quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Olhos de ver à noite


Qual quem apenas ver, não importa se de perto ou mais longe. Ver, apenas. Por isso, diante de tudo, afinal, eis que tocamos adiante o crivo dos que seguem, livres, pois, das limitações do passado. Falam tanto em segredos quando somos o maior deles. Aonde buscá-los aí estarão, conquanto lhes acompanhamos os passos em nós mesmos, andarilhos do deserto. Mesmo assim o andar de tudo todo tempo, nuvens a céu aberto ao sol do meio dia. Nisto a multidão segue nem sabe o quê, diante das horas pelos abismos da ausência que lhe constrange. Nesse afã de encontrar respostas a perguntas vagas o tempo voa na face do mistério de vidas e vidas. Há um sentimento de insatisfação, isto sei. A fome de construir o que quer que seja, esquecem do que aqui vêm, vagos aventureiros do Destino. Tais chamas ao vento da tarde, nutrem de ilusão a casca do pensamento, enquanto resolvem o sentido de perder a solidão. Nisso, fogem perante a vida e somem às portas do Infinito. Cáusticos senhores da humana perdição, sucumbem nas frestas de luz que de tudo recuperam. Devorados, pois, pelos laços do enigma que o trazem consigo, depois dos séculos lançam ao mar o senso da saudade e dormem tranquilos. Transcritas as normas de leis imaginárias, crescem nos próprios antares, criaturas divinas que padecem na aventura de descobrir de quantos sonhos far-se-ão as luzes do negro véu das noites sucessivas. Portanto de que nos basta contar as lendas que preenchem o desejo de desvendar o motivo da andarmos perdidos nas valas de quantas luas a cruzar os céus das madrugadas no instinto da felicidade. Isto, fragmentos de revelações guardadas no coração, transcrevam nas estradas sombrias o sabor esplendoroso das manhãs que nos aguardam de braços abertos logo cedo.

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