segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Resta o silêncio


Invés tão só de estender pelos céus a pano das palavras, tempos impõem aguardar, espreitar, sob o Sol a leveza dos acontecimentos. Saber-se menor, apenas uma ligeira partícula de um todo imaginário a transcorrer nas vidas, o que na verdade somos. Isto diante dos séculos e das surpresas várias. Um desfilar perene das muitas versões do Infinito de que significamos, isto indica conhecer o mínimo desse mover intermitente das gerações, testemunhas desse quadro inesperado, fixo nos seres individuais a perlustrar.

Isto são visões por demais desconhecidas, repastos do tempo próximo, desconhecido, no entanto. Pessoas, sensações, percepções... Pelos vastos campos dos deslumbramentos, bem ali nos vemos, um ser sempre em mutação, olhos fixos nalgum lugar, nos objetos, nas cores disformes, superpostas na alma adormecida. Nisso, a vontade extrema de conhecer, dizer daquilo que encerram os dramas individuais, as buscas, os valetes escorregadios e sujeitos ao sabor das infinitas contradições.

Conquanto, de tudo a experiência, a claridade que persiste, no entanto mesmo depois do que houver. Longas distâncias de procura, por isso, revelam o gosto doutras histórias trazidas, então, pelas melodias que chegam ao coração dagente. Suavidade extrema circunscreve todos os sons deste mundo e mergulha nas ausências dos tais mistérios inalcançáveis. Bem ali consiste no quanto existir nalgum universo além deste de pura matéria. Disto contar as infinitas planícies de paz, na medida dos sonhos.

Ainda que quiséssemos revelar o sentido dessas percepções, algo restaria incólume à luz da razão. Gotas imensas de emoção subscreveriam a paisagem constante das noites dentro de toda criatura. Nessa hora, o senso de dualidade some através abismo da inexistência, a demonstrar o poder da unidade na paz das consciências vivas.

(Ilustração: A dança camponesa, de Pieter Bruegel, o Jovem).

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