O estirão do tempo a transcrever isto bem significa tudo quanto resiste da experiência desde então guardada. Fila imensa de acontecimentos e pessoas com quem as circunstâncias determinaram viver, conhecer, desfila no íntimo de uma memória que nunca para de trazer à tona novas histórias individuais, a bem dizer que arrastam nossas lembranças a tais sonhos acordados. Traumas. Surpresas. Empenhos. Elas chegam sorrateiramente feitos fantasmas talvez trazidos dalgum recanto misterioso a virar frutos do pensamento, a imaginar, de outros seres que resolvem regressar ao nosso campo mental de hoje. Fornecem detalhes daquilo que se deu e fomos autores, num objetivo de magoar, reviver, descontar, atualizar. Isso tanto repete o senso de antigamente que machuca lá por dentro o coração da pessoa. Quer-se fugir sem ter aonde. Esforço inútil. Outras horas vêm outra vez no ranço daquilo imaginado, esquecido, a querer que não houvesse existido mais.
Essas influências representam, pois, o empenho de vencer o passado, no entanto algo diz que devêssemos atualizar, prestar contas, resgatar; reconstituir doutro modo as chances jogadas fora naqueles idos, em balanço necessário das atitudes nefastas. Processo lento ocasiona, destarte, passar a limpo o que, por certo, assim necessário seja. E aprender com as dores, limpar a consciência, usufruir do aprendizado... Conquanto dedicados a evoluir, nem sempre exercitamos a contento o valor das oportunidades, face a fatores ainda precários do grau de hoje do espírito. Ser-se-á o começo e o fim de tudo na bolha da individualidade em movimento.
Isso vem pelas citações acumuladas no juízo, pelos espaços percorridos, pelas inimizades e amizades, vivências, atitudes. Laboratório vivo de quais recordações, tangemos os pendores de saber que fomos nós seus autores antigos. Restituições dos dias vividos, somos este fiel dessa balança constante no interior das existências.
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