sábado, 3 de fevereiro de 2024

O anjo libertador


Clima de extrema repressão dominava a Palestina após o sacrifício de Jesus. 
O capítulo 12, de Atos dos Apóstolos, bem retrata, num episódio marcante da vida de São Pedro, essa época encarniçada, quando os primeiros cristãos padeceram sob as garras cruéis de Herodes, filho do outro rei de igual nome que perseguira o Mestre nos primeiros tempos de sua presença na Terra.

Após haver morto Tiago, irmão de João, Herodes se voltava contra Pedro, mantendo-o no cárcere para quando viesse a Páscoa então apresentá-lo ao povo, desse modo pretendendo conquistar-lhe a confiança.

Grupos de quatro soldados se revezavam na guarda ao apóstolo mantido a ferros em cárcere de estrita vigilância. Enquanto isso, na igreja, sob o império do medo, os seguidores de Jesus se revezam em vigílias, pedindo a Deus pelo preso.

Na noite de sua apresentação à turba, como previsto pelo monarca, acorrentado, no meio de dois dos soldados que lhe montavam guarda, dormia Pedro. À porta, as outras duas sentinelas reforçavam a prisão.

No meio de intensa luminosidade, adentrou o recinto escurecido da cela um anjo, emissário da glória divina, e, silencioso, aproximou-se de Pedro a tocar-lhe o corpo e dizer:

- Ergue-te! Vamos embora! Recompõe as vestes, que agora sairemos deste lugar.

Surpreso, livre das cadeias que caíram das suas mãos, o apóstolo aprestou-se com providências imediatas, o quanto antes tratando de obedecer ao inesperado e sublime visitante.

A propósito do episódio, lido na Bíblia, se registra: Pedro, saindo, o seguia, mesmo sem compreender que era real o que se fazia por intermédio de um anjo, julgando que era uma visão.

Juntos, eles passaram pelas duas sentinelas que guarneciam a porta da masmorra, aberta de sem esforço, qual em passe mágico, sem precisar de ninguém nela tocar.

Saíram para logo se verem a andar do lado de fora, na luz fosca das ruas desertas da cidade.

Ainda sob o impacto da ocorrência inusitada, Pedro apenas se deu conta de ver o anjo a deixá-lo e seguir outra direção.

Assustando em face de tamanho prodígio, falando de si para consigo, constatou a providencial circunstância de sair ileso das malhas do perverso soberano, graças ao poder inigualável do Senhor, livre de propósitos inconfessáveis e destruidores.

Algum instante mais além, parou na sombra das casas e considerou os meios de que dispunha para fugir dos adversários. Lembrou, então, da casa de Maria, aonde os irmãos de fé tantas vezes se congregavam nos primeiros tempos, ali guiando seus passos. Ao chegar e bater no portão do pátio, causou espanto inavaliável.  

Conta o texto bíblico que aos primeiros raios do amanhecer pânico descomunal estabeleceu-se entre os soldados, tomados de pânico, temerosos das reações que o desaparecimento do prisioneiro ocasionaria. Interpelados e não justificando a ocorrência extraordinária, viram-se de imediato executados sem a mínima piedade.

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