Surpreendente a força que as lembranças retiram dos cantos do que aconteceu naqueles palcos vivos. Uma enxurrada dos pontos fixos permanece ali deixados nas encostas donde se deram, agora no formado de vivências individuais. Tantas, muitas situações vivem soltas assim pela memória, trazendo de volta, com clareza meridiana, mínimos detalhes daquilo tudo vivido naqueles lugares. Isso deixa margem à certeza de que os registros permanecem guardados para sempre diante dos acontecimentos que somem logo a seguir, e que de dentro da gente nunca mais se apartam, servindo de lições, fragmentos a serem juntos, razão do desfilar dos momentos na tela das almas aqui de fora.
Numa hora ou noutra, paro e vou só mudando os alfinetes de lugar nesse mapa da consciência, fixando em pontos diversos o que quero nisso recordar, exercício por demais valioso a que interpretar as peripécias do Destino pelos vagos das existências. São infinitas, quase, tais presenças mesmo atuais no instante que desejemos reviver, pois.
Isto sobretudo na infância, de quando atravessamos experiências inéditas, frutos do desconhecimento tantas vezes, das primeiras visões de horas e os transes inesperados. Marcam a perder de vista o sentimento através das emoções, das dores e alegrias conquanto provenientes, talvez motivo sem o qual não tivessem tamanha consistência nos charcos dessas lembranças definitivas cicatrizadas nas pessoas.
Pois bem, patrimônio inarredável conosco transportamos vidas adiante, caudal primitivo de quantas verdades dali reunidas em formato de saudades e firmes recordações. Essas marcas silenciosas é que somos nós, passageiros das estradas deste mundo, um a um, valiosas criaturas e senhores de seu passado. Disso tiramos conclusões e formamos o quanto existirá no tempo que ora significamos, depois lá de onde estivemos e das histórias que movimentamos na essência de infinitos seres em crescimento neste Chão.
(Ilustração: Brueguel, o Velho).
Seus textos sempre falam da forma que eu penso dizer...
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