sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Os degraus do Paraíso II


Ó tu, que não te deixas ver, embora nos faça conhecer-te, todo mundo é tu, e ninguém se não tu é manifesto. A alma se esconde no corpo, e tu te escondes na alma.
Farid Ud-Din Attar

Nisto, essa fome voraz de querer, que, no entanto, em tudo se manifesta, também aqui a todo instante tende a fazê-lo, ensinando às criaturas através da vastidão dos céus além visão e dos objetos, porém feita de sintomas soltos a meio de povos que se perguntam do quanto existe que possa constituir a causa primeira de tantos desejos em queda livre. Enquanto interroga a si, perpassa as dobras do mistério sem que possa deixar a luz dobrar o firmamento depois do mistério, e assim trazer o barco da existência ao seu destino.

Dúvidas não há depois dos quantos conceitos deixados nas respostas que ficaram do passado, porém longe que sejam das reais necessidades da prática fiel do Bem. A gente com isto reúne pelas palavras o que circula nas veias, e fala dessa distância quase infinita entre pensar e dizer. Conquanto tais acontecidos, todavia o mesmo instinto de falar em códigos persiste vidas e vidas, sabendo só de uma certeza vaga dEle que junto nós sob o manto de todas as cores.

Há pouco nada havia, nos meros fragmentos de ideias acesas a vagar dentro do caos e das ausências, outrossim cólicas de um querer insistente ao raiar dos sóis a contar dos universos de sonhos e visões. Nós, manifestação de algo insólito, a meio de conjunções e figuras de linguagem, frutos dos anseios a céu aberto na consciência de todos, impacientes de vir à luz e fazer do instante sua origem e ser-se-á por demais onipotente, apesar das ilusões e fantasias que nos acompanham os passos neste chão.

Nisto, essa fome de querer, que, no entanto... Hordas bárbaras, no jeito das realidades inexistentes, ainda que tanto faz a claridade e mora de junto, silenciosa, fazendo-nos astutos, e desaparecemos ao menor gesto de solidão.  

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