Nada melhor, no entanto, do que narrar esse episódio das histórias do sábio chinês Chuang Tzu quanto ao que denomina a felicidade dos peixes.
Numa bela manhã de primavera, passeavam Chuang Tzu e Huei Tzu pelas paisagens luminosas de verdes campos, quando, ao cruzar a ponte sobre o rio Hao, notaram o movimento dos peixinhos nas águas claras logo abaixo deles, e o primeiro comentou:
– Veja como os peixinhos nadam! Nisso consiste a felicidade do peixe.
O outro parou alguns instantes e trouxe à baila pronta indagação:
– Você não é peixe, como pode, então, querer saber o que seja a felicidade de um peixe?
Isto foi o suficiente a que o diálogo seguisse adiante:
– E você não sou eu, - disse Chuang Tzu - como pode, então, saber que eu não sei da felicidade dos peixes?
– Se eu, não sendo você, não posso saber o que sabe, - insistiu Huei Tzu - se deduz que você, não sendo um peixe, não pode saber em que consiste a felicidade dos peixes.
Chuang Tzu, calmo, manteve o silêncio pensativo, mas ainda acrescentou:
– Voltemos à nossa questão inicial. Perguntou-me como podia saber qual a felicidade de um peixe. Só essa pergunta prova que você sabia que eu sabia. Sei-o pelo que sinto aqui, agora, sobre esta ponte onde estamos.
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