Quando chegamos em Crato, eu e minha família, ano de 1953, no Centenário do Município, trouxemos malas e cuias, pois viemos afim de ficar aqui e fixar residência. Ficaríamos, nos inícios, situados na casa de meu Tio Quinco, à Rua José Carvalho entre a Santos Dumont e a Pedro II. A mim, só espanto, conquanto sempre vivera nos matos, longe de ruas e carros. Aos poucos, teria longos percursos pela frente: Conhecer de perto sorvete e picolé; aguentar as multidões e pessoas nunca vistas; desconfiar de quase tudo nas calçadas, no comércio; sair pouco e viver outra história jamais imaginada pela minha mente infantil na faixa dos quatro anos. Daí, vi acontecer, então, as minhas primeiras décadas urbanas.
Foram turnos variados. Passadas poucas semanas e fomos nos
instalar no Bairro Pinto Madeira, em um chalé de dois pavimentos, construído
por Pergentino Silva defronte ao Abrigo dos Velhos, na Rua Padre Ibiapina. Era
uma residência recuada, de terreno amplo, cercada de mangueiras e outras poucas
árvores. Ao lado, ficava a serraria da qual meu pai era sócio com Tio Quinco,
isso bem no começo da atividade madeireira, onde investira seu capital trazido
lá do Tatu, onde vivêramos.
Gradualmente, veria de conhecer a população daquele bairro
um tanto afastado do centro da cidade, vários moradores daquele rua e das
adjacências, algumas crianças de minha idade e adolescentes. Era um tempo com a
energia precária da Subestação do Lameiro, um tochinha só nos postes, a marcar apenas
o percurso das ruas.
No seguimento, vieram as escolas. Logo abaixo, na Rua
Teopisto Abath, comecei a estudar na Escola Júlio de Carvalho, mantida pela
Maçonaria. Dois anos e, na mesma rua, fui frequentar o Grupo Escolar Dom
Quintino, de onde sairia para o Ginásio Pio X, na Praça da Sé, seguindo, após o
Exame de Admissão ao Ginásio, ao Colégio Diocesano, onde concluiria o Terceiro
Grau, hoje Ensino Médio, e faria concurso para o Banco do Brasil, sendo nomeado
para trabalhar na Agência de Brejo Santo durante quatro anos.
Em 1971, pediria transferência para a agência
Centro-Salvador BA, quando permaneceria por sete anos, regressando em 1977 ao
Ceará, trabalhando na agência de Crato até a aposentadoria.
Nisto, vivencio a vida caririense, entre Crato, Juazeiro do
Norte, Barbalha, Missão Velha e Brejo Santo, todo esse tempo, sem contar as
idas a Lavras da Mangabeira, ao Tatu, no período das férias de julho, guardando
comigo experiências e saudades, motivo, muitas vezes, do que gosto de escrever
e provuro interpretar da história da Região e de seu povo, na intenção de
preservar as minhas vivências e testemunhar alguns de seus acontecimentos que
mais de perto me tocam.
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