Isso que vem lá de bem longe no tempo, dos inícios de tudo, de quando as casas existiam tão só em cavernas úmidas e cruas. Mesmo assim nunca ninguém imaginou deixar de acreditar no sonho dos primórdios, de chegar uma fase viver outra história. Nem que fossem lamentos das tantas ladainhas, ainda que tal sustentasse as bases da busca, que alcançassem as possíveis bases aonde eles desceriam. Nessa procura constante, nalgumas legendas antigas, que houvessem de regressar de onde foram trazidos há milênios.
A epopeia tem sido desse jeito, e sustentar as bases da
espera até saber que se aproximam de uma das distâncias do Infinito. Porquanto
isto seja o que os mantém vivos durante séculos sem fim, ouvem cantigas em
volta das fogueiras nas noites insones, litanias religiosas e gravações que
tocam no rádio. Eis o tema da sede insistente que sustém a raça inteira, que
continua à procura da sorte imaginável.
Impossível, porém, fossem quaisquer possibilidades de fuga, pois
existem muralhas intransponíveis no antes e no depois. Emparedados que o somos
nessa jornada insólita, voamos pelos ares afora. Alguns saem sozinhos perdidos
pelas florestas escuras. Outros, pelos desertos ferventes, ou nos oceanos sem
limite, horizontes monumentais. Esbarram sempre no agora, nas formas do espaço
interminável. Com isto, contam aos demais mil tradições que sumiram das suas
mentes ansiosas de alguns poucos. Olhares perpassam os céus feitos gigantescos
rastos de luz. Eles catam os primeiros sinais da hora aprazada nas escrituras e
nos mapas...
Destarte, todas as funções e os patrimônios preservam o
desejo desse reencontro febril que alimenta as civilizações. Notícias nascem
dos córregos, das bocas ressequidas e dos profetas, nas lojas e nos mercados
financeiros; que falam da vez em que descerão do firmamento os veículos da
tradição que nos envolvam todos e dominem o coro dos contentes em algum lugar
de um mistério adormecido.
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