo autores de lendas dalgum modo em elaboração nas presenças gerais.
Nesta contemplação inevitável, sustentam, no entanto, passos incertos ao caminho do Sol e no íntimo imploram do futuro as promessas alimentadas desde sempre no vácuo da solidão. Sabem, porém, aceitar de tudo o que vier, após sobreviver um tanto.
Algo tal que isto seja viver e sustentar algum significado, percorrer as entranhas da alma e abrir os céus aos sonhos guardados.
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