Diante do espaço que agora reina sem fim como quem dialoga consigo próprio na imensidão?! porquanto foram longos os dias no aguardo de que alguém viesse revelar o segredo que dorme nas consciências. Ficaram apenas sol e chuva dos anos a fio, porém ciente de que algo chegasse, afinal, e trouxesse no ser a resposta sonhada durante todo esse tempo. Saber isto e sabia que há um sentido absoluto que a tudo revela, quando seja o grande momento. Virá numa nave silenciosa de que seria assim o instante. Estimava, no entanto, se converter da necessidade urgente, lá de quando fosse, de ouvir a sinfonia inefável dos carrilhões do Destino. E nisso alimentar todos deveres de sustentar a tese do Infinito nas agruras da dúvida e do vazio que guardara sob o senso da razão, durante tantas eras.
Nutrira a força da persistência que trouxe consigo aos pedaços desde uma primeira vez, diante das dores da solidão. O impossível falara mais alto. Dormira no relento, ao som de tantas vozes que invidira o escuro das noites e mergulhara pelo íntimo das visões inesperadas. Marcas, pois, ficaram largadas pelas horas cruas, nos surrões da Eternidade. Estrelas distantes contaram doutras existências nas suas cintilações. Os pássaros, logo cedo, nas madrugadas, acordaram as flores dizendo isso, que chegará o tempo de tudo vir à tona. O eco das ausências, que insistem viver depois do quanto viveram, também gritavam dos momentos eternos. Outros sinais disseram daquilo que viria na face das existências, que serão dias de sol intenso, de ações inimagináveis que conduzirão as caravelas do mistério a porto seguro e dominarão a voracidade deste nada resplandecente que envolve e evolui.
Aos poucos, as palavras sumirão no teto das circunstâncias e cobrirão de sentimentos felizes o trilho das constelações. Tais ritmo e melodia, composições ditas de paz far-se-ão na harmonia dos elementos em pauta, conquanto ninguém restará às portas do firmamento. Apenas isso, riscos de luz pelos ares em volta e o término definitivo do que existiu nas dobras mortais daqueles contos menores.
(Ilustração: Desenho de Janaína Lacerda).
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