sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

A vontade além de mim


Quando a gente observa os que andam pelas ruas da cidade algo fala de dentro a dizer doutras histórias. Lances secretos acontecem a todo tempo, e nós, quais meros observadores, seremos um a mais nesse universo bizarro das calçadas. Poucos, todavia, levam em conta a necessidade incontrolável de viver e coexistir face a face com as estranhezas espalhadas neste chão dos dias.

Houve um tempo lá detrás quando eles mandavam na ordem e nos acontecimentos e nutriam os dizeres e calendários. Corriam soltos mundos, armados até os dentes, a fazer que conquistassem os países e trazer farnéis do que eles ali produzissem. Conflagravam os séculos quais hoje fazem os diretores de cinema a fim de vender seus produtos nas salas de exibição e nos sites a olho nu.

Gerar confrontos era de seus costumes. Saiam chão afora com as cartucheiras carregadas e tomavam de rodo os territórios, as riquezas, os bichos, as coisas e as pessoas. Diziam-se donos de tudo porque criavam os códigos a as condições de usar uma língua, esquisita de causar medo e destruir. Foram destarte quantos milênios, até chegarmos nesta fase atual de tantos tratados de paz e cooperação espalhados nas bancas.

Nisso, a imensa busca de achar aonde esconder os ossos de quantas ilusões, dos apegos exacerbados desses ditos poderosos, da fome desenfreada de gananciar a tranquilidade dos cantos perdidos. Espécie, pois, de vontade que ultrapassa planos e metas das multidões, enfurecendo de agressiva intenção a fome dos tais bichos que habitam aquele mundo interno. E prosseguem de igual modo os que lhes seguiram através das velhas entranhas. Devassam, alvoroçam, conflagram... Enormes escombros depois deixam largados nas pedras e regressam aos lares no desejo de encontrar a esperança que foram destruir. Daí o anseio de desvendar o mistério da consciência e revelar a fome devastadora de dominar essa vontade que os doidos já obtiveram a duras penas.

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