Deixa que vejam a cicatriz do coração, pois pelas cicatrizes são conhecidos os homens que palmilharam o caminho do coração. Farid Ud-Din Attar
Há-de ter que trilhar os desertos até o vale da Salvação; o resto seriam essas histórias contadas em noites escuras, a meio de dores e compromissos, pátria das renúncias e dos silêncios maiores. Nessa longa busca de si mesmo bem ali vivem as tribos esquecidas a meio de sombrios obstáculos e aprimoramento. Conquanto todos nisso andem a passos diversos, chegar-se-á lá um dia quando divisarão as marcas do Destino e cumprirão o dever de caminhar, esses tais heróis da imensidão.
São soberbos os pelotões de persistência a conhecer dos dias seus mistérios, e guardá-los no íntimo, donde contarão pelas marcas achadas pelo corpo e nelas as luas que circularam neste céu, isso de um a um, cavernas individuais de sonhos impossíveis inscritos na palma das mãos. Desse tanto de aprender ficam, pois, as fístulas na própria pele, nem sempre vistas, no entanto doloridas, ao sol das circunstâncias.
Sejamos, portanto, aqueles que ora somos, rascunhos da Criação diante do Infinito, protagonistas de jornadas inevitáveis aos olhos do tempo, nessa epopeia de tantos. Certas vezes, painéis de belas visões; noutras, sórdidos parceiros das insanas aventuras por mares tempestuosos. Nós, talvez, a existência em forma de consciência em elaboração, provas vivas dos dramas e das religiões, e parceiros em movimento dos penhores e das individualidades.
Mais que sejam, todavia, que a nada exclui na força desse poder das criaturas no palco das ausências, a contemplar dos altares os sacrifícios nos dias de clarões monumentais. Depois, novos mistérios em meras formações no horizonte seguir-se-ão aos pequeninos seres de tudo quanto houve de ser, do nascimento aos rincões da plena Felicidade.
(Ilustração: Artesanato peruano).
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