Esse mesmo poder oculto que têm os pensamentos, também possuem as palavras, território livre entre os humanos, traços de personalidades, restrições, farpas, limites de tempo e espaço, a flutuar sobre o silêncio magistral, numa extrema determinação das circunstâncias a elas submissas. Querem vida própria a ponto de impor condições e confrontar a mesma realidade de onde nascem e desaparecem, independente da vontade dos seus usuários, a bem dizer seus submissos senhores.
Ser-se-iam meros objetos da humana criação, porquanto nada
mais significam do que objetos de utilização em casos esparsos e celebrações de
resultados parciais. Trastes velhos à medida de seu uso, tangidas aos estercos
de currais abandonados pelos protagonistas até há pouco donos de si, porém
virtudes sem maior compreensão. Daí que enchem farnéis imensos dos viajantes
desse universo restrito onde habitam e fogem na medida do tempo em movimento. Seriam
quase que apenas rastros deixados aqui no lodaçal da dúvida de onde vieram,
marcando festivais de vanguarda e noites do total isolamento dos que vivem o
abandono da Civilização.
Uns as desmerecem, porquanto idolatram o silêncio... Depois
de tudo, no entanto, arrastam consigo as sórdidas lembranças de vestais que os
admiraram até receber o custo inevitável do desaparecimento. Velem de marcos
definitivos de eras sucessivas lá onde pautaram credos e reinados nas
fulgurações de tantos reis esquecidos. Peças raras de relacionamentos, transpostos
os instantes, definem outras visões nem sempre iguais ao que antes foram.
Vez que retribuem ao pé da letra esses conceitos de gerações,
representam longas dores e prazeres inigualáveis de todos, a largá-las nesse
mar ilimitado das horas pelas florestas dos corações em movimento. De resto, refletem
quantos conceitos escreveram a História que ora some à medida em que aguardamos
novas lendas e verdadeiros sonhos.
(Ilustração: Castelo de Brennand, Recife PE).
Nenhum comentário:
Postar um comentário