quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Esse outro eu


É que insisto conversar comigo, ainda que face aos dramas disso provenientes. A gente para assim diante de si e busca a todo custo estabelecer esse diálogo sem fim, no arrastar de pés pelos caminhos das horas. Quer-se a tanto que nem e nunca pare de acontecer. Juntar palavras soltas e configurá-las na imensidão em volta quais vendedores ambulantes da sorte, no quanto de elaborar consciências, longe que seja das revisões periódicas de textos enigmáticos. Eles, sendo tal e qual duas criaturas numa só correnteza e atravessando o vazio dos hemisférios, veem a própria existência e única emaranhada entre os dois.

Bem isto, esse patamar de criaturas cruzando as barreiras do Tempo e largando de volta o instinto de sobreviver, desfeitas as nuances de seres quiçá distantes e de novo a reencontrar o cilício aqui deixado nessa ambiguidade esquisita de dois ilustrar a casa dos contentes e abandonar o senso da procura, numa espécie de fingimento aceito de ambos. E conversar e passar a conter a causa de estar durante décadas nos momentos mais inacessíveis. Habitantes de lugares remotos, vez em quando ali regressam a estabelecer o mesmo diálogo, a intenção de transformar o que jamais soube o que seja.

Por vezes, de angústias se faz o motivo desta aventura esquisita nas crostas encaracoladas do firmamento, vindo lá de longe nas ondas de um mar encapelado. Personagens, pois, de peças fantasmagóricas, conhecem tão pouco das possibilidades do instante e desfazem na impiedade o valor essencial de viver. Porém sabem que significam preencher a vastidão do Infinito dos novos serviçais do mistério, pequeninos atores de películas intermináveis. Deles, dos senhores desta memória constante há falas de ídolos do passado, detidos, entretanto, na memória acesa que os transporta pelos corredores da alegria, e seguem a contar velhos sonhos de esperança na força viva dos delírios surreais.

Nessa viagem contínua de um a outro ser, traços são estabelecidos desde séculos; de certeza, jamais saberão aonde chegar, porquanto lá, então, de novo esquecerão o que foram antes e dormirão despidos nas folhas das outras histórias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário