Quantas e quantas vezes sendo assim, pelos séculos intermináveis, de se saber de coisas lindas, nos sonhos, nas manhãs agradáveis, e não saber, hoje, amanhã, nos outros dias, transmiti-las em termos artísticos. Olhar os céus, o mar, a serra, o Sol; sentir a energia do som, da brisa, e não conseguir falar de tais qualidades impossíveis de caber nos pensamentos, nas palavras, nos versos, nos lápis, nas telas, nos filmes, nas fotografias...
Os mais destacados artistas, todavia, insistem e se entregam ao ofício de colher as flores do tempo e oferecê-las em forma de criação, para transmitir de mão em mão, querendo eternizar o fugidio, multiplicar o momento, dizer de tanto mistério, e buscar adquirir o poder das coisas perfeitas, trazê-las em códigos, passá-las de si adiante.
Muitos até que um pouco disso conseguem, mas mesmo sendo desse jeito, poucos são aqueles que se apercebem de tanta beleza, do tanto de poesia que transmitem os maiores artistas, a fim de passar de mão em mão os painéis luminosos da Natureza, no quadro desta vida, querendo através do sonho e da arte eternizar o fugidio, domar o indizível, multiplicar o momento, vencendo a impossibilidade de passar além do peito as maiores inspirações, as fazendo sair quase sem conseguir, lançando além das vagas doces mensagens infinitas das vagas e brisas.
Isso porque os melhores quadros nunca chegam às galerias...
Aqueles que os encontram, silenciam no sentido da beleza tanta da poesia a lhes doer dentro do peito, falando de algo que não podem passar além de si, porque não conseguem transmitir, dominar o momento, dominar o fugidio.
E ficam desse modo, a contar só as notícias daqueles melhores momentos, quadros esses que nascem das folhas soltas dos dias, nas luzes eternas da existência, porém que jamais chegam às galerias.
Diz o credo taoísmo, religião chinesa de alguns milênios passados, sujeite-se ao efeito, e não busque descobrir a natureza da causa, modo de querer paz em face de tudo que neste mundo aconteça. Feridas pedem tratamento. As palavras adormecem nos livros, almas vivas, nas luzes do sentimento leve das coisas. Ontem, amanhã, cada dia...
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