Dia desses, numa das ruas centrais de Crato, me avistei com João Roberto Coelho, que, na ocasião, me ofereceu uma pequena publicação de versos de sua autoria publicados pelo Serviço Social do Comércio – SESC, através dos projetos Armazém do Som e Performance Poética.
Os poemas enfocam temas
variados, desde aspectos sóciopolíticos do planeta Terra, passando pelos
valores morais de seus habitantes, atualidades gerais do sistema que domina as
instituições, prenhes de demonstrações daquilo que impera no caráter das
pessoas, sonhos e aspirações de épocas melhores, de sofrimentos transformados,
sertão ameno e esperanças redivivas, às lutas existenciais dos aspectos de
grupo, natureza humana, injustiças da ordem vigente, variação das
personalidades, dúvidas e a arte difícil de palmilhar esse chão carente de uma
reforma agrária substancial, tema da peça que conclui a coletânea do autor.
Escrever significa
transcender a condição restrita de cada sistema individual no esforço da
vontade audaz de chegar além, aos outros e dizer dos próprios pensamentos,
aventuras intermitentes que varem o Universo, busca das respostas que a vida
faz e se ler à medida dos olhos internos do coração.
No livro Cartas a um
jovem poeta, Rainer Maria Rilke resume com propriedade alguns aspectos da
criação, aonde diz que uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade.
Queiram ou não as rotinas sociais, o poema impõe sua
condição de gênero de primeira água, porquanto, qual as flores sem função
alimentar definida, alimentam a alma até de quem duvida que alma existe. Todos
viventes guardam em si as lembranças dos milhares de poemas que consumiram e
esqueceram na consciência, porém que formam a trilha dos dias, através da
memória inconsciente, audições do tempo, frutos da inspiração dos poetas os
quais talvez nem lembrem o nome, as músicas de cada geração.
Mesmos os iletrados se
alimentam desses poemas dispersos no transcorrer da vida, retendo na cabeça e
sentimento as marcas cotidianas de amores e momentos, razão mágica das flores
de beira de estradas, a ilustrar os passos, amenizando o peso da camada
atmosféricas das fases cinzentas, ou das alegres quermesses de temporadas
felizes.
Nos versos de João
Roberto, nota-se uma intenção de interpretar a função de viver e, nisso,
repassar ideias, senso crítico dos que guardam detalhes essenciais da peleja,
focos e condições dos caminhos, nas emoções do poema. Recebe as influências de
largas preocupações internas, das perguntas ao vento, respostas vagando na
história.
Noutro momento de seu livro, Rilke, poeta tcheco que viveu entre os séculos XIX e XX, época de profundas transformações, afirma que as obras de arte são de uma infinita solidão; nada as pode compreender e manter e mostrar-se justo com elas. É sempre a si mesmo e a seu sentimento que deve dar razão contra toda explanação, comentário ou introdução dessa espécie.
Por tais motivos de
quem sabe mais, silencio e admiro os poemas desse moço caririense que se
pretende poeta e realiza seu sonho.
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