Pelos painéis de pensamentos, vez por outra me vejo a percorrer os submundos de outras histórias nem sempre tranquilas, algumas que machucam e trazem saudades, ou situações recentes que sobrecarregam e preocupam, etc. Nessas ocasiões, quando menos espero me vejo ouvindo as aves da mata; eles, os sabiás, nesta época, se destacam e insistem no seu trinado primoroso. Quais se chamando a novas compreensões, longe que possam ser na dimensão onde habito, revivem na gente as lembranças que fazem bem e que alimentam a alegria. Nisso, desperto, acalmo o juízo e ando nas percepções que vêm à tona e que delas por vezes esqueço. Sinto, então, mais desperto e na presença da Natureza, ouvindo vozes que acompanham meus passos lá por dentro da consciência.
Nalguns momentos desses em que a gente parece fora das manifestações que contam os segredos da existência, num sentimento de indiferença, talvez, os sentidos reclamam a si a função de testemunhar a beleza, as cores, os acordes, as luzes em volta. Não fosse assim, tornar-nos-íamos meras substâncias animadas em movimento no frio das horas. Dependentes que muitos possam ser de instrumentos, hábitos, manias, rotinas, lhes persegue indiferença agressiva que os torna visagens de si mesmos, que vagam sonâmbulas nesta civilização arrevesada.
Ou por outra, quais joguetes de forças ignoradas que padecem de uma fome crônica e nem sabem ainda de quê. Com isto, sob a lei desses mistérios, somos convidados a desvendar as razões de estar aqui, encontrar a causa do quanto há, enquanto viventes sejamos. Senhores da existência, porém aprendizes da sua finalidade, as vozes do tempo lhes conta sabores da música, do vento, dos perfumes e das emoções... (E saber que as nuvens de amanhã nunca serão iguais às de hoje). Tais lindas melodias, hão de permanecer em minha memória, guardadas com carinho desde a primeira vez que as ouvi, e também pretendo jamais esquecer o canto mavioso dos pássaros da serra, nesses meus instantes vivos nas maravilhas deste lugar.
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