Qual pelotão em ordem unida, o grupo passou silencioso, rumando às bandas da Praça da Sé, direção da Prefeitura, que à época funcionava nos altos da Cadeia Pública, hoje ocupado pelo Museu de Arte Vicente Leite.
A cena me causou espanto dada a presença forte daquela gente, homens esquálidos, sinceros, evadidos da cruel intempérie, embrenhados na sede do município quais corajosos soldados da sobrevivência.
Também da mesma fase recordo a prisão, nas matas da Serra, de um homem esquisito, de cabelos longos e desgrenhados, unhas recurvas, grandes e escuras tais garras, bigode e barba de anos a lhe encobrir a fisionomia selvagem. Denominaram-no Pai da Mata.
Por vários dias permanecera exposto à visitação popular, nas grades da cadeia, na rua Senador Pompeu, para onde acorria constante multidão. Muitas histórias circularam a seu respeito. Desconfiado e soturno, a ninguém respondia, quando interrogado, apenas fixava o vazio dos olhos enigmáticos.
Depois de uma ou duas semanas, transferiram-no para outro canto, nada mais sendo divulgado a respeito.
E quase em frente ao mesmo prédio, esquina da Praça da Sé, já nos começos da década de 60, quando instalavam a rede de água, outro fato se me gravou na memória.
Vi dali ser desenterrada uma igaçaba (urna funerária de barro, com riscos de vermelho amarelado). Na avaliação dos professores que a examinaram, servira para acondicionar despojos de chefe indígena das antigas tribos regionais.
Apenas os cacos permaneceram guardados durante algum tempo, no museu histórico da cidade, onde pude avistar algumas vezes mais.
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