As quantas formas de considerar inclusive as lendas do que contam a propósito dessa estada junto dos objetos daqui do Chão. Vive-se de experimentar tantos momentos, quantos sentimentos, pensamentos, emoções. Sempre a ter o que dizer de tudo. Olhos fixos nem sei aonde, porém braços fortes de viver a todo custo as percepções variadas desta existência.
Por mais se tenha motivo, no entanto a longa estrada dá de
cara com o desfiladeiro das sombras, das saudades, num vazio por demais, onde
as horas viram séculos e os séculos viram coisa alguma, nada.
Enquanto isso, mantemos fixos no Infinito a dança das
multidões, senhores absolutos das ausências incontidas. Daí, vêm fama, poder, relacionamentos,
colcha de retalhos dos segundos que, apressados, cortam os sóis e, soltos ao
sabor das imprevisões, nos deixam atônitos de tanta sede do amor verdadeiro.
Disso, contudo, restam as histórias, fermentos intactos do
inesperado a trazer o conforto dos sonhos, das trilhas fantasiosas das ficções,
razão de sonhar que o tempo mostra aos mais atentos. São eles os personagens
intactos de tudo quanto houver lá algum dia nalgum lugar, nalguma varanda do Sertão,
a meio das estrelas no céu e ao sabor de uma brisa aconchegante, depois de
tardes calorentas. Olhar as memórias e reviver lembranças inesquecíveis das
experiências e dos firmamentos. Bem longe, as músicas, os hinos, benditos, pássaros
distantes, ecos avermelhados dos finais dos dias e uma força misteriosa a nos
percorrer as entranhas.
Assim, presenciar a intensidade da longa noite desse universo
e rever todos os conceitos, numa viagem esplendorosa de dentro da gente, cheia
de indagações e respostas ainda vagas do que sejam, entretanto, persistir e
encontrar a essência da jornada do inevitável. Sermos, pois, reais intérpretes
desse transe que nos levará a perfeição do Absoluto e de achar, de uma vez por
todas, a razão de estar aqui, causas e nexos do quanto existir durante o fulgor
de todas as gerações.
(Ilustração: Paisagem da queda de Ícaro, de Pieter Brueguel, o Velho).
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