Diante da visão de uma ordem no Universo, o animal pensante se aflige de ainda não viver em si a perfeição que acontece nos fenômenos em volta. Face a face consigo mesmo, tem de agir sob as limitações desse desconhecimento. Daí nasce a culpa da imperfeição que lhe atormenta dias e noites, na ânsia de lá a um tempo desvendar o mistério de ser assim, ser em fase de crescimento, porém. Nisto passa a reconhecer, gradualmente, o nível precário da impermanência que tortura as entranhas, sendo vítima de sua incúria, aprendiz das próprias precariedades.
Conquanto vítima, pois, dessa condição de pensar e chegar
apenas às raias da imaginação do Absoluto, pode vislumbrar, no auge dos
desejos, a distinção tão só em fagulhas desse ente em elaboração na alma de
todos, a fingir já dominar a qualidade que o cerca. O palco do Infinito revela
toda luz aos nossos olhos, contudo num senso restrito ao querer por vezes vazio,
que impera e machuca de saber tanto, todavia dominados pelas forças do Tempo e
do Espaço, a nos aguardar logo ali ao sabor da Eternidade inevitável.
Com isto, vêm as agruras de pertencer ao mundo interior em aprimoramento,
fruto das iniciativas pessoais e dos motivos de conhecer o que nos fará livres,
e praticar a Consciência. Vêm daí filosofias, psicologias, religiões, caminhos
abertos a quem os possa deles obter a prática e desvendar o prumo de nossa
infinitude.
Por isso, a existir no espaço constante das eras em volta,
braços abertos à realidade qual instrumentos de revelação e aceitar a pequenez
da matéria e seus prazeres imediatos, os humanos padecem a culpa das escolhas
inferiores de então, ocasionando com isto o sofrimento transitório. Este contém
a cura, porquanto afasta dos seres a vontade de querer alimentá-lo sem fim. Enquanto
isto, entre a dor e a culpa identificaremos as margens da Perfeição.
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