O mundo é formado por muitos mundos. Uns estão conectados. Outros, não. Wim Wenders (Dias perfeitos)
Nada sendo, porém, eterno daquilo que se ver, no entanto restos dos dias desfeitos lá nas alturas do céu. Pequeninos seres que o somos, ávidos instintos em movimento, daqui nascem os sentidos na forma da permissão do que possa acontecer, escrito nas folhas secas jogadas ao vento dos finais de tarde e que forram o firmamento de sonhos na forma de nuvens já um tanto sombreadas do clarão do Sol a sumir entre as árvores no Poente. Esses tais habitantes doutras estrelas seguem destinos entrelaçados às noites de amor intenso. À força extrema de uma paixão, sustentam o desejo na forma de alimento dos deuses em si próprios, instrumentos desse entrelaçamento de novos sons ao ritmo do coração em festa.
Há nisso existências inteiras, inevitáveis, a sobrevoar o paraíso
da imaginação, vontade sacrossanta e suprema de domínio das cores vivas da
memória. Entes a bem dizer reais lhes percorrem nervos e veias, palavras
largadas no léu do tempo, deixadas ali em face das horas arredias, faceiras que
desmancham o gosto puro e simples de falar, contar dalgum segredo desfeito nos
trapos e fascínios.
Enquanto querer sem conta invade o mesmo espaço antes
adormecido, agora, contudo, feito de pequenas frestas na empanada do horizonte,
nisto o suspiro dessa fome de afeto gera o que poderia dizer gestos de novos
senhores agora inexistentes. Máquinas talvez suficientes firmam outras
histórias nunca escutadas, previstas, amáveis, surrealistas, fortes sintomas,
suspiros e gestos, razão de tudo, afinal. Uma gente ouve as falas de tantos,
murmúrio dos rios e mares, benditos, sinos, cantigas, ruídos mecânicos alimentando
os séculos. Busca persistente faz dos dias meros autores dessa epopeia, durante
a qual longa jornada de todos eles vira a página do Infinito.
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