Lá longe, ao que seja, logo ali, no infinito das eras. No Cosmo. Isso de imaginar, que os sonhos às vezes bem merecem continuar para sempre e deixam na gente esse querer guardar do que some agora a menor relíquia, facilitando, pois, segundo consta dos livros, à lua dobrar esquinas pela força da imaginação. Mas é isto que diz García Márquez, de ninguém trazer de volta o passado, ainda que se esforce. O que se conta é outra versão do que vivemos, de nossa própria lavra. Há uma vontade insistente, porém que passa ao largo de querer fosse trazido de volta aquilo vivido, contudo nalgum lugar desapareceu sem deixar vestígios a não ser nas lembranças do que contamos. A força da arte nasce disso, do intuito de reviver o que o Tempo levou consigo.
A fome de lembrar, sobretudo os momentos felizes, percorre a
veia da multidão desde suas vestes, às falas, aos caprichos, sons, textos
inumeráveis, filmes, rituais, numa gama infinita de fragmentos a preencher o
vale dos sonhos numa cadência sideral determiante. Quando menos esperar e essa
passado regressa, então, na forma de impressões, saudades, melancolia e dúvidas
quanto a nunca haver desaparecido e sobrevive noutra dimensão. O mais tocante é
poder de acessá-la na força dos desejos, e mergulhar nessas recordações vizinhas
daqui tão logo querer e estirar o pensamento.
A literatura vive desse manancial que dorme junto de nós e
abre suas portas à medida do impulso de pretender assistir outro tanto daquilo
antes desaparecido. Espécie de sol da inexistência, uma clama clareia a noite
do mistério e deposita nas páginas adiante esses pequenos retalhos que ora chega
de novo a restabelecer existências onde o silêncio tomara seu lugar.
Daí, isso em tudo ao redor, nesse Universo esplendoroso da
visão interna. Pontos de fuga inestimáveis, inalcançáveis, a não ser pela
ciência do Amor que nos acompanha e oferece os instrumentos de salvar o Inconsciente
das dores de nunca mais.
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