terça-feira, 6 de agosto de 2024

Na busca da essência


Circunstâncias variadas assim norteiam avaliações periódicas mais do que oportunas nesta época de muito acontecimento e raros intérpretes fiéis. A massa noticiosa enverniza mentes, criando viciados, homens ou números, a transportar canga cotidiana quais bois de carro; paisagem onde o Estado virou mandatário pluripotente e amargo signo de aço tecnológico entre filas, decretos e conferências de cúpula...

Nestes tempos, o patrocínio dos instintos achou sua moeda de troca. Valores morais tiveram de ser adaptados às necessidades momentâneas. Detalhes minoritários pesam pouco ou inexistem nas democracias convenientes dos regimes produtivos, quais terrorismo de poder. Uma conversa nos recorda propaladas esperanças de paz.

Tem-se comentado que tudo mudou, e que as armas serão destruídas. Que verbas destinar-se-ão, dagora em diante, a financiar bens de sobrevivência e progresso (como arrependimento tardio de consciência inusitada, para não dizer impossível. Soa tal e qual).

Nisto, o grande sistema (Moloc, máquina enlouquecida) desembala histérico rumo do Poente, largando carcaças abaixo da ribanceira, fogo e carvão, céus cinzentos, explosões e desertos.

A propósito e com sua permissão, quero encaixar aqui famosa lenda, imortalizada num dos monumentos do Egito, o da Esfinge de Gizé. Certo guerreiro, que procurava o pomo da felicidade, depois de vencer os obstáculos intransponíveis, afronta monstro de aspecto feroz, corpo de animal e cabeça de gente, que lhe apresentar como um enigma (decifra-me ou te devoro):

- Quem, de manhã, caminha de quatro pés, de tarde, de dois, e, de noite, de três?

A resposta, que não poderia ser diferente:

- O homem, pois engatinha na infância; cresce a se desenvolve nas duas pernas; vindo a carecer, na velhice, de um apoio para equilibrar-lhe os passos.

Daí, vencendo o desafio, alcançaria seu objetivo e deixaria lá atrás, imobilizado em pedra, no Vale dos Reis, o belo símbolo das perquirições humanas.

Nós é que ainda não conseguimos vencer o nosso enigma desta época, tanto individual, quanto coletivo, a fim de poder conquistar os anelos da raça. Enquanto se fala numa Nova Ordem, ficamos atentos em descobrir donde virá a próxima tramoia, durante o que pagaremos as contas de festa de que não desfrutamos, nem soubemos onde aconteceu, em que reino maravilhoso, esfera ou lugar desconhecido.

 

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