Circunstâncias variadas norteiam avaliações mais do que oportunas para época de muito acontecimento e raros intérpretes fiéis. A massa noticiosa enverniza mentes, criando viciados, homens ou números, a transportarem canga cotidiana, quais bois de carro; paisagem onde o Estado virou mandatário plenipotente e irresponsável, amargo signo de aço tecnológico, entre filas, decretos, conferências de cúpula...
Nestes tempos denominados modernos, o
patrocínio dos instintos achou sua moeda de troca. As próprias locadoras de
vídeo, para não falar nos programas de tevê, jornais e outras publicações
sensacionalistas, mostram fácil o que quero contar. Filmes mais procurados:
pornográficos, violentos, de horror, crime, guerras e mistérios, sintomas
expostos destes dias de ira, onde loucos se entregam sequiosos às mãos calosas
dos carrascos de plantão.
Valores morais tiveram de ser adaptados às
necessidades momentâneas. Detalhes minoritários pesam pouco ou inexistem, nessa
democracia conveniente dos regimes produtivos, qual terrorismo de poder.
Ideias, só se digestivas, no adeus da
igualdade.
Enquanto que ainda se ouve falar nos golpes
militares quais soluções viáveis para a falta de saída (como saídas sendo). Uma
conversa nos recorda propaladas esperanças de paz, com a transformação
soviética, no cardápio da grande imprensa do Ocidente.
Tem-se comentado que tudo mudou, e que as
armas serão destruídas. Que verbas destinar-se-ão, dagora em diante, a
financiar bens de sobrevivência e progresso (como arrependimento tardio de
consciência inusitada, para não dizer impossível. Soa assim).
Nisto, o grande sistema (Moloc, máquina
enlouquecida) desembala histérico no rumo do poente, largando carcaças abaixo
da ribanceira, fogo e carvão, céus cinzentos, explosões, desertos.
A propósito e com sua permissão, quero
encaixar aqui famosa lenda, imortalizada num dos monumentos do Egito, o da
Esfinge de Gizé. Certo guerreiro, que procurava o pomo da felicidade, depois de
vencer os obstáculos mais intransponíveis (o Indiana Jones daqueles
primórdios), afronta monstro de aspecto feroz, corpo de animal e cabeça de
gente, que se apresentar com um enigma (decifra-me ou te devoro):
- Quem, de manhã, caminha de quatro pés, de
tarde, de dois, e, de noite, de três?
A resposta, que não poderia ser diferente:
- O homem, pois engatinha na infância;
cresce a se desenvolve nas duas pernas; vindo a carecer, na velhice, de um
apoio para equilibrar-lhe os passos.
Daí, vencendo o desafio do monstro,
alcançou seu objetivo e deixou para trás, imobilizado em pedra, no vale dos
Reis, o mais belo símbolo das perquirições humanas de que se tem conhecimento.
Nós outros é que ainda não conseguímos
vencer o nosso enigma desta época, tanto individual, quanto coletivo, a fim de
podermos conquistar os anelos da raça. Enquanto se fala numa "nova ordem
mundial", ficamos atentos em descobrir donde virá a próxima tramóia,
durante o que pagaremos as contas de festa que não desfrutamos, nem soubemos
onde se deu, em que reino maravilhoso, esfera ou lugar desconhecido.
Esse motivo requer seriedade, e não tem
merecido, a nos parecer falta do senso tão requisitado pelos intelectuais,
sobretudo em quem coordena o baile, podendo nos valer susto catastrófico,
fazendo-me repetir por conclusão de assunto palavras de Paulo de Tarso, no
capítulo 5, da Primeira Carta aos Tessalonicenses:
- Mas, irmãos, acerca dos tempos e das
estações, não necessitais de que se vos escreva; porque vós sabeis muito bem
que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite. Pois que, quando disserem: Há
paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de
parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.
(Ilustração: Hindu Trinity, Davis imagen).
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