Há que ter um motivo de domar impulsos e galgar o senso do Absoluto no decorrer das visões do Paraíso vistas em sonhos. Vontade extrema de dominar consta, no entanto, da pauta das condições humanas sob as quais persistem os seres. Esse instinto de ultrapassar a imaginação vem sendo assim desde longa data. A origem some no Infinito. Tantas espécies, quantas devoções e desejos em único princípio jamais esquecido. São eles testemunhas dessa construção monumental dos seres pelos séculos afora. Valores, cogitações, proezas...
Mais que impossíveis contrições, voam pelos ares nessa fome
avassaladora de conhecer, a fim de desvendar o mistério que o somos. Busca
incessante de resposta fez com que jamais houvesse alternativa de parar no
tempo e rever o firmamento das horas. Todos, inevitavelmente, na mesma circunstância
de encontrar a si e acalmar o anseio das definições que nunca chegam. Bem isto aquilo
que resume o verbo das probabilidades e denota virtudes até quando fantasiosas
e vagas.
Os cenários são vastos nas noites da Civilização. Apenas
senhores da ficção e dos segredos, parecem compreender o nexo das História,
porém presos aos grilhões do desencanto, de geração a geração, vadios de claros
inavaliáveis logo a seguir desfeitos em longas narrativas abandonadas aos
porões dos palácios.
Prudentes passageiros de naves desconhecidas, deixam de lado
tudo quanto pudessem realizar e realizam o que jamais significaria, de verdade,
o imenso coração dos dias escuros que ora vivem. Ainda que assim, lançam ao
espaço milhões de planos e adormecem sob o crivo da solidão de paz. Eles,
vestidos das variadas cores da dúvida, cobrem de sombras o resultado dessas buscas
desarvoradas, a querer que tal as palavras invadem o território do silêncio e
esquecem a que vieram aqui. Tão só, talvez, à cata de sobras das lutas insanas
de outras aventuras vividas em florestas desconhecidas e distantes, aonde até
então chegam poucos, ou nunca chegam, retalhos de longa descrição do quanto existe
pelos céus.
(Ilustração: Hieronymus Bosch).
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